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Médico infectologista explica que nos estágios iniciais “é realmente difícil” diferenciar febre amarela, febre maculosa e dengue, mas equipes precisam estar bem treinadas para reconhecer os sinais. Famílias de vítimas de febre amarela reclamam de dificuldade no diagnóstico na região
O caseiro Eliezer Henrique Terenzi, de 39 anos, morto por febre amarela, trabalhava em um rancho em Sousas, distrito de Campinas (SP). Os primeiros sintomas apareceram em 22 de janeiro, e óbito ocorreu em 3 de fevereiro, após uma peregrinação por hospitais e unidades de pronto atendimento em Pedreira (SP) e Jaguariúna (SP).
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Durante as quatro idas às unidades de saúde, Eliezer foi tratado por suspeita de febre maculosa e dengue, chegando até a receber atestado por essas doenças. E morreu sem saber o diangóstico.
Para familiares do caseiro, situações como essa não podem se repetir, e é preciso que as equipes médicas estejam atentas a todos os sinais.
“Se atentar mais sobre os tipos de casos para não acontecer de novo. Para não perder mais ninguém. Não queria que acontecesse com outras famílias o que aconteceu com a nossa”, destaca Rodrigo da Silva, cunhado da vítima.
O médico infectologista Plínio Trabasso explica que nos estágios iniciais é realmente difícil diferenciar febre amarela, febre maculosa e dengue, mas as equipes precisam estar bem treinadas para reconhecer os sinais.
“Sempre estar atento aos alertas da Vigilância Epidemiológica, tanto municipais quanto estadual, que semanalmente, e eventualmente até mais amíúde, dependendo do risco, emitem relatórios de alerta do número de casos e os sinais mais frequentes que estão sendo observados na situação em particular, e que vão orientar a conduta dos exames de diagnóstico e eventualmente a conduta terapêutica”, diz.
Ainda segundo Trabasso, é muito importante que os pacientes relatem antecedentes, como o contato com animais silvestres e os locais visitados antes do aparecimento dos sintomas.
“Ter contato com animal silvestre sempre vai levantar a possibilidade desta doença [febre amarela] estar acometendo nosso paciente, e a partir daí a indicação da internação, a indicação da coleta dos exames para confirmação diagnóstica, e obviamente a instituição das medidas terapêuticas”, orienta.
O caseiro Eliezer Henrique Terenzi, de 39 anos, morto por febre amarela, trabalhava em um rancho em Sousas, distrito de Campinas (SP)
Reprodução/EPTV
O que é a febre amarela
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos infectados. Ela possui dois ciclos de transmissão: silvestre (quando há transmissão em área rural ou de floresta) e urbano.
Os sintomas iniciais da febre amarela são:
Febre
Calafrios
Dor de cabeça intensa
Dores nas costas
Dores no corpo em geral
Náuseas e vômitos
Fadiga e fraqueza
Em casos graves, a pessoa infectada por febre amarela pode desenvolver sintomas como:
Febre alta
Icterícia
Hemorragia
Eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 20% a 50% das pessoas que desenvolvem febre amarela grave podem morrer. Assim que surgirem os primeiros sinais e sintomas, é fundamental buscar ajuda médica imediata.
Peregrinação
No caso de Eliezer, ele buscou ajuda inicialmente no hospital em Pedreira (SP), por uma proximidade geográfica, mas segundo os familiares, jamais ficou internado e teve a suspeita de febre maculosa apontada em um atestado.
Com a piora dos sintomas, foi levado pelo cunhado ao mesmo hospital dois dias depois, novamente sem qualquer mudança no contexto do atendimento. “Achava que iria internar, mas só deu soro e depois a receita do medicamento”, recorda Rodrigo da Silva.
Já no dia 27 de janeiro, o caseiro foi levado pelo patrão ao Hospital de Jaguariúna, onde a suspeita foi de dengue, sem ficar internado. A irmã Letícia Terenze conta que chegou a relatar para os médicos que Eliezer estava com os olhos e a pele amarelados.
“Tava com o olho muito amarelo, e a pela amarela. [Falei] na segunda, antes da internação, que foi na terça. A médica falou que a dengue pode causar isso porque as plaquetas estavam baixas”, disse Letícia.
No dia 28, Eliezer passou mal e foi levado à UPA de Jaguariúna, já em estado grave, sendo entubado e transferido ao hospital municipal, onde veio a óbito em 3 de janeiro.
A família só soube da confirmação da febre amarela após a divulgação, pela Secretaria de Saúde de Campinas, do caso no dia 6 de fevereiro.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Campinas destacou que o paciente não passou por unidades dlo SUS municipal e que ao ter a morte confirmada pela doença, decidiu fazer a comunicação rápida à população em virtude da necessidade de alertar sobre o risco de circulação do vírus, e portanto, da vacinação em dia para evitar novas mortes.
A Secretaria de Saúde de Campinas afirma que buscou contato com a família desde o momento da confirmação, mas não teve sucesso.
Vacinação
A orientação da pasta é que em Campinas, todos os moradores a partir de 9 meses, que não receberam a dose, devem ir aos postos de saúde para aplicação.
Crianças: 1 dose com 9 meses e 1 dose de reforço aos 4 anos de idade.
A partir de 5 anos, adolescentes, adultos e idosos: somente uma dose. Quem não tiver comprovante ou certeza de que já recebeu o imunizante, deve receber nova vacina.
Vacina contra febre amarela
Rodrigo Nunes/MS
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