Enquanto os testes digitais estiverem sendo feitos, a expectativa \u00e9 que o corpo de Clarinha permane\u00e7a no Departamento M\u00e9dico Legal de Vit\u00f3ria por, pelo menos, 40 dias, antes de ser enterrada. Entenda a hist\u00f3ria da paciente misteriosa Clarinha, que ficou em coma por 24 anos
\nDez dias ap\u00f3s a morte de Clarinha, paciente sem identifica\u00e7\u00e3o que ficou por quase 24 anos internada em coma em um hospital de Vit\u00f3ria, a pol\u00edcia segue fazendo testes de compara\u00e7\u00e3o de digitais por documentos, localizados a partir de informa\u00e7\u00f5es repassadas por fam\u00edlias que buscam uma poss\u00edvel compatibilidade. De acordo com a Pol\u00edcia Civil do Esp\u00edrito Santo, oficialmente, nove fam\u00edlias procuraram e enviaram informa\u00e7\u00f5es de pessoas desaparecidas nos \u00faltimos dias.
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\nAt\u00e9 o momento, todas as fam\u00edlias tiveram suas demandas atendidas. Quatro j\u00e1 receberam os laudos negativos, outras aguardam parecer da per\u00edcia. Enquanto os testes estiverem sendo feitos, a expectativa \u00e9 que o corpo de Clarinha permane\u00e7a no Departamento M\u00e9dico Legal de Vit\u00f3ria por, pelo menos, 40 dias, at\u00e9 ser liberada para ser enterrada.
\nPaciente Clarinha, que ficou por 24 internada em coma em Vit\u00f3ria, Esp\u00edrito Santo
\nRicardo Medeiros\/Rede Gazeta
\nNesta reportagem voc\u00ea vai ver:
\nComo Clarinha ficou em coma
\nInterna\u00e7\u00e3o sem documenta\u00e7\u00e3o
\nComo surgiu o nome Clarinha
\nClarinha teve pelo menos um filho antes de acidente
\nMais de 100 fam\u00edlias tentaram comprovar parentesco
\nCrian\u00e7a desaparecida em Guarapari foi caso com maior chance de identifica\u00e7\u00e3o
\nComo Clarinha morreu
\nQuem cuidou de Clarinha durante esses anos
\nDigitais completas colhidas pela 1\u00aa vez
\nExames de DNA
\nQuando ser\u00e1 o enterro
\nClarinha consegue direito a registro
\nAt\u00e9 esta sexta-feira (22), nenhum caso apresentado pelas fam\u00edlias exigiu a marca\u00e7\u00e3o de um exame de DNA, porque todas as desaparecidas apontadas pelas fam\u00edlias possu\u00edam Registro Geral (RG), ou seja, eram pass\u00edveis de compara\u00e7\u00e3o por digitais. Se forem necess\u00e1rios, os exames gen\u00e9ticos (DNA) ser\u00e3o agendados para a pr\u00f3xima semana.
\nA Pol\u00edcia Civil informou que est\u00e1 recebendo as demandas pelo n\u00famero de WhatsApp (27) 3225 8260.
\nNome da Clarinha no quadro de pacientes da enfermaria do HPM, em Vit\u00f3ria. Ela ficava no apartamento 3, cama 1. Esp\u00edrito Santo.
\nRicardo Medeiros
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\nDetalhamento sobre as nove fam\u00edlias que buscaram a pol\u00edcia
\nUm caso de Bras\u00edlia \u2013 laudo negativo.
\nUm caso da Bahia \u2013 laudo negativo.
\nUm caso do Esp\u00edrito Santo \u2013 laudo negativo.
\nUm caso do Paran\u00e1 \u2013 aguardando prontu\u00e1rio da Pol\u00edcia Civil do Paran\u00e1.
\nUm caso de Minas Gerais \u2013 aguardando prontu\u00e1rio da Pol\u00edcia Civil de Minas Gerais.
