No total, foram emitidas mais de 30 mil receitas agronômicas, documentos emitidos por profissionais para certificar o uso correto dos defensivos agrícolas. Maioria das prescrições foi para uso em pastagens. Quatro municípios concentraram mais de 50% do uso de defensivos agrícolas no Acre
Samuel Bryan/Secom
O Acre chegou a mais de 1,8 milhão de litros de agrotóxicos utilizados em 2024, com quatro municípios concentrando mais da metade do uso. Os dados constam em um relatório da Coordenação de Fiscalização de Agrotóxicos e Afins (Cofia), do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf).
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🔎 O monitoramento é baseado nas receitas agronômicas emitidas, que, obrigatoriamente, devem ser encaminhadas ao Idaf por comerciantes. As receitas agronômicas são emitidas por engenheiros agrônomos ou técnicos agrícolas e são obrigatórios para a aplicação de insumos agrícolas. Ao todo, o número totaliza 1.804.437,86 litros.
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Segundo o estudo, o município com maior uso dos defensivos agrícolas foi Xapuri, com 287,2 mil, seguido por Plácido de Castro, com 261,2 mil, e Rio Branco, com 255,6 mil. O quarto município que completa a lista dos líderes é Senador Guiomard, com 220,2 mil litros. Estes quatro municípios acumularam 56,78% das prescrições de todo o estado. Veja abaixo por município:
O relatório ressalta que, apesar da estatística ser uma das principais ferramentas de fiscalização, pode ocorrer variações no grau de confiabilidade dos registros de emissões, já que “muitos dos profissionais responsáveis pela emissão desses receituários não realizam visitas às propriedades rurais para avaliar as condições locais nem diagnosticam os danos reais causados pelas pragas”.
Além disto, há o risco de aplicação em culturas não previstas ou em áreas urbanas, o que é proibido por órgãos como Anvisa, Ibama, e outros. Ao todo, foram 30.334 prescrições emitidas no estado em 2024.
“O uso inadequado de agrotóxicos, aliado a prescrições sem uma avaliação rigorosa, pode aumentar significativamente o risco de contaminação crônica e aguda em trabalhadores rurais e consumidores, ainda elevando os níveis de resíduos em produtos agrícolas e contaminando solos e águas”, destaca o estudo.
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Culturas aplicadas
A maior parte dos inseticidas ou pesticidas aplicados no estado foram destinados a pastagens, com mais de 1,2 milhão de litros utilizados (71,44%). “Isso reflete a relevância dessa cultura para a economia e a necessidade de controle de pragas e doenças em grandes áreas de pasto, que são predominantes no Estado”, acrescenta o relatório.
Entretanto, culturas como soja e milho, que também possuem importância econômica no Acre, tiveram 14,60% e 10,62%, respectivamente, do uso de agrotóxicos.
Uso de agrotóxicos no Acre
“Esses dados indicam que a gestão do uso de agrotóxicos no Acre é fortemente influenciada pelas características das culturas predominantes, como as pastagens, que demandam maior aplicação, e que há uma necessidade contínua de monitoramento para garantir a utilização responsável dessas substâncias, especialmente nas culturas de maior consumo”, destaca.
Estas aplicações ocorrem, principalmente, no controle de plantas daninhas como a Sida santaremnensis (guanxuma), Acacia plumosa (arranha gato) e Sida rhombifolia (guanxuma).
Defensivos utilizados
O relatório também revela os agrotóxicos mais utilizados de acordo com a concentração dos ingredientes ativos utilizados. Neste recorte, o 2,4-D foi o ingrediente ativo mais prescrito, com 31,15% do total, e 385.205,65 litros comercializados. “Este herbicida, amplamente empregado no controle de plantas daninhas em pastagens e cultivos, destaca-se como a principal substância ativa […]”, cita o documento. Logo depois, estão o Picloram (16,84%) e Glifosato (16,43%).
Uso de agrotóxicos no Acre em 2024
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