EUA vão encerrar produção de moedas de um centavo


Plano prevê eliminação gradual da produção em 2026. A expectativa é que, com a mudança, o governo tenha uma economia anual de US$ 56 milhões. Presidente dos EUA, Donald Trump, durante cerimônia no Salão Oval da Casa Branca, em Washington D.C..
Pool via AP
O governo dos Estados Unidos anunciou que vai encerrar a produção da moeda de um centavo no país, segundo plano divulgado pelo Departamento do Tesouro norte-americano nesta quinta-feira (22). A decisão vem em meio a preocupações com os altos custos de fabricação da moeda.
Segundo o comunicado oficial, o departamento fez seu último pedido de moedas de um centavo em branco neste mês. A expectativa é que a circulação de novas moedas de um centavo, chamadas de “pennies” pare no início de 2026.
Em fevereiro, o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou ao secretário do Tesouro, Scott Bessent, que interrompesse a produção da moeda, classificando os gastos com sua fabricação como um “desperdício”.
Nas últimas semanas, parlamentares republicanos e democratas apresentaram projetos de lei, tanto na Câmara dos Representantes quanto no Senado, propondo o fim da produção das moedas de um centavo.
Com a mudança, empresas precisarão arredondar os preços de transações em dinheiro para o valor mais próximo em múltiplos de cinco centavos, à medida que os centavos forem gradualmente saindo de circulação.
O plano de eliminação progressiva foi inicialmente revelado pelo jornal “Wall Street Journal” e posteriormente confirmado à Reuters por um porta-voz do Tesouro.
De acordo com o departamento, o custo de produção da moeda subiu de 1,3 centavo de dólar para 3,69 centavos de dólar por unidade nos últimos dez anos. A estimativa é de que a interrupção da produção gere uma economia imediata de US$ 56 milhões por ano (o equivalente a R$ 315,8 milhões).
Emitido pela primeira vez em 1793, o centavo passou a exibir o perfil do presidente Abraham Lincoln em 1909. Atualmente, a moeda é composta por zinco e cobre.
O futuro do centavo tem sido debatido há anos nos Estados Unidos. Seus defensores argumentam que ele ajuda a manter os preços ao consumidor mais baixos e serve como fonte de arrecadação para instituições de caridade. Já os críticos o consideram obsoleto, acumulando-se em gavetas, cinzeiros e cofrinhos.
Atualmente, estima-se que cerca de 114 bilhões de moedas de um centavo estejam em circulação no país.
Preocupação com os gastos públicos
O anúncio da decisão vem em meio a uma série de preocupações com o quadro fiscal norte-americano, que há ano tem registrado déficits (despesas maiores do que receitas).
Nesta quinta-feira (22), a Câmara dos Deputados do país aprovou um amplo pacote de cortes de impostos proposto por Trump — o que aumentou as preocupações do mercado financeiro com a sustentabilidade das contas públicas por lá.
O projeto visa tornar permanentes os cortes nos impostos sobre a renda individual e heranças, aprovados durante o primeiro mandato de Trump, em 2017. Também incorpora promessas de campanha feitas em 2024, como a isenção de tributos sobre gorjetas, horas extras e juros de determinados financiamentos de veículos.
Além disso, a proposta também destina recursos à política de repressão à imigração defendida por Trump, prevendo a contratação de dezenas de milhares de agentes de fronteira e a capacidade de deportar até 1 milhão de pessoas por ano.
A estimativa é que as medidas acrescentem aproximadamente US$ 3,8 trilhões (R$ 21,4 trilhões) à atual dívida federal dos EUA, que já soma US$ 36,2 trilhões (R$ 204,1 trilhões).
Ideia havia sido ventilada por Musk
A ideia de acabar com as moedas de um centavo nos Estados Unidos já havia sido ventilada pelo Departamento de Eficiência Governamental do país, então comandada pelo bilionário Elon Musk, no começo do ano.
Em janeiro, Musk já havia indicado que o custo de produção das moedas é três vezes maior do que seu valor de face, o que teria feito os EUA terem registrado um gasto público de US$ 179 milhões (aproximadamente R$ 1 trilhão) no ano fiscal de 2023.
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