
Profissionais dão suporte emocional e espiritual que se estende à família, sem interferir no trabalho realizado pela equipe médica. Anos atrás, escrevi sobre as doulas do fim de vida, uma atividade que vem crescendo no exterior mas que, no Brasil, se limita a profissionais que acompanham gestantes, durante a gravidez e no parto – embora muitos médicos não aprovem essa assistência. Nos Estados Unidos, entre 2019 e 2024, seu número passou de 250 a 1.500, de acordo com a NEDA (National End-of-life Doula Alliance), uma das principais entidades que as representam. No Reino Unido, são inclusive reconhecidas pelo NHS, o sistema público de saúde do país.
Doulas de fim de vida: suporte para as pessoas e familiares fora do tratamento médico
Peggychoucair para Pixabay
E quais são suas atribuições? Não apenas fazer companhia e garantir o máximo de conforto para o paciente diagnosticado com uma doença terminal ou enfrentando a iminência da morte. Elas dão suporte emocional e espiritual que se estende à família – afinal, para cônjuges, filhos e amigos, é difícil ouvir seu ente querido falar sobre o medo do fim que se aproxima – e se encarregam de detalhes para criar um ambiente acolhedor, como escolher as músicas e aromas preferidos da pessoa.
Não há interferência no trabalho realizado pela equipe médica, que está focada nos aspectos físicos do paciente. Há famílias que recorrem às doulas para também auxiliar no processo de luto. A repórter Hyacinth Empinado, da revista STAT, entrevistou a reverenda Beth Stotts, que, desempenhando essa função, encontrou uma nova forma de ajudar seus fiéis:
“Há um leque enorme de coisas que podem ser feitas para apoiar quem está morrendo e sua família. Desde os arranjos necessários para o enterro até promover reconciliações, sem contar os pequenos detalhes relativos aos momentos finais da vida”, afirmou.
Para a religiosa, a morte faz parte do seu trabalho. “É um dos momentos mais vulneráveis do ser humano e quero poder contribuir de todas as formas”, explica Stotts, que atua em Bridgewater (Massachusetts) e fez a formação de doula em 2022, na Universidade de Vermont.
‘Tô na Fila’: conheça o que faz a profissão de doula