Atletas brasileiros abrem mão de fazer cirurgias para competir nas Olimpíadas de Paris


O boxeador Abner Teixeira sofreu uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho direito. O skatista Luigi Cini sofreu uma entorse que afetou diversas estruturas também do joelho direito. Dois atletas brasileiros que estão com lesões decidiram abrir mão de serem operados. Para se recuperarem a tempo de disputar as Olimpíadas em Paris, eles apostaram em treinamentos especiais.
Basta fechar os olhos e as memórias do dia da lesão vem à tona.
“Eu fiz um movimento de colocar o pé no chão e meu pé virou. Quando fui ver, eu senti uma dor que nunca tinha sentido, nunca tinha tido lesão no joelho, e acabei caindo, indo para o chão”, lembra o boxeador Abner Teixeira.
Era agosto de 2023. Abner Teixeira, bronze no boxe nos últimos Jogos Olímpicos, recebeu um diagnóstico temido por atletas de qualquer modalidade. O joelho direito havia sofrido uma ruptura do ligamento cruzado anterior. Uma estrutura que une os ossos tíbia e fêmur, e é essencial para a estabilidade da articulação.
Joelho de Abner Teixeira sofreu uma ruptura do ligamento cruzado anterior
Jornal Nacional/Reprodução
Era preciso parar e fazer contas. Em caso de cirurgia, seriam de sete a nove meses longe das competições. Abner não conseguiria fazer uma boa preparação para as Olimpíadas. Então, atleta, médicos e comissão técnica optaram por outro caminho: treinar e competir mesmo com a lesão. Um cenário clinicamente possível, mas que exige cuidados especiais: fortalecimento da musculatura para preservar ao máximo os movimentos do joelho.
Essa rotina com foco total em reabilitação também é a realidade do skatista Luigi Cini, vice-campeão mundial na modalidade Park. Em novembro de 2023, ele sofreu uma entorse que afetou diversas estruturas do joelho direito: ligamento cruzado posterior, ligamento colateral medial, lesão no menisco e uma fissura no osso da tíbia.
Luigi Cini sofreu uma entorse que afetou diversas estruturas do joelho
Jornal Nacional/Reprodução
Ir para mesa de cirurgia significava desistir das Olimpíadas. Uma equipe multidisciplinar, então, entrou em cena para ajudá-lo a seguir adiante. Era preciso trabalhar a musculatura das pernas, das costas, do abdômen. Tudo para conseguir um movimento corporal mais equilibrado.
“Quanto mais forte ele tiver, não que isso vá substituir o papel dos ligamentos, mas a gente consegue estabilizar melhor para que ele possa andar de skate, fazer as manobras e poder competir”, diz o fisioterapeuta Alison Leff Paz.
Deu certo. Luigi voltou para o skate. Está em quinto lugar no ranking mundial.
“Quando eu voltei a andar de skate agora, eu me senti melhor do que nunca. Eu sinto que estou tendo progresso em várias coisas que eu não conseguia antes”, afirma Luigi Cini.
Já o Abner, do boxe, com a lesão no joelho, ele não consegue se movimentar tanto no ringue. Para compensar, desenvolveu novas habilidades.
“Ele vai adequando isso com movimentos de tronco, trabalho de contra-ataque rápido com bloqueios. Ele vai adaptando esse jogo de acordo, ele vai evoluindo o movimento dele”, diz Mateus Alves, técnico da Seleção Brasileira de Boxe.
Os rivais sabem que ele está machucado e tentam desestabilizá-lo. Algo que o Abner, acredite, vê como vantagem na busca por mais uma medalha olímpica.
“Acho que o cara focar no meu joelho é até melhor, porque ele foca no joelho e não foca no meu boxe, que é o que ele tem que se preocupar de verdade”, afirma Abner.
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