Polícia instaura inquérito para investigar professor da USP denunciado por assédio moral e sexual em Ribeirão Preto, SP


Caso é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher. Vítimas relatam toques físicos e convites inapropriados. Polícia de Ribeirão abre inquérito para investigar professor da USP suspeito de assédio
A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Ribeirão Preto (SP) instaurou inquérito policial para investigar o professor José Maurício Rosolen, do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), da Universidade de São Paulo (USP) após denúncias de assédio moral e sexual.
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Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que a polícia realiza diligências para esclarecer os fatos, mas não passaria detalhes do caso.
Departamento de Química da USP Ribeirão Preto
Jefferson Severiano Neves/EPTV
Rosolen é alvo de um processo administrativo disciplinar da USP, que decidiu pelo afastamento dele da instituição por 180 dias. A decisão foi baseada em uma apuração preliminar realizada pela universidade.
De acordo com informações do Portal de Serviços da USP, o processo foi aberto no dia 4 de setembro de 2024. Uma denunciante, que preferiu não se identificar, informou que uma lista com o nome de 16 mulheres que acusam o professor de assédio foi enviada para a comissão responsável.
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O g1 falou com duas ex-alunas do docente e elas relataram diversos episódios de assédio, que variam entre moral e sexual, e vão desde convites para a academia até viagens.
A EPTV, afiliada da TV Globo, entrou em contato com o professor nesta sexta-feira (14), mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
O professor José Maurício Rosolen foi afastado da USP e é investigado pela polícia após denúncias de assédio moral e sexual de ex-alunas em Ribeirão Preto, SP
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Convites inapropriados
Uma ex-aluna contou ao g1 que os primeiros episódios de assédio por parte do professor começaram na primeira semana em que ela começou no grupo de pesquisa, em 2024.
“Logo na primeira semana já começaram umas coisas muito esquisitas, alguns comportamentos inadequados. Ele me chamando para fazer ginástica com ele na USP, me cobrando para ir com roupa de ginástica”.
A ex-aluna salvou uma das conversas em que ele faz o convite e pede para ela ir com roupa de ginástica. Veja na imagem abaixo:
Troca de mensagens mostra professor da USP em Ribeirão Preto pedindo para que sua aluna vá com roupa de ginástica
Arquivo Pessoal
A ex-aluna lembra também do dia em que o professor a convidou para uma viagem internacional, para visitar um fornecedor do estudo que eles trabalhavam na época. O docente informou que apenas os primeiros dois dias seriam de trabalho e depois eles poderiam passear.
“Nessa época, minha bolsa [de estudo] ainda não tinha caído e daí ele falou ‘eu sei que você ainda não tem bolsa, eu consigo pagar sua passagem com o dinheiro do meu projeto, mas eu não tenho dinheiro para pagar diária pra você. Mas não tem problema, porque a minha diária como professor é muito boa, eu pego um quarto de hotel e a gente divide, eu sou solteiro, você é solteira, não vejo problema nenhum’.”
A ex-aluna conta que no mesmo dia do convite para a viagem começaram os ‘contatos’ físicos. O primeiro foi no carro, enquanto eles iam para a oficina da USP levar uma peça de metal.
Na tentativa de evitar ficar sozinha com ele, convidou colegas de pesquisa para acompanhá-los. No entanto, o professor insistiu que eles ficassem no laboratório.
“Quando chegou no estacionamento da oficina ele foi me mostrar o que ele queria fazer na peça. Era uma peça grande, comprida que eu estava segurando, em vez de ele apontar pra o que ele queria fazer, ele colocou a mão dele sobre a minha, fez um carinho e depois ele subiu para peça, pra explicar. Eu já fiquei nervosa, comecei a chorar, pensei em desistir”.
‘Contatos’ físicos
Ao g1, outra ex-aluna de pós-doutorado comentou sobre situações semelhantes que passou enquanto convivia com o docente em 2022.
“Ele gostava muito de tocar em lugares que não precisava tocar, passar por você e tocar em você, ele gostava de tocar na cintura, gostava de uma aproximação maior”.
De acordo com essa ex-aluna, o docente tem uma ‘fama’ na faculdade por conta desses comportamentos.
Na tentativa de evitar novos episódios de assédios, os próprios alunos começaram a se ‘proteger’, mas ela diz que a atitude não era suficiente para inibir episódios de assédio.
“A gente tinha um acordo tácito de não deixar mulheres sozinhas com ele no laboratório. Teve uma vez que estavam só eu e um outro rapaz, também pós-doc, e o Rosolen pediu para ele buscar alguma coisa, só que não explicou direito o local e eu acabei ficando com ele uns 15 minutos. Quando esse pós-doc voltou, ele [o professor] estava quase no meu colo”.
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