
De acordo com as investigações, grupo alugava salas e até camarote no Maracanã para estimular investimentos de clientes. Polícia do RJ investiga financeira que pode ter causado prejuízo de até R$ 30 milhões
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga uma empresa acusada de lesão financeira. Quatorze vítimas já procuraram os agentes para fazer denúncias. O número pode ser maior, já que os investigadores estimam que o grupo possa ter arrecadado mais de R$ 30 milhões.
De acordo com a Delegacia de Defraudações, a empresa procurava clientes e prometia ganhos financeiros bem acima dos valores de mercado. Um grupo de clientes denuncia a Multiply Serviços de Investimentos e Aplicações Ltda., a Multiply Corretora de Benefícios Ltda. e a Multiply Instituição de Pagamentos Ltda.
As investigações começaram em fevereiro.
O servidor público Thiago Moraes conta que investiu cerca de R$ 120 mil e recebeu retorno de 4,2% ao mês por um ano. Ele convenceu amigos e parentes a entrar no negócio e ainda resolveu investir mais dinheiro: outros R$ 70 mil.
“Houve a rentabilidade para várias pessoas, que adquiriram confiança. Tive a rentabilidade por um ano, tanto que reinvesti R$ 70 [mil] e ao reinvestir, em setembro do ano passado, era para vir em outubro, e não veio”, contou Thiago.
O consultor financeiro Jardel Vilela conta que também foi enganado. Ele afirma que os golpistas prometiam investir o dinheiro no exterior e perdeu R$ 70 mil.
“Falaram que era investimento de renda fixa em multimercado, lá fora, e tinha confiança de gerente de outros bancos. Eles falaram que o dinheiro estava preso lá fora, que iriam devolver dia 20 de dezembro, e não foi devolvido”, afirmou Jardel.
O advogado que representa o grupo afirma que a empresa não responde mais os clientes.
“Tentamos conversar com representantes da empresa, usamos meios extrajudiciais na resolução de conflitos. Mas a empresa mostrou-se inerte, não está a fim do diálogo, ingressamos com medidas judiciais, bloqueios e outras medidas cabíveis no caso”, afirmou o advogado Josafá França.
Cliente conta que empresa o levou para camarote no Maracanã para convencê-lo a investir
Reprodução/ TV Globo
De acordo com as investigações, os suspeitos abriram contas, criaram empresas e alugaram salas comerciais com a finalidade de dar uma impressão de honestidade.
O empresário Diego Holanda conta que foi recebido no camarote da financeira em um jogo do Flamengo no Maracanã.
“Você recebe um convite de camarote no Maracanã, não é qualquer um que tem documento para o camarote. O que falta? Não falta nada. Fui lá e fechei o investimento”, contou.
Ele relata que também teve perdas com a empresa.
O delegado responsável pelo caso ouviu Natham Silva Veludo Frazão que, em depoimento, disse que é o único sócio da Multiply. À polícia, ele disse que perdeu o dinheiro dos clientes em uma aplicação no exterior.
Até a última atualização desta reportagem, a defesa da Multiply e de Nathan Silva Veludo Frazão não havia se manifestado.