A ministra da Saúde, Nísia Trindade, falou nesta quarta-feira (20) sobre a situação dos hospitais federais do Rio de Janeiro. No último domingo, reportagem Fantástico mostrou o abandono desses hospitais, com relatos de sucateamento, materiais vencidos e demora no atendimento de pacientes.
Em entrevista ao Estúdio i, Nísia avalia que faltou diálogo com diretores de hospitais federais.
“Coisas importantes foram feitas, mas faltou diálogo com os diretores, faltou um acompanhamento mais próximo. E nós estamos no momento de rever tudo isso, de fazer com que a coisa realmente opere para que esses hospitais ofereçam o serviço que a população precisa. Vale dizer que os hospitais não estão parados, isso é uma falsa impressão”, falou.
Na segunda (18), um dia após a denúncia do Fantástico, a ministra exonerou o diretor do Departamento de Gestão Hospital da pasta, Alexandre Telles. Ela aponta avanços na gestão, mas que alguns problemas ainda persistem.
“É uma gestão que requer acompanhamento muito próximo dos hospitais. Houve, sim, avanços em alguns pontos. Junto com o secretário Helvécio ( que também foi exonerado), pois é feito tudo junto. Como é o caso da reabertura de leitos, do Hospital Dia do Andaraí”, ressalta.
Apesar da repercussão das demissões, a ministra garante que “não existe uma limpeza geral no ministério”. Sobre o seu trabalho à frente da pasta, ela diz que conta com a confiança do presidente Lula (PT).
“No caso da Saúde, o presidente reiterou como tem feito inúmeras vezes a confiança no meu trabalho, a confiança no Ministério da Saúde, o ministério está totalmente integrado a todas as ações de governo e, é claro, uma preocupação muito grande com a questão da dengue, que é o grande problema de saúde pública que enfrentamos hoje, com a questão Yanomami, desde o final do ano passado nós estamos fazendo o balanço das ações do primeiro ano e vendo as grandes dificuldades naquela área e também a questão dos hospitais do Rio de Janeiro”, falou.
A ministra fala no entanto, que o ministério cumpriu toda a agenda da transição e diz que “está para anunciar novas ações novas na área de mais acesso a especialistas e à saúde digital”.
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Crise na Saúde do Rio
Nísia Trindade diz que a crise nos hospitais federais do Rio de Janeiro foi agravada durante o governo Bolsonaro. “No caso dos hospitais federais a situação foi muito dramática e foi agravada no último governo. Isso é notório e eu acompanhei antes de estar no Ministério da Saúde, quando era presidente da Fiocruz, no próprio enfrentamento da Covid-19. Eu tive bastante contato com essa realidade lamentável”, conta.
A ministra diz que algumas ações foram feitas, mas que ainda vive o resultado do que ela chama de “uma destruição muito grande”.
“Reitero que é uma situação em que está acontecendo atendimento. Muito aquém da possibilidade dos hospitais. Houve muitas aposentadorias e 40% da força de trabalho hoje é de contratos temporários da União. Então, há muita precariedade nessa questão de pessoal. A gente olha às vezes o equipamento, e não o pessoal, que é muito importante”, completou.