Cidade no ES proíbe plantio e determina corte de ‘árvore assassina’


Estudos apontam que a árvore espatódea pode intoxicar abelhas, insetos e até pássaros, como os beija-flores. Especialista defende que retirada da espécie deve ser estudada. Espatódea
Ananda Porto/TG
Moradores da cidade de Castelo, no Sul do Espírito Santo, estão proibidos de plantar uma árvore exótica considerada “assassina”. Trata-se da Espatódea (Spathodea campanulata), que, embora tenha uma beleza exuberante com suas flores de cor laranja, estudos apontam que elas podem intoxicar abelhas, insetos e até pássaros, como os beija-flores.
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Publicada no dia 16 de outubro de 2023, a Lei Municipal 4.316 também determina que as árvores que já estão plantadas no município deverão ser cortadas e as mudas produzidas ou em produção, descartadas.
De acordo com a legislação, quem descumprir as determinações, está sujeito ao pagamento de multa, que será estipulada e regulamentada por decreto do Poder Executivo Municipal.
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Lei municipal de Castelo, no ES, proíbe plantio de árvore considerada assassino
Reprodução
Por enquanto, a prefeitura de Castelo já catalogou oito árvores dessa espécie, que serão removidas no mês de maio para dar lugar a oitis, “devido a sua melhor adaptação e manejo em áreas urbanas”, segundo nota da Prefeitura de Castelo.
Questionada sobre a necessidade da lei, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) do município explicou que a árvore é fatal para as abelhas, que são insetos fundamentais para polinizar em torno de 80% das plantas e culturas agrícolas. Ou seja, o pólen da árvore pode matar abelhas e, consequentemente, prejudicar a proliferação de outras espécies da flora.
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A Semma também pediu que as pessoas que detectarem essa árvore em suas propriedades que acionem a prefeitura, solicitando a retirada da espécie pelo telefone (28) 3542-3660 – ramal 360.
Outras prefeituras
Espatódea
Fotos: Ananda Porto/TG
Castelo não é a primeira cidade do Espírito Santo a proibir o plantio de espatódeas e determinar o corte e o descarte de mudas. No dia 27 de julho de 2023, Vitória também proibiu o plantio e determinou a suspensão da árvore por meio da Lei Municipal 9.950/2023
Além da capital, a Prefeitura de Afonso Cláudio, na Região Serrana do Espírito Santo, publicou um decreto com a mesma determinação no dia 17 de dezembro.
Decreto proíbe plantio de Espatódea em Afonso Cláudio, na Região Serrana do Espírito Santo
Reprodução
A Prefeitura Linhares e de Barra de São Francisco, na Região Norte, e a Prefeitura de Venda Nova do Imigrante, também na Região Serrana, publicaram a supressão de árvores da mesma espécie no mesmo ano.
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A espatódea atinge de 7 a 25 metros de altura e tem belas flores de cor laranja. Também conhecida como Bisnagueira, Tulipeira- do-Gabão, Xixi-de-Macaco ou Chama-da-Floresta, a planta é originária das florestas tropicais do Oeste da África. No Brasil, a espécie foi introduzida como uma planta ornamental.
Retirada das árvores deve ser estudada
Espatódea, árvore exótica inspirou canção.
Ananda Porto/TG
De acordo a professora do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Tânia Mara Guerra, existem alguns estudos com abelhas nativas (sem ferrão) que associam a toxicidade das flores da espatódea com a mortalidade das abelhas.
“Isso é o que leva as prefeituras, até orientada pelos apicultores, a cortarem essas árvores”, explicou a professora.
No entanto, a docente ressaltou que a retirada das árvores deve ser feita de forma planejada para que outras espécies que dependem destas árvores, como papagaios, maritacas e até beija-flores, não sofram com isso.
“Esses animais não procuram essas árvores pela vontade de conhecer algo diferentes. Eles procuram porque não tem outras ao redor e precisam se alimentar”, enfatizou Tânia.
Espatódea (Spathodea campanulata)
João de Deus Medeiros/ Arquivo pessoal
Ainda de acordo com a professora, a retirada das espatódeas sem analisar os impactos ambientais pode ser pior do que o dano causado pelas árvores vivas.
“A decisão de não plantar mais é aceitável. No entanto, quando se trata de retirar as árvores já existentes, os impactos devem ser analisados. Nosso problema não é só tirar a flor, mas primeiro ofertar outras opções nativas para os animais que dependem da espatódeas também. É necessário fazer um estudo de onde estão essas árvores, como substituí-las e definir outros detalhes”, completou.
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