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Tamanduá-bandeira, tatu-canastra e algumas aves são exemplos de animais que alteram parte do comportamento com o início da nova estação. Rua do Outono de Curitiba
Giuliano Gomes/PR Press
Na quarta-feira (20), o outono começou no Hemisfério Sul, às 00h06. Além da queda de folhas e temperaturas mais amenas, a chegada da estação se reflete também em mudanças na rotina dos moradores da floresta.
No outono, há uma diminuição no regime de chuvas, os dias começam a ter um período de luz menor, e algumas espécies vegetais perdem suas folhas (para diminuir a perda de água), diminuem as floradas e os frutos nascem com menos polpa que antes.
Tudo isso implicará na redução de recursos disponíveis para uma série de animais. Esses indivíduos, por sua vez, tendem a diminuir suas atividades diárias para poupar energia, ficando mais entocados e deixando outros animais com menos alimento disponível.
Para compensar essa redução, os predadores podem intensificar suas atividades de caça no período anterior.
Para saber mais informações sobre os efeitos da chegada do outono na fauna, o Terra da Gente entrevistou o biólogo Thomaz Henrique Barrella, da Fundação José Pedro de Oliveira, que administra a ARIE Mata de Santa Genebra, em Campinas (SP).
Tamanduá-bandeira
No outono, o tamanduá-bandeira muda seu comportamento, sendo mais ativo nas horas mais quentes do dia e descansando ou dormindo nos demais períodos.
Diego Carau / iNaturalist
O tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) possui um metabolismo que é influenciado pela temperatura ambiente, não se expondo a calores ou frios intensos.
Durante os meses mais quentes, a espécie prefere os períodos mais amenos do dia (início da manhã e final da tarde) para suas atividades. Já nos meses mais frios, como passamos a ver no outono, ele passa a ser mais ativo nas horas mais quentes do dia e descansa ou dorme nos demais períodos, quando pode usar sua cauda de pelos longos como um cobertor.
Veados
Espécie: veado-campeiro
Whaldener Endo / iNaturalist
Thomaz explica que no Brasil temos 8 espécies de veados, sendo eles: veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus), veado-galheiro (Odocoileus virginianus), veado-mateiro (Mazama americana), veado-mateiro-pequeno (Mazama jucunda), veado-mão-curta (Mazama nana), veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), veado-roxo (Mazama nemorivaga) e cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus).
“O período do outono é a época preferencial de acasalamento dos veados, nesse período os machos tornam-se mais agressivos e realizam vocalizações para atrair e conquistar as fêmeas, além de afastar outros machos concorrentes”, relata o biólogo.
Tatu-canastra
Com a chegada do outono, e as noites mais frias, ele tende a sair de sua toca mais cedo e retornar mais rápido também.
Divulgação ICAS
O tatu-canastra (Priodontes maximus) é um animal prioritariamente noturno mas, assim como o tamanduá-bandeira, não é capaz de realizar uma boa regulação térmica, sendo influenciado pela temperatura ambiente.
Com a chegada do outono e as noites mais frias, ele tende a sair de sua toca mais cedo e retornar mais rápido também. A toca feita por ele é capaz de manter a temperatura do animal mais estável e constante.
Aves
As aves podem mudar suas rotinas de diversas maneiras em função da chegada do outono.
Ananda Porto/TG
Segundo Thomaz, as aves podem mudar suas rotinas de diversas maneiras em função da chegada do outono: migrando para áreas mais quentes, alterando o horário de atividade para momentos mais quentes e até mudando a preferência alimentar para fontes mais abundantes no período.
“Pode também ocorrer a mudança da plumagem, que se torna mais densa para proteger do frio. É também um período onde muitas espécies diminuem suas vocalizações, seja para economia de energia como por influência da troca de plumagem”, diz.
Abelhas
Com a chegada da estação, começam a diminuir as floradas, e, consequentemente, a disponibilidade de alimento para as abelhas. Na preparação para o inverno, período ainda mais escasso, elas intensificam a coleta de pólen e néctar para armazenamento em uma reserva segura.
As abelhas intensificam suas atividades de coleta de pólen e néctar durante o inverno.
Gender Euphorbia/iNaturalist
“O ecossistema é bastante complexo e envolve muitos fatores, e a mudança em qualquer um dos fatores irá impactar todos os seres vivos que ali estão, alguns menos e outros mais. Quanto mais marcadas são essas alterações na estação, mais impactos podem ser percebidos”, pontua.
De alguma maneira, todos os animais passam por mudanças durante o outono. Os répteis por exemplo, por dependerem da temperatura ambiente para um maior e melhor funcionamento de seu metabolismo, tendem a diminuir suas atividades e algumas espécies podem, inclusive, buscar abrigo e entrar num processo de hibernação.
Thomaz explica que, por conta da dimensão continental do Brasil, o outono se manifesta de diferentes formas nas regiões. No entanto, de maneira geral, a diminuição no regime de chuvas, a queda das temperaturas e as mudanças nos períodos e dia e noite são indicadores que o outono começou.
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