
A prefeitura determinou a retirada dos moradores de 24 bairros em área de risco. Pelas ruas, o pedido da Defesa Civil é insistente, mas tem moradores que permanecem. Apesar das águas terem baixado levemente nesta segunda-feira (13/05), o fluxo da ágia pode chegar a 3 metros nos próximos dias
No sul do Rio Grande do Sul, às margens da Lagoa dos Patos, cidades estão sofrendo com as cheias. Pelotas, nesta segunda-feira (13), decretou estado de calamidade pública por causa das enchentes.
A água levou um dos cartões postais de Pelotas: o trapiche de 500 m dentro da Lagoa dos Patos. Ele tinha sido revitalizado havia quatro meses. A semana começou com a água recuando levemente, depois de o Canal São Gonçalo ter chegado ao nível da maior enchente que Pelotas já viveu há 83 anos: 2,88 m.
“O vento forte de sudoeste e de sul empurrou essas águas para o norte da lagoa e o nível aqui acabou baixando. Como a gente tem uma projeção de que essas águas agora foram empurradas para o norte da lagoa voltem nos próximos dias, essas pessoas ainda estão em risco”, explica o meteorologista da UFPel Henrique Repinaldo.
A prefeitura determinou a retirada dos moradores de 24 bairros em área de risco e decretou estado de calamidade. Pelas ruas, o pedido da Defesa Civil é insistente. Mas tem moradores que permanecem, mesmo sabendo do risco.
“A gente sabe que corre o risco de ficar ilhado. A gente vai cuidar um pouco que a gente tem”, diz o vendedor Fernando Aldrigui.
Pelotas está entre as lagoas dos Patos e a Mirim. O Canal São Gonçalo é o elo entre elas. Por isso, o fluxo de água no canal é tão intenso e demora a achar o caminho para escoar. A consequência: a água sobe e se espalha. Em uma das áreas mais atingidas, por exemplo, segundo os especialistas, o nível pode chegar até 3 m de altura.
Pelotas está entre as lagoas dos Patos e a Mirim. O Canal São Gonçalo é o elo entre elas
Jornal Nacional/ Reprodução
Seguindo as orientações, o gerente de vendas Joares Rodrigues e o filho já tiraram as coisas de casa na região da Praia do Laranjal, na beira da Lagoa dos Patos.
“Não tem a menor condição de ficar aqui. Então, a gente tem que realmente todo mundo que pode, deve, não deve ficar ninguém aqui no Laranjal, porque não está em condições e os próximos dias são de bastante apreensão ainda”, diz.
Em Rio Grande, 350 famílias na Ilha dos Marinheiros estão isoladas, mas se recusam a sair de casa. Nesta segunda-feira (13), a Marinha deslocou helicópteros para levar ajuda aos moradores da área. No Centro da cidade, 300 pessoas já buscaram segurança em um abrigo. A dona de casa Beatriz Amico chegou na terça-feira (7).
“Aqui no abrigo, me sinto super bem. Só tenho o que eles me deram no abrigo. Não tem casa, não tenho móvel, não tenho nada”, afirma.
Sul do RS
Em um ponto do Canal de São Gonçalo, a prefeitura reforçou os diques, que chegam a 3,4 m de altura. Isso porque os hidrólogos estimam que o nível da água pode chegar a 3,3 m. O Canal São Gonçalo chegou, no domingo (12) ao nível de 1941 em Pelotas, e a estimativa de especialistas é que a marca também aconteça em Rio Grande ainda essa semana.
Outro município que também sofre com o avanço da água é São José do Norte. Cidade vizinha de Rio Grande, faz parte da Lagoa dos Patos. A cidade de pouco mais de 25 mil habitantes está com 168 pessoas em abrigos.
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