\nTr\u00eas casos de S\u00e3o Paulo \u2013 sendo um laudo negativo e outro aguarda envio do prontu\u00e1rio pela Pol\u00edcia Civil de S\u00e3o Paulo. O terceiro caso, inicialmente, era de Minas Gerais, e a fam\u00edlia disse que a Clarinha n\u00e3o teria tirado RG em vida, por isso seria enviada direto para DNA. Mas, posteriormente, foi informado que a m\u00e3e poderia ter feito RG no estado de S\u00e3o Paulo. Agora, a pol\u00edcia capixaba aguarda tamb\u00e9m o envio do prontu\u00e1rio pela PC de S\u00e3o Paulo.
\nUm caso em que a pol\u00edcia capixaba aguarda a fam\u00edlia dar informa\u00e7\u00f5es de registro da desaparecida.
\nCronologia do caso
\nComo Clarinha ficou em coma
\nClarinha foi atropelada no Dia dos Namorados, em 12 de junho de 2000, nas proximidades da Avenida Governador Bley, uma das mais movimentadas do Centro de Vit\u00f3ria. N\u00e3o existem confirma\u00e7\u00f5es sobre o local exato do atropelamento e o ve\u00edculo envolvido. A estimativa \u00e9 que, em 2024, Clarinha tivesse entre 40 e 50 anos.
\nInterna\u00e7\u00e3o sem documenta\u00e7\u00e3o e coma
\nA mulher foi socorrida por uma ambul\u00e2ncia do Servi\u00e7o Atendimento M\u00e9dico de Urg\u00eancia (Samu) e levada para o Hospital Estadual S\u00e3o Lucas, tamb\u00e9m em Vit\u00f3ria. Chegou j\u00e1 em coma, devido ao trauma, e sem documentos. Um ano depois, foi transferida para o Hospital da Pol\u00edcia Militar (HPM), onde permaneceu por quase 24 anos.
\nComo surgiu o nome Clarinha
\nProfissionais de sa\u00fade de hospital cuidando de Clarinha, que ficou por 24 anos internada em coma em Vit\u00f3ria, Esp\u00edrito Santo
\nArquivo\/TV Gazeta
\nClarinha foi transferida para o HPM em 27 de junho de 2001, com o encaminhamento do primeiro hospital, que descrevia apenas as sequelas da paciente sem identifica\u00e7\u00e3o. Logo no primeiro dia, ganhou o apelido da nova equipe m\u00e9dica, que entendeu que seria necess\u00e1rio humanizar a forma de atendimento \u00e0 vitima.
\nClarinha teve pelo menos um filho antes de acidente
\nDesde o primeiro momento, a equipe m\u00e9dica teve esperan\u00e7a de encontrar algum parente ou at\u00e9 filho de Clarinha, j\u00e1 que ela tinha uma cicatriz de cesariana, mas isso n\u00e3o aconteceu. A cicatriz indicava que ela tinha pelo menos um filho antes do acidente.
\nMais de 100 fam\u00edlias tentaram comprovar parentesco
\nAo longo dos 24 anos, mais de 100 fam\u00edlias fizeram contato buscando informa\u00e7\u00f5es e interessados em testar a compatibilidade com a Clarinha. O pico de procura aconteceu depois que o caso foi exibido no Fant\u00e1stico, em 2016, e ganhou repercuss\u00e3o nacional. Nunca houve compatibilidade comprovada.
\nUm fato curioso \u00e9 que, algumas dessas fam\u00edlias que foram atr\u00e1s de informa\u00e7\u00f5es de Clarinha, acabaram reencontrando os reais parentes que buscavam gra\u00e7as aos exames de DNA que ca\u00edam no Banco Nacional de Perfis Gen\u00e9ticos.
\nCrian\u00e7a desaparecida em Guarapari foi caso com maior chance de identifica\u00e7\u00e3o
\nO caso com maior chance de compatibilidade foi a de uma fam\u00edlia que sofreu com o desaparecimento de uma crian\u00e7a de 1 ano e 9 meses, em 1976, em Guarapari.
