
Plantas foram descobertas durante mapeamento para a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) Serras e Águas de Piumhi, no Centro-Oeste de Minas. Nova espécie da família do Girassol – Piumhi
João Lobo/Divulgação
Uma nova espécie de planta da família do girassol foi descoberta por pesquisadores em Piumhi, no Centro-Oeste de Minas. Também durante o trabalho, uma planta que não era vista na cidade há mais de 200 anos foi reencontrada, segundo os pesquisadores.
A pesquisa começou em novembro de 2023 com a realização da primeira expedição. Em março de 2024 houve a segunda expedição na região da Cachoeira da Belinha, onde aconteceram as descobertas.
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O trabalho começou através do movimento Amigos do Araras e da Belinha, coordenado por Igor Messias da Silva. O objetivo é fazer um mapeamento ambiental da cidade para que sejam criadas áreas de proteção ambiental.
O trabalho contou com pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), do Museu Nacional e da Universidade Estadual de Feira de Santana localizada na Bahia.
“Imaginávamos que iriamos encontrar coisas mais triviais, normais, mas as coisas começaram a caminhar para umas descobertas muito interessantes. Tivemos a grata surpresa de encontrar uma espécie que até então, não está descrita pela ciência”, disse Igor.
Girassol
O g1 conversou com o botânico João Lobo, da UFJF, que comandou as expedições em campo. A reportagem também falou com a botânica Maria Liris Barbosa da Silva, responsável por descrever a nova espécie para a ciência.
“Por nossa experiência, ainda no campo, conseguimos já determinar as espécies de muitas plantas. Piumhi tem demonstrado ser um lugar muito especial para a biodiversidade, temos encontrado várias plantas raras e registros inéditos. Porém, essa Asteraceae me chamou muita atenção porque não me lembrava nada que já tivesse visto”, afirmou João Lobo.
Ainda segundo o pesquisador, a possibilidade de se tratar de uma nova espécie de planta da família do girassol chamou a atenção dele, que decidiu investigar a planta.
“Quando retornei do campo, enviei para um amigo que é especialista no grupo e ele me confirmou que se tratava de uma espécie nova, que estava sendo analisada pela Liris. É uma notícia que para nós cientistas confirma a importância de Piumhi para a biodiversidade de Minas Gerais e do Brasil, além da necessidade urgente de se proteger essas localidades”.
O trabalho ainda segue, pois Liris, que também está estudando a planta, está descrevendo-a de forma cientifica para que ela então seja aceita e oficializada como novo espécie.
“A espécie ainda não foi formalmente aceita. O artigo que descreve ela está em processo de avaliação na revista científica que foi submetido. A espécie ocorre até então nos arredores da Serra da Canastra, região de Capitólio, Delfinópolis. Foi muito importante saber que essa espécie tem uma área de distribuição maior com o registro em Piumhi”, enfatizou Liris.
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Após 200 anos..
Planta coletada por Auguste de Saint-Hilaire em Piumhi, em 1819
Divulgação
Durante a expedição, a equipe também reencontrou uma planta que não era vista na região há pelo menos 200 anos. Segundo Igor, a planta foi coletada em abril de 1819, em Piumhi, por Auguste de Saint-Hilaire, um naturalista francês que veio ao país a convite de Dom João VI em 1819.
“Ele passou por Piumhi e realizou a coleta de uma planta que foi levada para o Museu de História Natural de Paris, ela se encontra lá, e ela é o que determina essa nova espécie. Essa coleta [coleta feita por Auguste] está completando 205 anos, mais de dois séculos que ela foi realizada”, contou Igor
Para Igor, o reencontro desta planta demonstra e mais uma prova da importância da biodiversidade de Piumhi.
Planta reencontrada após 200 anos em Piumhi
Igor Silva/Divulgação
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