‘Fui apenas uma marionete’, diz jovem absolvida de envolvimento no assassinato do jogador Daniel


Evellyn Brisola Perusso era acusada de fraude processual. Além dela, outras três pessoas foram absolvidas e três condenadas. Julgamento ocorreu em São José dos Pinhais, 5 anos depois da morte. Jovem é absolvida de envolvimento no assassinato do jogador Daniel
Após ser absolvida do envolvimento no assassinato do jogador de futebol Daniel Corrêa Freitas, a jovem Evellyn Brisola Perusso falou sobre a expectativa que tinha do julgamento.
“Eu tinha certeza que seria absolvida, porque não participei desse crime. Eu fui apenas uma marionete. Eu sabia que a justiça seria feita”, comemorou.
✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp
✅ Siga o canal do g1 PR no Telegram
Daniel Corrêa Freitas, que tinha 24 anos, foi encontrado morto em outubro de 2018, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Ele estava parcialmente degolado e com o órgão genital cortado, segundo a polícia. Relembre o caso abaixo.
Evellyn respondia por fraude processual. A denúncia contra ela se baseava na acusação de que a jovem teria ajudado a limpar manchas de sangue na casa da família Brittes, onde o crime começou.
Ao longo do julgamento, a advogada Thayse Pozzobon, responsável pela defesa de Evellyn, alegou que a jovem foi coagida.
A tese foi acatada pelo Conselho de Sentença, que a absolveu.
Após três dias de julgamento, ela e outras três pessoas foram absolvidas e três condenadas.
LEIA MAIS:
Como foi o primeiro dia do julgamento
Como foi o segundo dia do julgamento
Relembre ponto a ponto o caso Daniel
Veja as sentenças
Assista ao momento em que juiz anuncia sentenças da família Brittes
‘Vou poder recomeçar e seguir minha vida em frente’
Evellyn Brisola Perusso abraça a mãe após sentença de absolvição
Mariah Colombo/ g1 PR
No depoimento que Evellyn deu durante o julgamento, ela relatou aos jurados os impactos que a acusação de envolvimento no crime teve na vida dela.
Segundo a jovem, ela passou a ser xingada na rua, foi ameaçada, demitida do emprego no qual era registrada e não conseguia mais nenhum trabalho.
“Foram bem difíceis. Minha vida mudou completamente, da água para o vinho. Agora sei que vou poder recomeçar e seguir minha vida em frente. Agora creio que é uma nova fase, uma nova vida”, afirmou.
Ao ouvir o juiz Thiago Flores lendo a sentença, na noite de quarta-feira (20), Evellyn se emocionou. No fim da sessão, ela abraçou a mãe, que acompanhou o julgamento, e as duas choraram juntas.
Outros três absolvidos
Evellyn, David e Ygor aguardando a leitura da sentença pelo juiz
Giuliano Gomes/PR Press
Além de Evellyn, o Conselho de Sentença absolveu outros três réus.
David Willian Vollero Silva: Absolvido de todas as acusações (homicídio qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual);
Ygor King: Absolvido de todas as acusações (homicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual);
Eduardo Henrique Ribeiro da Silva: Absolvido de todas as acusações (homicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual);
Três condenados
Caso Daniel: Edison Brittes é condenado a 42 anos de prisão
De sete acusados de envolvimento na morte, Edison Brittes Júnior, Cristiana Brittes e Allana Brittes foram os únicos condenados.
Edison, réu confesso, teve a pena mais alta: 42 anos, 5 meses e 24 dias de prisão inicialmente em regime fechado por homicídio triplamente qualificado. Ele foi o único responsabilizado especificamente pela morte do jogador.
Edison também foi condenado a 2 anos e 1 mês de detenção, pena que pode ser cumprida em regime em aberto. Antes da condenação, ele já estava preso há mais de cinco anos.
Allana Brittes, filha de Edison, foi condenada a mais de seis anos de prisão em regime fechado. Ela, que estava respondendo ao processo em liberdade, saiu presa do fórum.
A esposa de Edison e mãe de Allana, Cristiana Brittes, foi condenada a seis meses de detenção e um ano de reclusão em regime aberto.
