Superlotação e demora no atendimento causam confusão no Hospital Cidade Tiradentes; mulher acusa segurança de bater em paciente durante tumulto


No corredor da ala de internações, pacientes ficam em macas e cadeiras. Secretaria Municipal da Saúde afirmou que vai apurar a confusão. Pacientes e funcionários se envolvem em confusão no Hospital Cidade Tiradentes
Pacientes e funcionários do Hospital Cidade Tiradentes, na Zona Leste de SP, envolveram-se em uma confusão na noite deste domingo (15) por causa da superlotação e demora no atendimento do Pronto- Socorro. Um segurança do local foi acusado de agredir uma paciente.
Um vídeo registrou o momento da confusão. Nas filmagens, em meio a um empurra- empurra de funcionários e pacientes, é possível ver uma mulher gritando para um segurança afirmando que ele bateu em uma outra paciente. O homem pede calma. (Confira acima).
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Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde afirmou que vai apurar a confusão (Confira íntegra abaixo). Já a Secretaria da Segurança Pública disse que não encontrou registros do caso.
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A TV Globo esteve no local nesta segunda-feira (15) e presenciou a superlotação causada pelo aumento no número de casos de dengue, Covid e gripe. Segundo relatos de quem buscava atendimento, o tempo de espera chega a 4 horas e os funcionários não prestam esclarecimentos das razões para a demora.
“E ainda a gente vai lá, tenta se informar e eles tratam a gente muito mal, não passam informação de ficha de nada”, conta uma paciente.
Já na ala de internações, a sobrecarga também é um problema. Nas imagens registradas pela TV Globo, pacientes estão aglomerados nos corredores, em macas e cadeiras.
Ala de internações do Hospital Cidade Tiradentes tem superlotação em ala de internações com macas no corredor
Reprodução/TV Globo
Além da falta de estrutura para o número de pessoas, uma pomba também foi vista junto com quem buscava atendimento no PS.
A SMS também foi questionada sobre essas questões, mas a pasta não respondeu até a última atualização desta reportagem.
O que diz a prefeitura
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) pediu na sexta-feira (5) que pacientes que enfrentam longas filas de espera por atendimento em Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de São Paulo tenham “compreensão” porque “a crise da dengue está passando”.
Prefeito Ricardo Nunes pede ‘compreensão’ a quem enfrenta UPAs lotadas em SP
“Nós estamos num momento de epidemia [de dengue]. Evidentemente a gente tem que dar atendimento, mas é preciso ter um pouco de compreensão, porque, inclusive, os equipamentos privados também estão com um movimento grande de pessoas. Tá passando. A gente fez um grande trabalho de combate à dengue e a gente espera que a gente possa reestabelecer [a normalidade do atendimento]”, afirmou.
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Nas últimas semanas, por conta do aumento de casos de dengue, Covid e gripe, pacientes têm enfrentado muitas horas de espera para receber atendimento.
O prefeito de SP disse que espera uma diminuição dos casos de dengue com o fim do verão e, portanto, a diminuição da demanda pelos serviços de saúde na cidade já no mês de maio.
Pacientes à espera de atendimento na UPA do Jardim Ângela, na Zona Sul de São Paulo, nesta terça-feira (27).
Reprodução/TV Globo
“Realmente, a crise da dengue a gente vai estar chegando a um platô agora em abril, até por conta da questão climática. Passando o verão, diminuem os casos. Nós temos 37 tendas, onde tem médicos e enfermeiros, além de testes rápidos contra a dengue nas 400 UBSs da cidade. Ou seja, a cidade de SP ampliou bastante a oferta de serviço. Mas, lógico, você numa epidemia tem uma demanda muito grande de pessoas buscando os equipamentos de saúde”, afirmou.
“Sei que é [uma situação] difícil, mas como prefeito preciso ser muito sincero: fizemos a lição de casa. Abrimos 37 tendas, inaugurei 11 UPAs, fizemos ampliação de mais 500 médicos, além do que já tinha, mas a epidemia trouxe um volume muito grande de pessoas para atendimento”, completou.
Ao falar da situação do sistema de saúde da capital Ricardo Nunes pede compreensão à população
No início do mês, em uma UPA no Grajaú, na Zona Sul da capital, pacientes se revoltaram e tentaram invadir a sala de espera e trocaram socos com seguranças da unidade.
Sobre a confusão, o prefeito disse que havia seis médicos atendendo no momento das brigas, mas novamente justificou a demora de mais de seis horas para atendimento à epidemia.
“Me parece que o acontecido lá na UPA Antonieta, a gente tinha uma pessoa que estava um pouco exaltada. Naquele momento a gente tinha seis clínicos em atendimento. Você há de considerar que não é um número pequeno, mas quando tem muita gente procurando por conta da epidemia, lógico que a gente precisa ter uma certa compreensão”, afirmou.
Nunes falou com a imprensa após participar de uma cerimônia de comemoração dos 80 anos da Polícia Federal do Brasil, ao lado de autoridades estaduais e membros do Judiciário e das Forças Armadas, na manhã desta sexta-feira (5).
Secretário de Saúde de SP pede ‘paciência’ aos pacientes que enfrentam superlotação e UPAs e hospitais
A “paciência” também foi pedida pelo secretário municipal de Saúde, Luiz Carlos Zamarco, em 25 de março.
“Nós pedimos um pouquinho de paciência para a população. Mas o importante é que nenhum paciente no município de São Paulo fica sem atendimento. Todos que chegam em qualquer serviço de saúde vão ser atendidos. O médico vai atender, ele vai receber a medicação que precisa e ter o diagnóstico que ele precisa”, disse Zamarco.
Também em março, no dia 18, o prefeito decretou situação de emergência para a dengue, o que, em tese, deveria facilitar e acelerar a contratação de profissionais de saúde e leitos.
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