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O presidente Lula assina, nesta sexta-feira (5), ordem de serviço para as obras que vão interligar um trecho de 34 quilômetros entre a Paraíba e o Ceará. Açude Castanhão, que deve receber as águas do rio São Francisco pelo Ramal do Salgado, é estratégico para o abastecimento do Ceará.
Cogerh/ Divulgação
As obras do Ramal do Salgado, que terão ordem de serviço assinada nesta sexta-feira (5) pelo presidente Lula no Ceará, devem reforçar os caminhos para que as águas do rio São Francisco cheguem até o açude Castanhão. A nova intervenção deve se ligar aos canais que passarão pela Paraíba e será uma alternativa mais rápida ao percurso hoje feito pelo Cinturão das Águas.
O ramal é um trecho que havia sido excluído do projeto original da Transposição do Rio São Francisco. Com edital aberto em 2021 para viabilizar esta parte da obra, o ramal agora está incluído nos investimentos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.
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Segundo o governo estadual, o investimento total para o Ramal do Salgado é de R$ 600 milhões, incluindo estrutura de controle, 13 segmentos de canais, três aquedutos, um sifão, oito rápidos e um túnel.
No total, serão 34,3 quilômetros de extensão no Ramal do Salgado, que receberá as águas do São Francisco que passarão pelas cidades da Paraíba no Ramal Apodi.
Para que a água chegue até o açude Castanhão, este novo caminho é cerca de 150 quilômetros mais curto do que o percurso feito por meio do Cinturão das Águas (veja abaixo).
Obras do Ramal do Salgado devem encurtar caminho das águas do rio São Francisco até o açude Castanhão
Governo do Ceará/Divulgação
Do São Francisco até o Castanhão:
Rio São Francisco: nascendo em Minas Gerais, o rio atravessa estados do Nordeste brasileiro até desaguar no Oceano Atlântico. É a partir de um ponto próximo à cidade de Cabrobó, em Pernambuco, que as obras do Eixo Norte fazem a integração que chegam até o Ceará.
Eixo Norte: dentro do Projeto de Integração do Rio São Francisco, este braço tem 260 quilômetros de extensão para levar a água até os sertões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Este caminho passa pela cidade de Jati, no Ceará, e segue seu percurso na direção norte até os reservatórios Caiçaras e Engenheiro Avidos, na Paraíba.
Ramal do Apodi: saindo do reservatório Caiçaras, este caminho de 111,5 quilômetros deve levar as águas do São Francisco ainda mais ao norte, tendo como destino final o reservatório Angicos, no Rio Grande do Norte. É como uma ramificação deste percurso que o Ramal do Salgado será criado.
Ramal do Salgado: as águas que vêm do Ramal do Apodi serão levadas pela extensão de 34,3 quilômetros até o Ceará, chegando até o leito do rio Salgado na altura do município de Lavras da Mangabeira, na região do Cariri.
Castanhão: as águas do rio Salgado seguem em direção ao rio Jaguaribe, que é a principal fonte de recarga para o açude Castanhão. O maior reservatório do país é estratégico para a segurança hídrica do Ceará. É a partir dele que a Região Metropolitana de Fortaleza é abastecida.
O Ramal do Apodi, que vai abastecer o Ramal do Salgado, não está concluído. As obras estavam em 50,2% do andamento em fevereiro, conforme dados disponibilizados em fevereiro pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. O início das intervenções foi em 2021, e a previsão de entrega é para outubro de 2025.
Trecho do Ramal do Apodi, na Paraíba, de onde partirá o Ramal do Salgado para o Ceará
Adalberto Marques/Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional/Divulgação
Segundo o Governo do Ceará, o Ramal do Salgado vai trazer maior segurança hídrica para 54 cidades. A estimativa é que 4,7 milhões de pessoas sejam beneficiadas.
Cidades com abastecimento a ser reforçado pelo Ramal do Salgado:
Acarape
Aquiraz
Aracati
Araçoiaba
Aratuba
Baixio
Barreira
Baturité
Beberibe
Capistrano
Cascavel
Caucaia
Cedro
Chorozinho
Eusébio
Fortaleza
Fortim
Granjeiro
Guaiúba
Guaramiranga
Horizonte
Ibaretama
Ibicuitinga
Jaguaribe
Icó
Ipaumirim
Itaiçaba
Itaitinga
Itapiúna
Jaguaretama
Jaguaribara
Jaguaribe
Jaguaruana
Lavras da Mangabeira
Limoeiro do Norte
Maracanaú
Maranguape
Morada Nova
Mulungu
Ocara
Pacajus
Pacatuba
Pacoti
Palhano
Palmácia
Pereiro
Pindoretama
Quixeré
Redenção
Russas
São Gonçalo do Amarante
São João do Jaguaribe
Tabuleiro do Norte
Umari
Várzea Alegre
Em dezembro de 2023, o governo estadual e o Ministério da Integração fizeram uma primeira solenidade para assinar a ordem de serviço do Ramal do Salgado e de outra obra hídrica: a do lote 3 do Cinturão das Águas do Ceará.
O Cinturão também não está totalmente concluído, mas tem sido acionado desde 2021 para interligar as águas do rio São Francisco e o açude Castanhão.
Por este caminho, as águas passam pelas cidades de Jati, Missão Velha, Icó e Aurora antes de chegar a Lavras da Mangabeira, que será o local de chegada dos canais do Ramal do Salgado.
Outras obras hídricas
Nova fase de obras do Cinturão das Águas deve interligar as cidades de Barbalha, Juazeiro do Norte e Crato
Governo do Ceará/Divulgação
Recursos para seguir com duas obras que buscam garantir a segurança hídrica do Ceará foram também incluídos no pacote total de R$ 73,2 bilhões em investimentos do novo PAC: o Cinturão das Águas e o Eixão das Águas.
Cinturão das Águas: a rede de canais foi idealizada em 2013 para transportar as águas desde o município de Jati até outras cidades da região do Cariri, passando por Brejo Santo, Abaiara, Barbalha, Crato e Nova Olinda. Dividida em cinco lotes, a obra será feita agora no Lote 3, que começa em Barbalha, passa por Juazeiro do Norte e segue até o Crato, com 25,3 quilômetros de canais e 8,8 quilômetros de sifões.
Eixão das Águas: o projeto hídrico leva água do açude Castanhão até a Região Metropolitana de Fortaleza, com 255 quilômetros que vão também até o Complexo Portuário do Pecém. Aproximadamente 4 milhões de habitantes são beneficiados. Os recursos do PAC anunciados em 2023 são para obras de duplicação do Eixão das Águas.
Também nesta sexta-feira (5), o presidente Lula visita o trecho cearense de obra incluída nos recursos do PAC: a Ferrovia Transnordestina, que deve ligar os estados do Piauí, Pernambuco e Ceará, melhorando o fluxo de mercadorias entre os estados do Nordeste.
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