RJ2 bateu na porta da mulher que vive em uma comunidade, recebe Bolsa Família, mas no papel é a presidente da Globo Soluções Tecnológicas, citada em investigação da CGU. O.S contratada por R$ 40 milhões subcontratou outra empresa para fornecer equipamentos
Uma organização social que foi contratada pelo governo do estado por R$ 40 milhões para dar aulas para idosos, sem licitação, subcontratou uma empresa para fornecer equipamentos. A Controladoria Geral da União (CGU) suspeita que tanto a OS quanto a empresa são do mesmo grupo, suspeito de usar laranjas.
A suposta empresa de fachada, a Globo Soluções Tecnológicas, fica em Madureira, na Zona Norte do Rio, em um dos acessos ao Morro do Cajueiro.
A empresa recebeu R$ 650 mil dos cofres do governo do estado e é citada numa investigação da Controladoria Geral da União (CGU), para quem o endereço é uma área de difícil acesso.
No começo da Rua Tatuí, onde está registrada a sede da companhia, uma barricada dificulta a chegada. Na parede, está escrito: “Tatuí tem dono.” Assinado: “Tropa”.
Sediada em área dominada pelo crime, a Globo Soluções Tecnológicas foi contratada pela organização social Instituto Nacional do Desenvolvimento Humano (INADH).
Como o RJ2 mostrou na semana passada, o INADH foi responsável por projetos para idosos no governo do estado em 2022 e 2023, com contratos que somam R$ 40 milhões para práticas como yoga e fisioterapia.
A prestação de contas final dos programas não foi apresentada, ou seja, o valor repassado para empresas pode até ser maior.
A presidente da Globo Soluções, pelo menos no papel, é Sara Vicente Bibiano. O RJ2 foi ao endereço e bateu na porta.
RJ2: O nome da empresa tá no nome da senhora?
Sara: Eu ouvi falar.
RJ2: A senhora sabe que é presidente dessa empresa?
Sara: Eu sou presidente?
RJ2: No papel é?
Sara: É, fui sorteada?
Apesar de ser representante de uma empresa que fechou um contrato de R$ 650 mil, Sara mora em uma casa humilde. Ela é beneficiária do auxílio emergencial, pago para famílias com renda per capita baixa.
Sara: É auxílio do governo, eu até ganho Bolsa Família, que fui no CRAS de Realengo, recebo de lá. Estamos desempregados, meu esposo e eu.
O nome dela também aparece em outros papeis. Ela foi conselheira e membro do Conselho Fiscal da Organização Social INADH, que contratou a Globo Soluções.
RJ2: Mas trabalhar nessa Globo Soluções Tecnologias, já?
Sara: Não, que eu me lembro, muito tempo.
RJ2: Mas você já trabalhou como conselheira no IBRAG, INADH?
Sara: Não, com certeza não.
Investigação da CGU
As suspeitas sobre a empresa de fachada surgiram numa investigação da CGU, em contratações federais.
No caso de Brasília, a CGU encontrou diversas irregularidades: não aplicação dos recursos, custos superestimados e pagamentos para execução de serviços que não foram realizados, o que também pode ter acontecido nesse caso, como mostram documentos do próprio governo do estado.
A Globo Soluções Tecnológicas vendeu produtos de fisioterapia para o INADH. Ao fim dos programas para os idosos, os equipamentos deveriam ser entregues à Secretaria de Envelhecimento Saudável, o que não aconteceu.
Em um documento, o governo do estado admite não ter encontrado os bens adquiridos com recursos do estado da empresa investigada e que ela não provou com extratos bancários a correta aplicação dos recursos públicos.
Segundo a CGU, a vendedora — a Globo Soluções Tecnológicas — aparenta ser de fachada por não ter infraestrutura operacional para prestar os serviços nem funcionários, além de registrar endereços residenciais.
O Tribunal de Contas do Rio (TCE-RJ) entende que esse tipo de contratação é irregular. Uma organização social não pode contratar uma empresa ligada a ela própria.
Na semana passada, o RJ2 já tinha mostrado outras suspeitas relacionadas ao INADH. Há indícios de concorrência forjada para ganhar contratos milionários.
A CGU afirma que o INADH, o IBRAG — que é outra organização social — e a Globo Soluções possuem o mesmo e-mail, que começa com as letras DGA. Para os investigadores, as iniciais de Diego Gomes dos Anjos.
Sara: A IBRAG é do seu Diego.
RJ2: Seu Diego?
Sara: É, seu Diego, ai meu Deus, ele trabalha, ai meu Deus do céu, esqueci.
RJ2: Já trabalhou com ele?
Sara: Não, não.
Ele é apontado como o verdadeiro responsável por todas essas empresas e é como se todas elas fossem uma coisa só.
