Senado dos EUA votará projeto para bloquear tarifas de Trump


Se aprovada, medida pode encerrar a emergência nacional declarada pelo presidente norte-americano e usada como base para a aplicação das tarifas globais de 10% sobre os parceiros comerciais do país. Trump fala com jornalista a bordo do Air Force One, durante viagem para Miami, na Flórida, em 3 de abril de 2025
Reuters/Kent Nishimura
O Senado dos Estados Unidos deve votar ainda nesta quarta-feira (30) uma resolução para bloquear uma série de tarifas do presidente norte-americano, Donald Trump, em meio às sinalizações de uma economia mais fraca no país.
Nesta quarta-feira, o Departamento do Comércio dos EUA indicou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país caiu 0,3% no primeiro trimestre deste ano, abaixo da estimativa dos analistas, de alta de 0,3%. O resultado também marca a primeira contração da atividade norte-americana em três anos.
A medida foi apresentada pelo senador democrata Ron Wyden como uma resolução privilegiada, que requer uma votação da câmara liderada pelos republicanos.
Se aprovado, o projeto encerraria a emergência nacional declarada por Trump e que foi usada como base para a aplicação das tarifas globais de 10% sobre parceiros comerciais dos EUA e das tarifas recíprocas mais altas sobre 57 parceiros comerciais, incluindo a União Europeia.
Há algumas semanas, quatro senadores republicanos se juntaram aos democratas para aprovar um projeto de lei semelhante, com o intuito de acabar com as novas tarifas sobre o Canadá. Nesse caso, a expectativa é que ao menos dois republicanos apoiem a resolução.
PIB dos EUA tem queda de 0,3% nos primeiros meses do mandato de Trump
O coautor da resolução é o senador republicano Rand Paul, do Kentucky, um crítico ferrenho da política tarifária de Trump. A senadora Susan Collins também afirmou que pretende apoiar a medida.
“Não é perfeito. Acho que é muito amplo. Mas envia a mensagem que eu quero passar: que realmente precisamos ser muito mais discriminatórios na imposição dessas tarifas e não tratar aliados como o Canadá da mesma forma que tratamos adversários como a China”, disse Collins, do Maine, a repórteres.
Wyden disse que muitos republicanos podem não apoiar sua medida por medo de serem atacados por Trump.
“Eles podem ficar do lado de seus eleitores que sentem que essas tarifas os estão atingindo como um martelo. Ou podem dizer: ‘Bem, Donald Trump pode ser cruel comigo, então não vou votar a favor'”, disse o democrata do Oregon.
A medida anterior, que teve vários patrocinadores republicanos, não foi aprovada na Câmara dos Representantes controlada pelos republicanos, que no mês passado bloqueou a capacidade do Congresso de agir rapidamente para contestar as tarifas de Trump.
A Casa Branca ameaçou vetar a resolução na segunda-feira, dizendo que ela prejudicaria a segurança nacional e econômica.
O Departamento de Comércio informou na quarta-feira que a economia dos EUA contraiu a uma taxa anualizada de 0,3% nos primeiros três meses de 2025, o primeiro declínio desde o primeiro trimestre de 2022, em meio a uma enxurrada de importações, enquanto as empresas corriam para evitar custos mais altos com tarifas.
O relatório econômico, que forneceu a primeira evidência tangível dos efeitos econômicos das tarifas de Trump, ocorreu após semanas de turbulência nos mercados de valores mobiliários dos EUA e no dólar, geradas por temores de aumento de preços e relações comerciais interrompidas com grandes parceiros, incluindo Canadá e México.
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