
Larissa Gabrielli dos Reis, de 24 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória após o parto em um hospital de Catanduva (SP), no dia 30 de abril do ano passado. Polícia concluiu que jovem recebeu noradrenalina. Três profissionais foram indiciadas por homicídio culposo. Alessandra de Almeida, de 43 anos, mãe de jovem que recebeu medicação errada após dar à luz, lembra quando filha começou a passar mal
Arquivo pessoal
A mãe da jovem que recebeu uma medicação errada após dar à luz no Hospital Padre Albino, em Catanduva (SP), relembrou ao g1 o momento em que a filha começou a passar mal antes de morrer. O caso ocorreu no dia 30 de abril do ano passado.
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Ao g1, a costureira Alessandra de Almeida, de 43 anos, contou que estava no quarto quando Larissa Gabrielli dos Reis, de 24 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória. Assim que recebeu a medicação errada, a jovem começou a sentir fortes dores no peito e falta de ar.
Alessandra de Almeida, de 43 anos (á esquerda) e Larissa Gabrielli dos Reis, de 24 anos (á direita) que morreu por conta de uma parada cardiorrespiratória
Arquivo pessoal
A técnica de enfermagem e duas auxiliares de farmácia do hospital acusadas de aplicar o medicamento foram indiciadas por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O inquérito policial foi concluído em dezembro do ano passado e elas foram investigadas em liberdade.
“Nada vai trazer minha menina de volta, mas queremos justiça. Minha única menina, minha amiga, minha companheira, minha confidente. Ela era meu alicerce. Hoje, me vejo em um buraco sem fim”, comentou a mãe.
Na ocasião, depois do parto, o médico que acompanhou o pré-natal não estava mais no hospital, uma vez que, após o parto, a paciente e o bebê estavam em condições normais. No entanto, o profissional foi acionado assim que Larissa começou a passar mal.
Alessandra lembra que Larissa pediu para que ela a abanasse, porque estava com falta de ar. Apesar das reclamações, a técnica de enfermagem informou que era normal a reação. Ela, então, só percebeu o erro quando a vítima começou a convulsionar.
Hospital Padre Albino, em Catanduva (SP)
Fundação Padre Albino/Divulgação
As cenas dos últimos momentos da filha viva, segundo a mãe, vão ficar na memória. A família, agora, espera que a Justiça condene o trio acusado do crime. O filho de Larissa, de dez meses, está bem, sob os cuidados do pai.
“Foi um baque para mim. Eu entrar no hospital com a minha filha brincando, rindo, e, horas depois, vi ela morrer na minha frente. Vi todo o sofrimento dela e não pude fazer nada para ajudar a voltar a última batida do coração. Ver tudo aquilo me deixou sem chão”, lembra a mãe.
Investigação
O inquérito policial foi concluído pelo delegado responsável pela investigação, Amauri César Pelarin, em dezembro do ano passado.
O g1 questionou a assessoria de imprensa da instituição de saúde se as funcionárias continuam atuando na unidade, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Em nota, apenas disse que não irá se manifestar diante do sigilo envolvendo o assunto, que tramita sob segredo de Justiça.
Larissa Gabrieli dos Reis, de 24 anos, que morreu em Catanduva (SP) por uma parada cardiorrespiratória causada por medicamentos
Arquivo pessoal
Ao retornar à unidade, o médico constatou que Larissa já estava morta. Ele ainda confirmou à polícia que, ao verificar o local de descarte, notou que havia uma ampola de noradrenalina, que, segundo ele, não pertencia ao setor da maternidade e que não poderia ser aplicada durante o período pós-parto.
Em depoimento, o médico disse que não receitou o medicamento. A técnica de enfermagem, por sua vez, negou que havia aplicado a medicação em Larissa. Durante a investigação, entretanto, a polícia concluiu que a noradrenalina foi injetada na paciente, após o resultado do laudo necroscópico.
A técnica, conforme a investigação, entrou no quarto onde estava Larissa e aplicou três medicações na vítima. Mas, em uma dessas seringas, na qual deveria haver a medicação receitada pelo médico, foi aplicado o medicamento errado.
Ainda conforme apurado pela reportagem, a polícia recebeu áudios nos quais os profissionais do hospital admitiram a negligência. Nesse caso, a equipe concluiu que houve erro desde a separação do remédio, até a falta de conferência, tanto da responsável pelo setor, quanto da enfermeira que aplicou a injeção na vítima.
No momento, a conclusão do inquérito segue para o Ministério Público, que deve decidir pela denúncia ou não do trio envolvido.
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