Pacientes com diabetes sofrem com a falta de insulina na rede pública de saúde em Sorocaba


Segundo os moradores, além da insulina, insumos para compor o ‘kit’ de tratamento para a doença também estão em falta; a situação é investiga desde 2019 pelo Ministério Público que abriu uma ação contra o estado de SP. Moradores da região de Sorocaba reclamam da falta de insulina em farmácia de alto custo
TV TEM
A falta de insulina na farmácia de alto custo de Sorocaba (SP) tem preocupado os pacientes. Pessoas com diabetes vão ao local e não conseguem retirar o medicamento, que é essencial para o tratamento e para a qualidade de vida.
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Os pacientes afetados fazem tratamento para diabetes tipo 1, a mais severa da doença, que é tratado com reposição de insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas para controlar o nível de glicose no sangue.
Moradores relataram à TV TEM que, além da insulina, alguns insumos que alimentam a bomba de infusão, como reservatório da insulina, sensores de glicose, tiras de monitoramento e cateter, que liga a bomba até o corpo para enviar a medicamento, também estão em falta.
Moradores da região de Sorocaba reclamam da falta de insulina em farmácia de alto custo
Lorrayne Prosdocimi sofreu complicações por causa do diabetes que trata desde criança e aguarda por um transplante de rim e pâncreas há um ano. Segundo ela, que faz diálise duas vezes na semana, o maior problema é a falta de insumos enfrentada recentemente.
“Comigo vem acontecendo a mais ou menos cinco anos, a falta do kit completo. Eu faço uso da bomba de insulina e esse kit nunca vem, sempre vem faltando alguma coisa. Às vezes vem a falta de insulina, que é o básico do básico”, desabafa.
O engenheiro civil Vinicius Espigares afirma que neste ano não pegou nenhum kit para tratar a doença. Os itens duram um mês. “Todos os insumos são essenciais para o tratamento da diabetes. Tem mês que vem insulina, tem vez que só vem cateter, reservatório, então o tratamento fica incompleto”, lamenta.
Moradores da região de Sorocaba reclamam da falta de insulina em farmácia de alto custo
TV TEM
Para lidar com a falta de insumos, o autônomo Isac Wilson tem racionado o medicamento. À TV TEM, ele relata que precisa de sete frascos de insulina por mês, mas que não tem recebido nem metade do necessário.
“Eu tenho que tirar do meu tratamento para estar fornecendo para o meu filho para ele não estar passando mal igual muita gente está passando por falta de medicamento aqui na farmácia de alto custo. Eu faço a divisão em casa de todos os medicamentos para ninguém passar mal, ninguém precisar ir parar no hospital”, diz.
Falta de medicamento traz danos
Segundo a médica endocrinologista Tatiana Camargo, ficar sem insulina traz danos a curto e longo prazo, causar infecções, afetar a função dos rins, entre outros.
“Pode evoluir para um caso de cetoacidose, que é uma complicação que se não for tratada emergencialmente pode ser fatal, porque a pessoa pode ter desde distúrbios hidroeletrolíticos até estado de coma, como complicações”, explica.
Em nota, o Departamento Regional de Saúde de Sorocaba informou que o processo para aquisição de insulinas está em fase de licitação. Os pacientes cadastrados no sistema estadual para dispensação do insumo serão avisados quando o medicamento estiver disponível para retirada.
MP abriu ação contra o estado
O Ministério Público move uma ação civil pública contra o estado de São Paulo devido ao agravamento dos problemas na distribuição de medicamentos para diabéticos na cidade.
A situação é investigada desde 2019 por meio de um inquérito aberto pela promotora Cristina Palma. Como o problema piorou nos últimos anos, o inquérito evoluiu para ação, procedimento que busca proteger o patrimônio público e garantir direitos sociais da população.
No procedimento investigativo, o Departamento de Saúde informou que o panorama da falta de medicamentos e insumos já era bastante crítico e preocupante no município. Disse ainda que todos os itens essenciais para o controle dos pacientes diabéticos estavam em situação irregular pela desarmonia entre o estoque e o consumo mensal.
A promotora ressalta que a maioria desses itens ainda estava em processo de compra e outros estavam para ser entregues, contudo, mesmo os medicamentos que seriam remanejados, não seriam suficientes para suprir a demanda.
Segundo o estado de SP, o percentual de entrega de medicamentos para pacientes diabéticos de Sorocaba foi o seguinte:
2017 – 99,67%;
2018 – 87,66%;
2019 – 100%;
2020 – 99,99%;
2021- 87,05%.
Na época em que o caso foi divulgado pelo g1, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que foi notificada sobre a tramitação e que está realizando um levantamento para análise.
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