Ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal foi denunciado junto com outras pessoas por crimes de fraudes licitatórias. O procurador Eduardo Benones, do MPF
Henrique Coelho/g1 Rio
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, e outras pessoas por supostas irregularidades na compra de caveirões pela corporação. Vasques era responsável pela aprovação dos contratos.
“Na noite de ontem, o MPF ajuizou ação penal. Foram denunciados Silvinei Vasques, Mauricio Junot, ex-CEO da empresa Combat, entre outros. Foram denunciados por crimes de fraudes licitatórias”, afirmou o procurador Eduardo Benones.
“Depois que obtivemos judicialmente algumas medidas cautelares, quebras de sigilo fiscais e bancários, analisando alguns dados e somados a outras provas, nós vimos em condições de instaurar a primeira fase da operação Mega Therion”, completou.
Sede da Combat Armor Defense, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio
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Segundo o MPF, as investigações descobriram uma complexa rede de atividades ilícitas, incluindo fraudes em licitações, possíveis práticas de corrupção ativa e passiva; lavagem de dinheiro; e formação de associação criminosa.
As investigações apontam que, até o momento, o esquema criminoso movimentou mais de R$ 94 milhões.
Relembre o caso
O MPF acredita que as negociações entre a PRF e a Combat Armor podem ter passado dos R$ 100 milhões
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Investigação começou em 2021
Desde 2021, o MPF investigava a compra de veículos blindados da empresa pela PRF. O custo poderia passar de R$ 100 milhões.
Os donos da Combat Armor são os gêmeos americanos Daniel e Mark Beck, financiadores da campanha de Donald Trump para a presidência dos EUA
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A Combat é uma empresa com sede nos EUA e pertence a Daniel Beck, apoiador do ex-presidente Donald Trump – ele esteve em Washington durante a invasão ao Capitólio em janeiro de 2021.
No Brasil, a empresa é administrada pelo empresário Maurício Junot de Maria, que já atuava no setor de blindagem. A Combat Armor entregou veículos para a Polícia Rodoviária Federal em quatro estados e no Distrito Federal nos anos de 2020 e 2021.
O empresário Maurício Junot de Maria, sócio da Combat Armor Defense, no Brasil
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Segundo o MP, foram identificadas inconsistências na documentação da licitação e problemas relacionados à fundamentação da necessidade e urgência para aquisição dos veículos, além de suposto conflito de interesses na confecção do atestado de Capacidade Técnica apresentado pela empresa.
O MPF determinou a requisição de informações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e à Corregedoria Nacional da PRF, além de perícia nos documentos da licitação e a oitiva de pessoas.
A investigação teve início após reportagens, como a denúncia do Jornal Nacional sobre supostas irregularidades no processo licitatório. Diante das denúncias, o Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do MPF no Rio de Janeiro realizou inspeção na sede da Superintendência da PRF no estado, no dia 31 de maio de 2023.
No local, foram encontrados diversos veículos blindados pesados que, segundo informações obtidas pelo MPF, não estariam sendo utilizados por suposta inadequação técnica.