Juiz dos EUA impede Trump de congelar gastos federais em 22 estados


Casa Branca quer revisão em recursos usados para assistência, como pequenos empréstimos para empresas. Oposição afirma que gastos foram aprovados pelo Congresso e são obrigatórios. O presidente dos EUA, Donald Trump, durante conversa com imprensa a bordo do Air Force 1, em 25 de janeiro de 2025.
Mark Schiefelbein/ AP
Um juiz federal bloqueou temporariamente, nesta sexta-feira (31), o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de congelar empréstimos federais, subsídios e outras assistências financeiras para 22 estados.
A decisão de John McConnell, do tribunal de Providence, Rhode Island, ocorreu a pedido dos procuradores-gerais democratas de 22 estados e do Distrito de Columbia e impede o republicano de implementar uma política que havia alimentado confusão e temores sobre a interrupção de serviços essenciais financiados pelo governo por enquanto.
A ordem de restrição temporária permanecerá em vigor até nova ordem do tribunal, enquanto o juiz considera se deve emitir uma liminar mais longa.
O memorando que motivou o litígio veio do diretor interino do Escritório de Gestão e Orçamento, que propõe a interrupção do financiamento como parte do esforço mais amplo de Trump para reformar o governo federal.
O anúncio do congelamento
O governo dos Estados Unidos pediu que todas as secretarias e agências federais congelem parte dos gastos com “assistência” para revisá-los. A medida visa garantir que os recursos estejam em conformidade com as “prioridades do Presidente”, segundo um documento ao qual a AFP teve acesso.
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Trata-se de gastos relacionados a programas de assistência e atividades de apoio do Estado, para os quais cada agência deve realizar uma “análise completa”.
“Esta pausa temporária dará tempo à administração para revisar os programas e determinar o melhor uso dos fundos para as iniciativas que sejam consistentes com a lei e as prioridades do Presidente”, afirma o documento.
A ordem do gabinete de orçamento da Casa Branca, uma semana após a posse de Trump, ameaça interromper o desembolso de centenas de bilhões de dólares em fundos para governos locais, áreas da educação ou pequenos empréstimos para empresas.
Estão incluídos os programas relacionados à transição energética e aqueles previstos para áreas afetadas por desastres naturais.
A decisão segue uma outra ordem similar, que também congelou recursos de ajuda externa.
A medida não afeta os valores que chegam aos americanos através do sistema de seguro médico para aposentados, como o Medicare.
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Congresso reage
O presidente Donald Trump
Carlos Barria/Reuters
Trump venceu as eleições com promessas de enxugar vários setores do governo para reduzir os gastos públicos. O republicano deixou claro que pretende revisar todos os programas federais com base em seus objetivos políticos.
O memorando publicado na noite de segunda-feira (27) aponta a intenção do governo de “eliminar o peso financeiro da inflação sobre os cidadãos, acabar com as políticas ‘woke’ [progressistas] e a instrumentalização do Estado”.
“O povo americano elegeu Donald Trump e deu a ele um mandato para aumentar o impacto de cada dólar gasto pelo governo federal. Em 2024, de um total de quase US$ 10 trilhões [R$ 59 trilhões na cotação atual] em gastos federais, 3 trilhões estavam ligados a assistência financeira, empréstimos e doações”, insiste no documento o diretor interino do Escritório de Orçamento (OMB), Matthew Vaeth.
Mas o Escritório de Orçamento do Congresso americano (CBO), um órgão não partidário, estimou que o orçamento do Estado federal foi, na verdade, de US$ 6,75 trilhões (R$ 39,8 trilhões na cotação atual) no ano passado.
Não está claro se o presidente tem autoridade para interromper gastos aprovados pelo Congresso, que, segundo a Constituição, tem poder sobre o orçamento.
Os democratas acusaram imediatamente Trump de “desobedecer abertamente à lei” ao reter fundos que sustentam programas de assistência em todo o país.
O líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer, disse que o Congresso votou estes gastos e que eles “não são uma opção”, sendo sua execução uma obrigação legal.
Schumer declarou aos repórteres que a decisão de Trump é uma “facada no coração das famílias americanas” e que além disso é “ilegal” e “inconstitucional”.
“O presidente não tem autoridade para ignorar a lei e vamos lutar contra isso de todas as formas possíveis”, concluiu.
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