O RJ2 voltou a procurar a organização social INADH, Sandra e Diego dos Anjos, mas não teve retorno.
Uma organização social que foi contratada pelo governo do estado por R$ 40 milhões para dar aulas para idosos, sem licitação, subcontratou uma empresa para fornecer equipamentos. A Controladoria Geral da União (CGU) suspeita que tanto a OS quanto a empresa são do mesmo grupo, suspeito de usar laranjas.
A suposta empresa de fachada, a Globo Soluções Tecnológicas, fica em Madureira, na Zona Norte do Rio, em um dos acessos ao Morro do Cajueiro.
A empresa recebeu R$ 650 mil dos cofres do governo do estado e é citada numa investigação da Controladoria Geral da União (CGU), para quem o endereço é uma área de difícil acesso.
No começo da Rua Tatuí, onde está registrada a sede da companhia, uma barricada dificulta a chegada. Na parede, está escrito: “Tatuí tem dono.” Assinado: “Tropa”.
Sediada em área dominada pelo crime, a Globo Soluções Tecnológicas foi contratada pela organização social Instituto Nacional do Desenvolvimento Humano (INADH).
Como o RJ2 mostrou na semana passada, o INADH foi responsável por projetos para idosos no governo do estado em 2022 e 2023, com contratos que somam R$ 40 milhões para práticas como yoga e fisioterapia.
A prestação de contas final dos programas não foi apresentada, ou seja, o valor repassado para empresas pode até ser maior.
A presidente da Globo Soluções, pelo menos no papel, é Sara Vicente Bibiano. O RJ2 foi ao endereço e bateu na porta.
RJ2: O nome da empresa tá no nome da senhora?
Sara: Eu ouvi falar.
RJ2: A senhora sabe que é presidente dessa empresa?
Sara: Eu sou presidente?
RJ2: No papel é?
Sara: É, fui sorteada?
Apesar de ser representante de uma empresa que fechou um contrato de R$ 650 mil, Sara mora em uma casa humilde. Ela é beneficiária do auxílio emergencial, pago para famílias com renda per capita baixa.
Sara: É auxílio do governo, eu até ganho Bolsa Família, que fui no CRAS de Realengo, recebo de lá. Estamos desempregados, meu esposo e eu.
O nome dela também aparece em outros papeis. Ela foi conselheira e membro do Conselho Fiscal da Organização Social INADH, que contratou a Globo Soluções.
RJ2: Mas trabalhar nessa Globo Soluções Tecnologias, já?
Sara: Não, que eu me lembro, muito tempo.
RJ2: Mas você já trabalhou como conselheira no IBRAG, INADH?
Sara: Não, com certeza não.
Investigação da CGU
As suspeitas sobre a empresa de fachada surgiram numa investigação da CGU, em contratações federais.
No caso de Brasília, a CGU encontrou diversas irregularidades: não aplicação dos recursos, custos superestimados e pagamentos para execução de serviços que não foram realizados, o que também pode ter acontecido nesse caso, como mostram documentos do próprio governo do estado.
A Globo Soluções Tecnológicas vendeu produtos de fisioterapia para o INADH. Ao fim dos programas para os idosos, os equipamentos deveriam ser entregues à Secretaria de Envelhecimento Saudável, o que não aconteceu.
Em um documento, o governo do estado admite não ter encontrado os bens adquiridos com recursos do estado da empresa investigada e que ela não provou com extratos bancários a correta aplicação dos recursos públicos.
Segundo a CGU, a vendedora — a Globo Soluções Tecnológicas — aparenta ser de fachada por não ter infraestrutura operacional para prestar os serviços nem funcionários, além de registrar endereços residenciais.
O Tribunal de Contas do Rio (TCE-RJ) entende que esse tipo de contratação é irregular. Uma organização social não pode contratar uma empresa ligada a ela própria.
Na semana passada, o RJ2 já tinha mostrado outras suspeitas relacionadas ao INADH. Há indícios de concorrência forjada para ganhar contratos milionários.
A CGU afirma que o INADH, o IBRAG — que é outra organização social — e a Globo Soluções possuem o mesmo e-mail, que começa com as letras DGA. Para os investigadores, as iniciais de Diego Gomes dos Anjos.
Sara: A IBRAG é do seu Diego.
RJ2: Seu Diego?
Sara: É, seu Diego, ai meu Deus, ele trabalha, ai meu Deus do céu, esqueci.
RJ2: Já trabalhou com ele?
Sara: Não, não.
Ele é apontado como o verdadeiro responsável por todas essas empresas e é como se todas elas fossem uma coisa só.
O RJ2 voltou a procurar a organização social INADH, Sandra e Diego dos Anjos, mas não teve retorno.