\nEm 2021, um perito da For\u00e7a Nacional de Seguran\u00e7a, que na \u00e9poca trabalhava em Cariacica, na Grande Vit\u00f3ria, fez uma avalia\u00e7\u00e3o visando semelhan\u00e7as e possibilidades de identifica\u00e7\u00e3o. Ele chegou a 80% de possibilidade de compatibilidade, mas o parentesco foi descartado pelo exame de DNA. At\u00e9 hoje essa fam\u00edlia tamb\u00e9m n\u00e3o encontrou a crian\u00e7a.
\nComo Clarinha morreu
\nClarinha morreu na noite de quinta-feira (14). Ela passou mal, teve uma broncoaspira\u00e7\u00e3o e n\u00e3o resistiu. A paciente era saud\u00e1vel e n\u00e3o teve nenhuma doen\u00e7a em todos esses anos de interna\u00e7\u00e3o. Essa foi a primeira intercorr\u00eancia sofrida e que a levou \u00e0 morte s\u00fabita.
\nQuem cuidou de Clarinha durante esses anos
\nConhe\u00e7a o m\u00e9dico que cuidou da paciente Clarinha por 24 anos
\nClarinha dependia inteiramente da observa\u00e7\u00e3o da equipe. O coronel Jorge Potratz capitaneou os cuidados em todos os anos de interna\u00e7\u00e3o no HPM, junto \u00e0 equipe m\u00e9dica. Potratz custou por anos algumas necessidades da paciente, comprando produtos de higiene pessoal, como sabonetes, cremes e fraldas.
\nDigitais completas colhidas pela 1\u00aa vez
\nPela primeira vez, foram colhidas digitais completas de Clarinha para realiza\u00e7\u00e3o de compara\u00e7\u00f5es. Esp\u00edrito Santo.
\nDivulga\u00e7\u00e3o\/PCIES
\nDurante os 24 anos em que esteve internada, nunca foi poss\u00edvel colher digitais da paciente misteriosa. Entretanto, essa situa\u00e7\u00e3o mudou dois dias ap\u00f3s o \u00f3bito, quando peritos capixabas realizaram um procedimento p\u00f3s-morte chamado “excis\u00e3o da falange”, que permitiu o levantamento de digitais completas dos dois polegares.
\nAgora, as digitais de Clarinhas est\u00e3o sendo comparadas com documentos de Registro Geral (RG) de familiares que buscaram a pol\u00edcia devido a um suposto parentesco.
\nExames de DNA
\nA expectativa da Pol\u00edcia Civil do Esp\u00edrito Santo \u00e9 realizar exames de DNA na pr\u00f3xima semana, se surgir algum caso em que a compara\u00e7\u00e3o de digital n\u00e3o seja poss\u00edvel. Por enquanto, n\u00e3o h\u00e1 nenhum agendamento feito pela Pol\u00edcia Civil.
\nQuando ser\u00e1 o enterro
\nN\u00e3o h\u00e1 previs\u00e3o tamb\u00e9m de data para o enterro de Clarinha. Enquanto isso, o corpo da paciente n\u00e3o identificada deve permanecer por, pelo menos, 40 dias no Departamento M\u00e9dico Legal (DML) de Vit\u00f3ria.
\nA decis\u00e3o foi tomada pela Pol\u00edcia Civil devido ao surgimento de novos poss\u00edveis familiares depois que a paciente faleceu. A ideia \u00e9 que, com este prazo maior, exista chance de a mulher ser enterrada com a sua real identifica\u00e7\u00e3o.
\nClarinha consegue direito a registro
\nUm dia antes da morte de Clarinha, a Justi\u00e7a do Esp\u00edrito Santo autorizou o registro civil da mulher. Para especialistas, a autoriza\u00e7\u00e3o exclui a possibilidade dela ser enterrada como indigente. Isso significa que, se n\u00e3o houver a identifica\u00e7\u00e3o da paciente nos pr\u00f3ximos dias, um registro de nascimento e \u00f3bito ser\u00e1 feito com o nome \u201cClarinha\u201d, e ela ser\u00e1 liberada para que o enterro seja realizado, provavelmente, pela equipe m\u00e9dica que se responsabiliza pelos cuidados da paciente enquanto esteve internada.
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