Na hora da leitura das sentenças, Edison, Cristiana e Allana estavam na sessão, mas em uma área em que não podiam ser vistos ou filmados.
LEIA TAMBÉM:
‘Não sou comentarista político’: Ratinho Junior evita falar sobre recebimento de propina de Ademar Traiano, presidente da Assembleia
Investigação: Ministro Toffoli anula investigações e determina arquivamento de processos contra Beto Richa
Veja como se proteger: Paraná está sob alerta de temporal, ventos de 100 km/h e granizo
O que dizem as defesas
Daniel Corrêa Freitas
Rubens Chiri/saopaulofc.net
O advogado Nilton Ribeiro, que representa a família de Daniel, avaliou as sentenças como justas.
“Apenas três dias de julgamento. Foi um julgamento muito célere, trabalho muito sério, a imprensa pode acompanhar isso, exercendo um trabalho magnífico […] Daniel guarda as chuteiras. Acabou o jogo, o árbitro decretou o final do jogo. Daniel agora repousa e a família fica mais tranquila.”
A defesa da família Brittes, composta por sete advogados, disse que vai recorrer das sentenças com a finalidade de anular o júri. A defesa alega “diversas nulidades ocorridas no curso do julgamento e, alternativamente, para revisão do cálculo da pena aplicada ao acusado Edison Brittes”.
“Dos cinco acusados pelo homicídio, quatro foram absolvidos. Quanto a pena aplicada para Alana Brittes, além de exagerada, não autorizaria prisão”, finaliza a nota.
A advogada Clarissa Taques, defesa de Eduardo Henrique da Silva, disse que “a absolvição de Eduardo foi consequência de um julgamento justo”.
O advogado Rodrigo Faucz, defesa de David Willian Silva e Ygor King, afirmou que as absolvições dos dois significam “uma vida nova”.
A advogada Thayse Pozzobon, defesa de Evellyn, disse que a absolvição dela era o resultado esperado, e afirmou que ela “agora ela vai poder retomar a vida”.
Relembre o crime
Relembre o assassinato do jogador de futebol Daniel Correa Freitas
O jogador de futebol Daniel Correa Freitas, 24 anos, foi encontrado morto na área rural de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, em 27 de outubro de 2018. Ele estava parcialmente degolado e com o órgão genital cortado, segundo a polícia.
O empresário Edison Luiz Brittes Júnior confessou em entrevista à RPC e em depoimento à polícia ter assassinado Daniel.
Tudo aconteceu depois da festa de aniversário de 18 anos da filha de Edison Brittes, Allana, na noite de 26 de outubro de 2018, na qual também estava Daniel, em uma casa noturna de Curitiba.
A festa continuou na manhã do dia seguinte na casa dos Brittes.
Família Brittes
Reprodução/Facebook
Edison Brittes alegou, em depoimento à polícia, que Daniel tentou estuprar a esposa dele, Cristiana Brittes, e que matou o jogador “sob forte emoção”.
Antes de ser agredido e morto, o jogador Daniel trocou mensagens e fotos com um amigo em que ele aparecia deitado ao lado de Cristiana Brittes.
Dois dias após o crime, Edison Brittes marcou um encontrou em um shopping de São José dos Pinhais para, segundo a denúncia, coagir testemunhas.
A reunião foi registrada por câmeras de segurança.
Câmeras de shopping flagram encontro de suspeitos de envolvimento na morte do jogador Daniel
Reprodução/TV Globo
No inquérito concluído pela Polícia Civil, o delegado Amadeu Trevisan afirmou que não houve tentativa de estupro por parte do jogador Daniel contra Cristiana.
Além disso, o delegado disse que Cristiana e a filha Allana mentiram em depoimento prestado à polícia.
O delegado disse também que o jogador não teve como reagir à agressão que sofreu dentro da casa, pois Daniel estava embriagado. De acordo com um laudo pericial, o jogador apresentava 13,4 decigramas de álcool por litro de sangue e não estava sob efeito de drogas.
VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná
Leia mais notícias no g1 Paraná.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.