
Polícia Civil orienta sobre a importância de registrar boletim de ocorrência assim que o desaparecimento é identificado, sem precisar esperar dar 24 horas. Estudo aponta que uma pessoa desaparece a cada seis minutos no Brasil
Mais de 70 mil pessoas desapareceram no Brasil em 2024. Dessas, 20 mil são crianças e adolescentes, segundo dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública. Na região de Itapetininga (SP), famílias vivem a angústia de ter uma notícia sobre a pessoa desaparecida.
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Janete Aparecida Carriel é exemplo da dor sentida pela falta de respostas. Moradora de Boituva (SP), ela segue em busca do filho Cleiton Cristiano de Souza, de 36 anos, desaparecido desde setembro de 2023. “A última vez que ele ligou pra mim, pediu a roupa pra ir pro rodeio. Depois, nunca mais. Nenhuma ligação, nenhum nada”, lamenta.
“Mudei daqui (do endereço), fui embora, mas voltei pra cá de novo, pois se ele voltar, eu vou estar aqui, esperando por ele. Peço pra ele, se tiver me ouvido, que volte, pois tô esperando ele de braços aberto”.
Janete Aparecida Carriel segue em busca do filho Cleiton Cristiano de Souza em Boituva (SP)
Reprodução/TV TEM
O caso é investigado pela polícia. Enquanto a família espera por notícias dele, a mãe sonha com o reencontro. “Não tem um dia se quer que eu não lembre dele, que eu não chore, não sinta saudade. Meu coração ‘sangra’, é um desespero.”
A Polícia Civil orienta sobre a importância de registrar boletim de ocorrência assim que o desaparecimento é identificado pela família, sem precisar esperar dar o período de 24 horas, para ajudar nas investigações.
Desaparecidos na região
Outras famílias da região, também vivem as preocupações e incertezas com o desaparecimento de um parente. Em Itaí (SP), as buscas são por Luiz Carlos Baldin, de 58 anos. Ele sumiu em fevereiro de 2025.
Em Buri (SP), Pedro Dário Ferreira de Melo Filho, de 27 anos, foi visto pela última vez no dia 31 de janeiro deste ano. Enquanto em Cerquilho (SP), as buscas são por Regiane Abreu Oliveira, de 33 anos. Ela desapareceu também em janeiro e estava grávida, na época. Segundo a família, Regiane tem esquizofrenia.
Sobre os desaparecidos citados, a Secretária de Segurança Pública (SSP) informou que os casos seguem em investigação pelas delegacias dos municípios de Itaí, Buri e Cerquilho. “As equipes das unidades seguem empenhadas nas diligências para localizar os desaparecidos e esclarecer todas as circunstâncias envolvidas.”
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Há aproximadamente um mês, o Governo Federal lançou a cartilha “O que fazer quando alguém desaparece?” para orientar famílias que enfrentam o desaparecimento de uma pessoa. A primeira recomendação é que seja feito imediatamente o registro da ocorrência na delegacia de polícia mais próxima.
A cartilha complementa a campanha “Não espere 24h”, lançada ano passado, para conscientização do registro também imediato sobre o desaparecimento de crianças. Segundo a Polícia Civil, uma pessoa pode ser considerada desaparecida após uma mudança repentina na rotina.
Governo Federal lançou a cartilha “O que fazer quando alguém desaparece?”
Reprodução
Investigação policial
Nesse caso, a família deve reunir informações que possam ajudar nas investigações. “Liguei para amigos, colegas, visitei hospital e não consegui (mais informações), é o momento de registar o desaparecimento”, reforça o delegado de Itapetininga (SP), Luiz Henrique Nunes.
“O número do celular é muito importante. Se tiver o e-mail do aparelho é mais útil ainda. O celular é um grande aliado para essas investigações de desaparecimento. Além disso, o contato com amigos, câmeras de segurança dos locais que (a pessoa) costuma passar”, continua.
Delegado Luiz Henrique Nunes de Itapetininga (SP)
Reprodução/TV TEM
No fim de maio, o corpo de Marcus Vinicius Custódio Vasconcelos, de 26 anos, foi encontrado em Ourinhos (SP). O homem era de Piraju (SP) e ficou desaparecido por mais de três dias.
Já Matheus Henrique de Campos, de 19 anos, ficou desaparecido por uma semana, em Tatuí (SP). A mãe registrou boletim de ocorrência e a polícia começou as investigações. Em 19 de maio, o corpo do rapaz foi encontrado, enquanto o suspeito de 21 anos, que se dizia amigo de Matheus, confessou o crime e foi preso.
O delegado Luiz Henrique Nunes destaca que alguns casos de desaparecimentos podem se tornar crime e, por isso, é importante avisar a polícia o quanto antes. “Após o registro da ocorrência, é encaminhado para a DIG (Delegacia de Investigações Gerais), que inicia investigações para a localização desta pessoa”.
“Nós tivemos casos, inclusive na nossa região, em que o registro do desaparecimento foi o que conduziu a investigação e o esclarecimento do homicídio daquela pessoa”, finaliza o delegado.
Delegacia Seccional de Itapetininga (SP)
Carla Monteiro
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