Terreno entre o Morro do Moreno e a Praia do Ribeiro em Vila Velha, na Grande Vitória, tem mansão com duas praias particulares. Imobiliária anuncia ‘Ilha da Xuxa’ por R$ 35 milhões no ES
Uma imobiliária está anunciando a venda da “Ilha da Xuxa”, no Espírito Santo, por R$ 35 milhões. O anúncio oferece uma mansão com duas praias particulares entre o Morro do Moreno e a Praia do Ribeiro, em Vila Velha, na Grande Vitória. Oficialmente a ilha se chama Ilha dos Práticos, mas um boato de décadas atrás fez a ilha ser associada à rainha dos baixinhos e a população apelidou o local em homenagem à apresentadora.
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Ilha da ‘Xuxa”, no litoral do Espírito Santo
Luxury Properties/Divulgação
A ilha é alvo de polêmica devido ao acesso às praias, que são consideradas espaços públicos. No último dia 11 de janeiro, por exemplo, o Ministério Público Federal (MPF) pediu que a Justiça Federal aplicasse uma multa de R$ 10 mil ao administrador legal do local por intimidar banhistas que tentavam frequentar os balneários.
Caso o homem não cumpra as medidas determinadas, o órgão solicitou o valor vá para R$ 20 mil. O MPF não divulgou o nome do administrador da ilha, mas, no ano passado, a Justiça Federal condenou o empresário João Carlos Rodrigues Neto após denúncias de que ele coagia quem tentasse frequentar o local desde 2021. O g1 tentou falar com ele, mas o empresário não atendeu as ligações.
Mansão com duas praias
Mansão na Ilha da ‘Xuxa”, no litoral do Espírito Santo
Luxury Properties/Divulgação
A imobiliária, que se apresenta como atuante nos mercados de São Paulo, Rio de Janeiro, Miami, Orlando e Nova York (EUA) e Europa, informa que a ilha tem 19 mil m² de área total e uma casa principal de 213 m² com quatro quartos, sendo uma suíte, um banheiro interno e outro externo, cozinha com despensa, quarto de empregada com banheiro, ampla varanda e piscina com aquecedor.
O imóvel também dispõe de uma casa do caseiro que, segundo o anúncio, é ampla com dois quartos, sala, banheiro e varanda.
A ilha também tem luz elétrica direto da distribuidora de energia e energia solar, água encanada submersa direto da distribuidora e a propriedade é “devidamente registrada e aforada”, segundo a imobiliária. Várias fotos da ilha são apresentadas no site.
Por que Ilha da Xuxa?
Apesar do nome oficial do local e Ilha dos Práticos, conforme descrição nas cartas náuticas da Marinha do Brasil, o local também é conhecido como “Ilha da Baleia”.
Já o apelido em referência à apresentadora Xuxa Meneghel surgiu de um boato, como explicou ao g1 o pesquisador Manoel Goes.
“No final da década de 1990, houve um boato de que a Xuxa tentou comprar essa ilha, que fica próximo à pedra da Baleia. Daí ficou popularmente conhecida como Ilha da Baleia ou Ilha da Xuxa”, explicou.
Polêmicas
Em dezembro de 2023, a Justiça Federal condenou o administrador legal da ilha após denúncias de que ele coagia quem tentasse frequentar o local desde 2021.
Com a condenação, o homem ficou proibido de impedir que a população utilize a praia do local. Ele deveria ainda retirar as boias de sinalização instaladas de forma irregular no mar, que inibiam a aproximação de embarcações.
Ilha da ‘Xuxa”, no litoral do Espírito Santo
Luxury Properties
Em trechos do texto, a decisão destacou que o empresário “não poderá mais praticar qualquer tipo de ação ou omissão que dificulte o livre acesso e o usufruto da praia por banhistas, esportistas e a população em geral”.
No entanto, no dia 23 de janeiro deste ano, o MPF pediu que um empresário seja multado em R$ 10 mil por continuar descumprindo as medidas.
Segundo o órgão, no fim de 2024, uma família relatou que foi abordada por um “segurança” da ilha enquanto adolescentes jogavam vôlei na areia. Eles foram informados que não poderiam praticar esportes naquela praia porque o dono não permitia. Segundo o relato, o segurança ainda teria ameaçado soltar os cachorros, o que assustou a família.
Ilha da ‘Xuxa”, no litoral do Espírito Santo
Luxury Properties
Imagens anexadas à representação mostram também que o empresário afixou uma placa na areia afirmando ser proibida a prática de qualquer esporte na praia, fazer churrasco, jogar lixo e a presença de animais de estimação. Outra placa informa da suposta proibição de atracar a menos de 200 metros da praia.
O MPF pediu que ainda a ampliação do valor para R$ 20 mil no caso de novo descumprimento da ordem judicial. O órgão requer ainda que seja determinado ao réu que retire as placas, sob pena de multa diária de R$ 1 mil, em caso de descumprimento.
No pedido, o MPF ressalta que o empresário pode fazer a segurança pessoal e de sua residência, mas não pode exercer “poder de polícia” na praia contra pessoas que ele considera potenciais infratores.
O g1 questionou o MPF se o administrador legal da ilha pode perder o aforamento da ilha (tipo de concessão de uso de um terreno público ou privado, em que o ocupante paga uma taxa periódica ao proprietário, que geralmente é a União, estados, municípios ou uma instituição privada).
Segundo o órgão, o descumprimento das ordens judiciais não levaria a extinção do aforamento por parte do administrador legal da ilha.
O g1 também procurou a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) sobre a venda da ilha, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.
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