Lembranças de Chumbo: Museu de Medicina Legal guarda máquina de choque utilizada para tortura durante a Ditadura Militar


Uma bacia com água era utilizada para potencializar a descarga elétrica nas vítimas. Máquina de choque utilizada para tortura durante a Ditadura Militar
Leonardo Bosisio/g1
O Museu de Medicina Legal, localizado no Centro Universitário Toledo Prudente, tem entre os itens de seu acervo instrumentos de tortura utilizados durante a Ditadura Militar, que governou o Brasil entre 1964 e 1985.
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Neste ano em que o golpe militar completa 60 anos, o g1 publica a série de reportagens especiais “Lembranças de Chumbo” para falar sobre pessoas e instituições que viveram e guardam parte da história da ditadura em Presidente Prudente (SP).
Certificados de censura no Museu de Medicina Legal, em Presidente Prudente (SP)
Leonardo Bosisio/g1
‘Para torturar’
Entre os itens guardados no museu da instituição de ensino superior localizada na Vila Furquim, estão: dois rolos utilizados para bater na sola dos pés, uma máquina de choque, certificados de censura e atas da fundação das primeiras facções criminosas.
O reitor da Toledo Prudente, Sérgio Tibiriçá Amaral, disse ao g1 que os objetos chegaram à instituição no período de redemocratização, através da doação de um promotor de Justiça, com autorização judicial.
“[Os rolos] Eram usados para bater na sola do pé para que as pessoas dessem o serviço, porque a sola do pé é o único lugar do corpo humano que não deixa marcas. Eles chegaram já depois, na redemocratização, através de doação de um promotor de Justiça quando findou o processo, com autorização judicial”, relembrou Amaral.
Museu de Medicina Legal guarda objetos da Ditadura Militar, em Presidente Prudente (SP)
Já sobre a máquina de choque, o reitor do centro universitário afirmou que era utilizado para torturar as pessoas e ainda utilizava-se uma bacia com água para potencializar a descarga elétrica nas vítimas.
“Essa maquininha é uma máquina de choque. Ela produz energia elétrica para fazer tortura, para torturar, dar choque nos testículos da pessoa. E essa bacia que tinha, colocava água para que a corrente [elétrica] fosse maior”, explicou Amaral ao g1.
Máquina de choque utilizada para tortura durante a Ditadura Militar
Leonardo Bosisio/g1
Pendurados na parede do Museu de Medicina Legal estão certificados de censura e aprovação de filmes, que, de acordo com o reitor, eram autorizados ou barrados pela Polícia Federal durante a Ditadura Militar.
Além disso, a instituição também conta com atas escritas à mão dos estatutos de fundação das primeiras facções criminosas, registradas no período da Ditadura Militar.
“Os presos que estavam nos presídios nessa época começaram a travar diálogo com os bandidos, os presos comuns, e com isso eles começaram a se organizar e aqui nós temos algumas atas das fundações das primeiras facções criminosas, quando aquela guerrilha que estava presa dentro dos estabelecimentos penitenciários pelo crime político começou a ter contato com os presos comuns”, disse o reitor da universidade.
“Essa história é importante porque foi um período de exceção no Brasil e esses itens refletem alguns dispositivos desse período”, finalizou Amaral ao g1.
Certificado de censura no Museu de Medicina Legal, em Presidente Prudente (SP)
Leonardo Bosisio/g1
Rolos utilizados para bater na sola dos pés durante a Ditadura Militar
Leonardo Bosisio/g1
Certificado de censura no Museu de Medicina Legal, em Presidente Prudente (SP)
Leonardo Bosisio/g1
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