
Moradores usavam vela para iluminação que incendiou parte de um dos quartos. Vela causou princípio de incêndio
Ana Clara Marinho/TV Globo
Um princípio de incêndio ocorreu na madrugada nesta quinta-feira (4), em uma casa na Vila dos Remédios, em Fernando de Noronha. A residência não tem autorização para receber o fornecimento energia porque não a família não tem a posse do imóvel. Para iluminar o local, eles usavam uma vela, que caiu e começou o fogo.
Dez pessoas moram na casa, e ninguém ficou ferido. A contadora Rutilene Santos era a única que estava em casa e contou como foi o princípio de incêndio.
“Foi desesperador. Quando fechei os olhos tentando dormir, senti o cheiro de plástico queimando. A parede é de PVC. Eu abri o quarto e as chamas estavam espalhadas até o teto. Achei que iria morrer”, relatou Rutilene, que apagou o fogo.
O taxista Israel Santos é pai de Rutilene e também mora no local. Ele disse que desde 2018 a família está na casa, que foi o alojamento de uma empreiteira e não teve autorização da Administração da Ilha para receber água e energia.
O governo local não autoriza a Neoenergia e a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) a fornecer energia e água para as pessoas que não contam com Termo de Permissão e Uso dos imóveis.
A família utilizada a energia da vizinha, que foi cortada há três dias.
“Nós solicitamos autorização para receber energia e água. Minha mãe tem 80 anos e estamos nessa situação. A Justiça já mandou ligar a água e a energia, mas a Administração da Ilha está passando por cima da lei”, disse Israel.
A idosa Iraci Santos, mãe de Israel, fornece quentinhas na ilha e, sem energia, teme perder os produtos usados na produção de alimentos.
“Isso é horroroso. Durante o dia, a gente se vira, mas, à noite, a gente precisa dormir, e não tem condições sem energia”, falou Dona Iraci.
Família recebeu apoio de parentes e moradores
Ana Clara Marinho/TV Globo
Decisão judicial
Na quarta-feira (3), o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) determinou o fornecimento de energia elétrica e de água potável para 42 famílias e deu prazo de 72 horas, a partir da intimação, para as empresas concessionárias e a Administração da Ilha estabeleçam os serviços para essas famílias.
O juiz de Noronha, João José Rocha Targino, acatou a ação civil pública do Ministério Público. O promotor Ivo Lima, autor da ação, alegou que os moradores não podem ter o direito de energia e água negado. A família que sofreu o princípio de incêndio diz que faz parte dos beneficiados pela decisão judicial.
A Neoenergia Pernambuco informou, por meio de nota, que aguarda autorização da Administração de Fernando de Noronha e as licenças ambientais para realizar as ligações das unidades residenciais que se encontram em áreas de preservação ambiental. A empresa informou, ainda, que não foi intimada da decisão liminar.
O g1 entrou em contato com a Administração da Ilha para saber se a família que mora na Vila dos Remédios vai ter autorização para ligação de energia, mas até a publicação desta matéria não obtivemos resposta.
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