“Se eu for falar que não tenho medo, é loucura”, diz pernambucano que viu “chuva de mísseis” iranianos contra Israel


Brasileiro teve que se esconder em quarto anti-bombas durante os ataques com drones em Berseba. Imagens mostram domo de ferro interceptando drones iranianos no céu de Tel Aviv
Há 10 anos vivendo em Berseba, cidade ao sul de Israel, o pernambucano Kaleb Bensaud Bensossan, de 51 anos, disse que nunca viu um bombardeio tão grande à região quanto os ataques com mísseis e drones do Irã (veja vídeo acima), em resposta à destruição do consulado iraniano na Síria, no início do mês.
“A sirene tocou por duas vezes, em cada uma delas por mais de 10 minutos. E durante todo esse tempo, era chuva de míssil”, contou Kaleb ao g1.
Durante esses períodos de ataque, ele e a família se esconderam em um quarto anti-bombas, construído com aço e concreto para resistir a eventuais explosões no prédio de nove andares em que vivem. O edifício não foi atingido.
“Se eu for falar que não tenho medo, é loucura. Mas é igual estar num trem com todo mundo ali, seu destino é o mesmo do pessoal. Você vai se irmanar com a situação”, afirmou.
O pernambucano Kaleb Bensaud Bensossan vive com a família em Berseba, cidade ao sul de Israel
Reprodução/WhatsApp
O pernambucano diz confiar na capacidade da defesa área israelense, que intercepta os mísseis ainda no ar, e no apoio tático de potências do ocidente como EUA e Reino Unido. Por isso, afirma que não deseja voltar ao Brasil, mesmo após a escalada do conflito.
Formado em direito e funcionário de uma empresa de tecnologia, Kaleb diz que a cidade em que vive está 70% dentro da normalidade neste domingo (14). Ele foi trabalhar normalmente, mas vários colegas preferiram ficar em casa.
“Em algumas regiões de fronteira, como no norte, que é mais próximo da Síria, algumas atividades foram suspensas”, disse.
Irã dispara drones contra Israel
Arte/g1
Kaleb diz que seu maior temor é pelos filhos. Dois deles, Ester, de 18 anos, e Samuel, de 15, vivem com ele em Berseba, mas a filha mais velha, Rebeca, de 21 anos, trabalha como policial de fronteira na Cisjordânia, território árabe a leste de Israel.
Apesar do receio, a expectativa dele é de que os dois países não vão entrar em uma guerra aberta, porque isso não seria do interesse nem do Irã, nem de Israel, inclusive por causa de questões políticas como a eleição americana. “Um dia vai ter essa guerra, mas acho que não ser dessa vez”, afirmou.
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