Por muito tempo, crescemos ouvindo que a velhice é sinônimo de decadência física, mental e estagnação. Essa ideia, infelizmente, reflete uma visão social ultrapassada que não valoriza o potencial dessa etapa da vida. Entretanto, são os próprios idosos que estão provando que envelhecer não é o fim de tudo. Pelo contrário: é uma oportunidade de se reinventar.
Atualmente, os idosos querem mais do que apenas ‘descansar’. Eles buscam viajar, namorar, praticar esportes, empreender e se engajar em atividades sociais e culturais. Além disso, a tecnologia tem sido uma grande aliada, conectando pessoas, abrindo portas para novos aprendizados e oferecendo formas inovadoras de entretenimento.
Apesar de tantos avanços, a velhice também traz desafios. Condições como doenças crônicas, limitações físicas, perda de entes queridos e, em alguns casos, a falta de suporte familiar, podem impactar a saúde mental. Não é raro que fatores como esses aumentem o risco de ansiedade, depressão e declínio cognitivo.
Por isso, assim como em todas as fases da vida, a saúde mental na terceira idade é um tema que merece mais atenção. A depressão, por exemplo, afeta muitos idosos, mas seus sintomas nem sempre são reconhecidos de imediato. Enquanto em outras faixas etárias a tristeza, a apatia e a falta de motivação são sinais clássicos, nos idosos os sintomas costumam ser mais físicos, como cansaço extremo, dores e alterações no apetite e no sono. Isso faz com que muitos passem por inúmeros exames e consultas até receberem o diagnóstico correto.
Já a ansiedade, outra questão importante, também merece cuidado especial. Na velhice ela pode se agravar, pois esse é um período marcado por uma série de mudanças e reformulações. A aposentadoria, por exemplo, pode gerar uma falta de sentido na vida; a perda de entes queridos e o afastamento dos filhos podem intensificar a sensação de solidão; e até mesmo limitações físicas e condições financeiras podem aumentar as preocupações com o futuro.
Além disso, alguns sintomas, como perda de energia diária, esquecimentos frequentes e diminuição da capacidade de concentração, são vistos pelos familiares como ‘naturais da idade’, -um equívoco que acaba atrasando o diagnóstico e o tratamento adequados.
Envelhecer não precisa ser sinônimo de preocupação constante. Ainda não inventaram pílulas de longevidade, mas, com ações simples, é possível viver essa fase com mais leveza e bem-estar. Praticar exercícios físicos, estimular a mente por meio de leituras e jogos, fortalecer os laços sociais- participando de grupos comunitários, passeios ou encontro com amigos – ajuda a combater o isolamento e fortalecer a autoestima.
Cuidar da saúde mental na terceira idade não é apenas uma questão individual – é uma responsabilidade de todos. Dar atenção a esta fase da vida nos possibilita enxergar que ela é repleta de possibilidades. Hoje, os idosos estão assumindo um novo perfil, que inclui visual renovado, maior liberdade e disposição para realizar o que realmente faz bem. Envelhecer é também o início de novas histórias para contar. Créditos: Joselene L. Alvim- psicóloga/neuropsicóloga