Conheça escola sem fins lucrativos que atende gratuitamente 80 alunos com deficiência e necessidades especiais em Belém


Criado em 1991, Centro Integrado de Educação Especial (CIEES) busca promover autonomia e habilidade de seus alunos, além do potencial para mercado de trabalho. Apesar do papel importante, escola enfrenta 1 ano de espera por renovação de convênio com Secretaria de Educação do Estado (Seduc). Alunos do Centro Integrado de Educação Especial (CIEES), em Belém.
Divulgação
O Centro Integrado de Educação Especial (CIEES), em Belém, é uma escola sem fins lucrativos que atende gratuitamente cerca de 80 alunos com deficiências intelectuais e físicas, além de pessoas com autismo e outras condições e necessidades psicomotoras.
A instituição foi fundada em 1991 por pais que vivenciaram a dificuldade de encontrar um local adequado para a educação dos filhos especiais na capital paraense naquela época. Nos quase 34 anos de existência, mais de 500 estudantes já passaram pelo Centro.
“Fui aluno do CIEES, que me encaminhou ao mercado de trabalho. Fiquei na oficina de jardinagem [da escola] e consegui emprego de carteira assinada”, contou em depoimento Fábio Ramos, de 42 anos, que estudou no Centro quando mais novo.
No espaço, o atendimento é voltado para jovens e adultos a partir de 14 anos e sem limite de idade. De acordo com a diretoria, os alunos chegam após indicações sobre o lugar ou vêm encaminhados pela Coordenação de Educação Especial (Coees), da Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc).
Comunidade pede renovação de convênio para que escola inclusiva siga atendendo alunos
Metodologia: desenvolvendo habilidades e autonomia
🧠 Ao longo dos anos, além de se preocupar com os aspectos relacionados à escolaridade, o CIEES tem o papel fundamental de proporcionar, na prática, a inclusão social dos alunos, por meio de atividades que promovem a autonomia de cada um deles e oficinas para o engajamento no mercado de trabalho.
“É preciso entender que em todos os ciclos da vida, as pessoas com deficiência precisam se integrar às atividades educativas. Atividades essas que têm feito grande diferença na vida dos que já passaram e dos que estão no CIEES, com relatos de gratidão dos pais e responsáveis pelo avanço cognitivo dos alunos”, pontuou a presidente da Associação de Pais da instituição, Rosana Lasmar.
Estudante são atendidos conforme suas necessidades e participam de aulas de pintura e arte.
Arquivo pessoal
📙 O Centro atende os alunos em dois turnos, de manhã e de tarde. Além das chamadas Atividades de Vida Autônoma (AVA), o local oferece conteúdo programático em psicologia, linguagem oral e escrita, noções de linguagem matemática, arte, psicomotricidade, informática educativa, esporte e lazer.
No espaço, após avaliação psicopedagógica, é traçada uma programação de acordo com as necessidades e com o nível cognitivo dos estudantes. A partir disto, são trabalhadas as habilidades, interesses e a criatividade de cada um deles.
“Os jovens adultos precisam de atendimentos especializados, porque com eles ficando apenas em casa, as questões de saúde mental e física se agravam, o que pode gerar quadros de depressão e outros transtornos”, reforçou Rosária Lasmar, que também é dentista especialista em pessoas com necessidades especiais.
Estudantes participaram da romaria da acessibilidade, que faz parte da programação que envolve o Círio de Nazaré, maior procissão religiosa do Brasil.
Arquivo pessoal
🫱🏻‍🫲🏾 Dentro das estratégias utilizadas nas oficinas e práticas escolares ocorrem as atividades extraclasse, com visitas a museus, exposições, passeios de socialização, cinema e teatro.
Segundo a instituição, o ano letivo segue o calendário da própria Seduc, com as boas-vindas aos alunos e a preparação dos alunos para as atividades ao longo dos meses.
Desafios: o risco de fechar as portas
Com a luta incansável dos familiares das crianças, em 1992, um ano após a fundação, o Centro conseguiu um convênio com o governo do Pará, por meio da própria Seduc que ficou responsável pelo aluguel do prédio onde a escola funciona, na travessa São Pedro, bairro Batista Campos.
O convênio deve ser renovado anualmente. Para 2024, a instituição se adiantou em organizar os trâmites e solicitou a renovação ainda em agosto de 2023. Apesar da antecedência, o processo continua sem resposta e o local está com o aluguel, que custa R$ 5.100 por mês, atrasado há 12 meses.
Aluna do Centro sorri para a câmera durante atividade educativa com colegas e professoras.
Reprodução / Redes sociais
Em nota, a Seduc informou que o pagamento está em fase de regularização. Questionada sobre o a demora do processo e as políticas na área da educação inclusiva e pública no estado, o órgão não respondeu.
Pais, irmãos e profissionais que trabalham no CIEES temem o risco de que a escola especializada feche as portas.
VÍDEO AQUI
Daniela Sampaio tem um irmão de 42 anos que estuda no Centro. Nas redes sociais, ela compartilhou o sentimento de angústia e pediu pela renovação que garante a existência e o funcionamento do local.
“O CIEES é o lugar onde ele [irmão] entende a sua importância, além de aprender diversas habilidades. Sou extremamente grata pela autonomia que ele desenvolveu, pela melhora no quadro comportamental. […] Estamos há meses sem respostas. Nós e os 80 alunos merecemos respeito. […] Uma escola inclusiva está correndo o risco de ser excluída”, lamentou.
Um dos vídeos chegou a mais de 14 mil visualizações. Nos comentários, outras pessoas, entre familiares e voluntários, reforçaram o pedido e a importância da escola.
“Essa escola é mais que um centro especializado, é um lugar que acolhe, é um lugar onde os alunos constroem vínculos, partilham suas experiências de vida, suas trajetórias. No CIEES a aprendizagem é para a vida”, comentou uma internauta.
Comentário em vídeo sobre a importância do funcionamento do Centro Integrado de Educação Especial (CIEES), em Belém, que pode fechar caso não haja renovação do contrato com a Secretaria de Educação do Pará (Seduc).
Reprodução / Redes sociais
“Nossa solicitação é para que o CIEES possa receber da Seduc uma maior atenção, levando em conta que são quase 34 anos de serviços prestados à comunidade paraense; um olhar mais acurado para este caso que muito tem a ver com a lei n° 13.136/2015, que visa promover a inclusão e cidadania de pessoas com deficiência no nosso país”, completou Rosária.
📲 Acesse o canal do g1 Pará no WhatsApp
VÍDEOS com as principais notícias do Pará
Confira outras notícias do estado no g1 Pará.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.