Entre janeiro a dezembro, foram quase 2 milhões de descargas elétricas, percentual quase 60% maior do que em 2022. Em Juiz de Fora, números saltaram de 55 mil para quase 110 mil. Especialista do Grupo de Eletricidade Atmosférica relaciona aumento ao El Niño. Raio em Juiz de Fora, foto de arquivo
TV Integração/Reprodução
Com 109.795 raios, Juiz de Fora foi a cidade da região com maior incidência de descargas elétricas entre janeiro e dezembro de 2023. Os dados foram contabilizados pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
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São João del Rei e Lima Duarte, com 91,638 e 70.433, aparecem na segunda e na terceira colocação, respectivamente. Já Santa Cruz de Minas é a última cidade da lista, com apenas 272 registros. Confira o quantitativo de cada município mais abaixo.
Somado a outras regiões, os números colocaram Minas Gerais como o quarto estado com maior incidência no ano, com total de 26.666.092 raios. Em primeiro lugar está Amazonas, com 32.116.555.
El Niño causa aumento expressivo
Entre um ano e outro, os municípios da Zona da Mata e Campo das Vertentes tiveram aumento de quase 60% na incidência de raios, saltando de 1.230.504 em 2022 para 1.951.793 em 2023.
Especialista aponta relação entre o El Niño e o aumento de raios na região
Rede Globo/Reprodução
Em Juiz de Fora, campeã de registros nos dois anos, os números saltaram de 55 mil para quase 110 mil.
Para o coordenador do Elat/Inpe, Osmar Pinto Junior, o aumento expressivo está relacionado ao El Niño, fenômeno meteorológico que eleva as temperaturas, determina mudanças nos padrões de transporte de umidade e, consequentemente, impacta também na formação de tempestades e raios.
“Houve uma interferência do El Niño. Em anos de El Niño fracos, os efeitos ficam restritos à região Sul, indo até, no máximo, o Sul de São Paulo. Em eventos fortes, como o deste ano, o efeito se estende mais para cima, atingindo Minas Gerais. Foi um aumento acentuado”.
Ainda conforme o especialista, o aumento também tem relação com o aquecimento global.
“Não é muito fácil mostrar isso, pois El Niño e La Nina escondem alguns dados. Mas, independentemente dos fenômenos, a tendência é de aumento em todo o Brasil, que pode ser de 5 a 10% por década. Claro que existe variações, mas a tendência é de números cada vez maiores. De 10 anos para cá, os temporais aumentaram, na combinação de aquecimento de El Niño, aquecimento global e outros fenômenos. Há uma tendência geral de aumento para estes fenômenos”.
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No início de outubro, por exemplo, em apenas um temporal, foram mais de 3 mil descargas elétricas em Juiz de Fora, número muito acima normalmente observada. “Em tempestades normais são algumas centenas, em torno de 100 a 300 raios. Acima de mil já é considerado muito alto. Três mil é muito elevado”, explicou à época o coordenador do Elat/Inpe.
Municípios devem se preparar
O especialista também comentou a potência de uma descarga elétrica, que pode ser até mil vezes mais intensidade que um chuveiro elétrico.
“Normalmente um chuveiro tem 20 amperes. Um raio tem em média 20 mil ampares. Alguns podem chegar até 200 mil”.
Na avaliação dele, é preciso que os municípios fiquem atentos ao aumento no número de raios para evitar prejuízos: “Além dos raios em si, os temporais têm chuva muito forte e vendavais, causando grandes transtornos. Os municípios devem melhorar capacidade de lidar com este fenômeno. É uma preocupação que precisa ser debatida, minimizando os estragos”, conclui.
Confira abaixo o quantitativo de raios em cada cidade, da mais afetada para a que teve menor incidência em 2023:
Número de raios em cidades da Zona da Mata e Vertentes em 2023
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