Defesa nega que acusada de matar namorado a facadas mudou cena do crime: irmão dela jogou água por causa dos gatos, diz advogado


Após Brenda Xavier se apresentar para prisão preventiva em Ribeirão Preto (SP), Alexandre Durante manteve tese de legítima defesa. ‘Se não tivesse ocorrido o que aconteceu, hoje ela seria uma estatística, afirma. Empresária acusada de matar namorado é presa em Ribeirão Preto, SP
O advogado de defesa da fotógrafa Brenda Caroline Pereira Xavier, acusada de matar o namorado a facadas em Ribeirão Preto (SP), nega que ela tenha limpado e mudado a cena do crime antes da chegada da polícia.
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Na apresentação da acusada para o cumprimento do mandado de prisão preventiva nesta quinta-feira (4), Alexandre Durante disse que, depois da briga do casal que resultou na morte do corretor de imóveis Carlos Felipe Camargo da Silva, de 29 anos, no início de março, um irmão da investigada jogou, por espontânea vontade, água no chão para limpar o local por conta dos gatos que ela mantinha na residência.
Brenda se entregou na manhã desta quinta-feira (4) em Ribeirão Preto (SP)
Reprodução e Lucas Faleiros/Rádio CBN Ribeirão
A fala reitera a versão da investigada registrada no inquérito policial, em que ela alegou que o irmão “tentou limpar um pouco o local”, pois ela tem animais de estimação e “não poderia deixá-los em meio aquele cenário.”
O Ministério Público, no entanto, pediu que a acusada, além de homicídio doloso, responda por fraude processual porque o local teria sido lavado antes da chegada da polícia.
“Ela já explicou para o delegado, inclusive a mãe dela estava aqui no dia. Quando eles saem para acudir o [Carlos] Felipe, que ainda estava com vida, o irmão da Brenda, por conta dos gatos que ela tem, joga água no chão, mas ele não limpa a cena do crime. Você pode ver que tem fotos na cozinha, foi jogada água no chão por conta dos gatos que ela tem e foi feito por espontânea vontade do irmão, que também não foi ouvido aqui, mas a mãe conversou com o delegado e explicou essa situação”, disse.
Alexandre Durante também reiterou a tese de que Brenda agiu em legítima defesa, que deu as facadas porque estava sendo agredida por Carlos durante um desentendimento do casal e que, naquela circunstância extrema, não teria como contabilizar o número de golpes que desferiu.
“Você não pode questionar a quantidade de facadas em uma questão de uma situação que todo relato fático dela tem coerência com as lesões que ela sofreu. Brenda tentou por três vezes escapar daquele momento, no qual, se não tivesse ocorrido o que aconteceu hoje, ela seria uma estatística. Você imagina o pânico que essa pessoa estava sofrendo em um momento de intensa agressão”, afirmou.
O crime aconteceu no dia 3 de março, no imóvel onde o casal vivia, no Ribeirão Verde, zona Leste de Ribeirão Preto (SP). Carlos levou ao menos nove facadas, segundo a perícia. Ele chegou a ser socorrido com vida e encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Norte, mas morreu horas depois.
Brenda Caroline Pereira Xavier se entrega à Polícia Civil em Ribeirão Preto
Lucas Faleiros/Rádio CBN Ribeirão
Não encontrada na data dos fatos, Brenda se apresentou à polícia pela primeira vez três dias depois, alegando que havia esfaqueado o namorado em legítima defesa para conter agressões dele durante uma briga.
Essa versão, no entanto, foi descartada no relatório final do inquérito da Polícia Civil, que considerou ter havido “excesso doloso” no número de facadas desferidas – nove segundo a perícia em vez de três alegados pela autora – e a indiciou por homicídio.
O Ministério Público ratificou essas conclusões na denúncia aceita pela Justiça, que determinou a prisão preventiva dela. Segundo a decisão, a acusada cometeu crime hediondo e demonstra personalidade “totalmente contrária aos preceitos morais.”
Brenda foi levada para a Cadeia de Franca (SP) até a realização da audiência de custódia.
Brenda Caroline Pereira Xavier, de 29 anos, alegou legítima defesa para matar namorado em Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
A versão da defesa
Segundo Alexandre Durante, Brenda e Carlos haviam passado o domingo em um churrasco com a família dela, voltaram para casa à noite e se desentenderam depois que ela questionou o que o namorado fazia no celular.
Na versão da defesa, assim que começou a ser agredida, Brenda correu uma primeira vez para se esconder no banheiro e depois foi até a sala, onde pegou uma chave para tentar abrir o portão para fugir da casa, mas foi impedida por Carlos.
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“Ela escapa do banheiro e corre pra sala. (…) Naquele momento, ela pega a chave pra sair pelo portão da garagem. Naquele momento ele tira a chave da mão dela, joga sabe lá pra onde, a puxa pra dentro de casa batendo nela”, diz, mencionando lesões que ela sofreu no joelho.
Foi nesse momento, segundo Durante, que Brenda afirma ter encontrado uma faca de cozinha e recorreu a ela para tentar se defender.
“A única coisa que ela viu foi aquela faca e naquele pânico ela desfere os golpes nele. Como ela mesmo disse para o delegado, que ela lembra foram três. A pessoa, no momento de pânico, como vai contar se foram três, se foram quatro? Ela está no pânico.”
O advogado relata que a acusada ainda alegou, ao conseguir se soltar do namorado, ferido, ter corrido mais uma vez para o banheiro, de onde saiu depois da chegada da mãe, da vizinha e do irmão.
“Ele novamente vai atrás dela no banheiro, só que aí, por conta dos ferimentos, ele volta pra fora. A mãe dela fala que ele estava gemendo, aí ela abre a porta do banheiro, está tudo relatado isso, e parte para prestar socorro pra ele, procura a chave, acha a chave, abre pra mãe entrar.”
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