Canabidiol: como a maconha medicinal funciona em tratamentos de epilepsia

Governo de São Paulo vai fornecer gratuitamente medicamento a base da substância para pacientes com doenças raras; entenda como funciona. O acesso a remédios com canabidiol
A rede pública de saúde do estado de São Paulo vai fornecer medicamentos à base de canabidiol (CBD) a partir do dia 5 de maio.
Desde 2015, a Anvisa permite a importação de produtos a base de cannabis, mas é a primeira vez que o Sistema Único de Saúde inclui a maconha medicinal ao seu rol de tratamentos no estado, facilitando o acesso de famílias mais pobres.
Pacientes que usam a cannabis medicinal poderão ter acesso gratuito ao tratamento ao tratamento das seguintes doenças:
síndromes de Dravet;
síndrome de Lennox-Gasteau;
e esclerose tuberosa.
“Classicamente são epilepsias que já acometem na infância, ou seja, as crianças já começam a ter essas crises convulsivas com essas doenças”, explica o psiquiatra e neurocientista José Alexandre Crippa, professor da Faculdade de Medicina da USP Ribeirão Preto. “Foi descoberto na década de 70 que o canabidiol, um dos compostos da cannabis sativa, poderia melhorar essas condições.”
Segundo o pesquisador, há várias hipóteses que explicam a eficácia da substância em tratamentos anticonvulsivos.
“Provavelmente porque esse tipo de epilepsia envolve o sistema endocanabinoide”, explica. “São alguns receptores para canabinoides [já] presentes no cérebro.”
O sistema endocanabinoide tem um funcionamento independente da cannabis no corpo humano. Ao se conectarem com outras substâncias do corpo, os receptores para canabinoides são ativados. Entenda mais aqui.
“[Há] talvez também outros mecanismos envolvidos como, por exemplo, o efeito antioxidante, o efeito anti-inflamatório do canabidiol, e um efeito também sobre alguns outros receptores chamados vaniloides”, detalha Crippa em entrevista a Julia Duailibi no podcast O Assunto.
Ouça a entrevista completa no podcast O Assunto
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