Reajuste de 17%, passando de R$ 6 para R$ 7, já foi aprovado e pode entrar em vigor assim que decreto for publicado. Tarifa do transporte público de Poços de Caldas pode se tornar uma das mais caras do país
A tarifa do transporte coletivo de Poços de Caldas (MG) vai ser uma das mais caras do Brasil: R$ 7. O reajuste de quase 17% foi aprovado e a prefeitura deve publicar o decreto nos próximos dias. A queda no número de passageiros é um dos motivos que impulsionaram o aumento.
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O novo valor será maior do que em todas as capitais. Hoje a capital que possui o maior valor cobrado no transporte público é Florianópolis (SC), onde a passagem aumentou recentemente para R$ 6,90.
Com os preços mais altos e poucas linhas atendendo o bairro onde a Alethéa mora, ela passou a usar o transporte por aplicativo.
Tarifa do transporte público de Poços de Caldas pode se tornar uma das mais caras do Brasil
Reprodução EPTV
“Hoje em dia compensa mais pegar um aplicativo pela tarifa que acaba sendo mais ou menos equivalente ao que eu pagaria no transporte público. Isso porque eu moro não tão longe do Centro, mas eu imagino pessoas que moram, por exemplo, na Zona Sul e outros lugares, acabarem não compensando. Mas pra mim hoje em dia é mais viável o aplicativo”, disse a secretária Alethéa Brito Dunder Tatajuba.
No ano passado, a Auto-ônibus Floramar chegou a fazer um pedido para a prefeitura para que o preço da passagem passasse R$ 6 para R$ 8,20. O pedido foi analisado numa comissão da prefeitura e ficou definido que o valor será de R$ 7.
Segundo a prefeitura, o principal motivo para a empresa solicitar esse aumento é a queda no número de passageiros que utilizam o transporte público.
Outros meios de transporte como os de aplicativo e a alta nos custos de combustíveis e insumos também impactam na conta das empresas.
“O principal é a queda de passageiros. Então nós tínhamos uma previsão de 661 mil passageiros, nós estamos chegando perto de 630 mil, mas a tendência é de queda. Então nós sabemos que com o aumento da tarifa, possivelmente, potencialmente, o número de passageiros vai cair ainda mais e isso o sistema vai acabar tendo mais um desequilíbrio. Antes da pandemia, o número era de 1 milhão e 22 mil pagantes e 1 milhão e 400 mil pessoas transportadas antes do período pandêmico. E agora nós estamos enxergando aí perto de 600 mil pessoas, que é praticamente metade do sistema, e isso é muito prejudicial”, explicou o secretário Rafael Tadeu Conde Maria.
Tarifa do transporte público de Poços de Caldas pode se tornar uma das mais caras do Brasil
Reprodução EPTV
Subsídios e tarifa zero
Uma das soluções encontradas por muitos municípios para reduzir o valor da passagem e atrair os usuários é a concessão de subsídio às empresas, ou seja, a prefeitura repassa para as empresas parte do valor da passagem, prática que já é adotada nas outras maiores cidades da região.
Em Varginha, por exemplo, a passagem custa R$ 6,60, mas com o repasse da prefeitura, a população paga R$ 5,00. Em Pouso Alegre, o subsídio é ainda maior e os moradores pagam R$ 3,00. E em Passos, a tarifa é de R$ 3,90 para os moradores.
Cidades menores, como Machado, que tem cerca de 38 mil habitantes, adotaram o tarifa zero. A prefeitura por lá paga 100% do transporte. Poços de Caldas já estuda a possibilidade de conceder o subsídio.
“Muitas vezes existe simplesmente o pagamento desse subsídio sem que a população consiga ver o retorno disso. E o retorno não é apenas com uma passagem mais barata ou uma passagem que tem o seu preço congelado. É muito importante que a população possa ter o máximo possível de linhas disponíveis, que os carros, ou seja, os veículos possam ser economicamente não poluidores, garantindo assim a proteção ao meio ambiente, que possa também garantir a acessibilidade às pessoas com deficiência”, disse o professor de Direito Econômico, Bruno Fraga.
Bruno explica ainda que é preciso um estudo detalhado para que esse valor repassado à empresa não afete outros serviços essenciais.
“Aqueles municípios que preventivamente realizam bons estudos dos seus impactos, dos custos dos cofres públicos, do transporte público, consegue já antecipar não apenas se haverá ou não a necessidade dos subsidio, mas de que maneira que esse subsídio irá auxiliar a população”, completou o professor.
“Eu acho que tem que ser um estudo, realmente, e eu acredito que seja viável. Em outras cidades, em grande porte, em menor porte, como aqui de Machado, que é aqui na Região do sul de Minas, já possui tarifa zero, então eu acredito que o nosso município também seja a melhor solução. Eu acho que a tarifa mais justa seria uma tarifa zero”, opinou a secretária Alethéa Brito.
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