Brasileiro que escapou de rave bombardeada pelo Hamas diz estar tranquilo após ataque do Irã: ‘a gente confia’


Rafael Birman, de 31 anos, mora em Tel Aviv. Segundo ele, sensação diante do bombardeiro iraniano é de tranquilidade em relação ao primeiro ataque do Hamas, que deixou vários mortos em outubro de 2023. Rafael Birman conseguiu escapar de ataque a rave em outubro do ano passado
Reprodução/Redes sociais
O brasileiro Rafael Birman, de 31 anos, que estava na rave Universo Paralello atacada pelo grupo extremista Hamas em outubro de 2023, em Israel, continua morando no país do Oriente Médio e afirma estar tranquilo apesar do ataque do Irã com 300 drones e mísseis no último sábado (13). Ao g1, nesta segunda-feira (15), ele contou que desta “todo mundo estava preparado” em Tel Aviv.
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“A gente confia muito no sistema de defesa israelense. Então, no final das contas a gente sabia que estava seguro”, afirmou Rafael, que se apresenta como um “sobrevivente” nas redes sociais, desde que escapou com vida do festival de música eletrônica em uma cidade perto da Faixa de Gaza.
Para se ter ideia, o carro alugado com o qual foi para a festa levou mais de 200 tiros. O consultor de fraude bancária chegou a voltar para o Brasil, em novembro de 2023, mas retornou a Israel em janeiro.
“Os ataques do Hamas foram muito mais preocupantes, né? [Era] sirene tocando toda hora. Gaza é a uma hora e meia de Tel Aviv. Então, é mais preocupante, mas como eles não têm mais poder de fogo, está tudo bem tranquilo. Agora, um ataque que vem do Irã, mesmo sendo a primeira vez e com um poder de fogo bem maior, o país todo estava preparado”.
‘Pessoas estavam bem preparadas’
Em conversa com a equipe de reportagem, Rafael contou que os moradores de Tel Aviv estão relativamente despreocupados. Ele disse, porém, que a divulgação das imagens de mísseis entrando no espaço aéreo de Israel, em outras partes do país, como Jerusalém, onde foram ouvidas explosões, gerou um sentimento de tristeza.
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No sábado, o brasileiro contou ter ido dormir às 22h, horário local. Ele acordou às 9h de domingo (14) com diversas mensagens no celular, principalmente de amigos. Apesar disso, informou não ter recebido alertas que apontassem para um perigo iminente.
“Na cidade todo mundo está bem tranquilo. Os mercados estão abertos, as lojas, shoppings. Só as escolas que estão fechadas. Mas, fora isso, as pessoas estavam bem preparadas. E, também, em Tel Aviv não tocou sirene. Foi mais no Sul, no Norte do país, em Jerusalém”.
Segundo ele, amigos que moram em Tel Aviv e estavam acordados tampouco ouviram o barulho de sirenes. Rafael acredita que Israel tomará alguma providência, mas descarta uma retaliação com mísseis por acreditar que o país não deseje causar piores conflitos na região.
Rafael revelou ter planos de voltar para o Brasil no ano que vem para abrir uma consultoria no ramo profissional em que atua.
O ataque
Artefatos caindo sob Jerusalém
REUTERS/Ronen Zvulun
Na manhã de sábado, o Irã apreendeu um navio português e disse que a embarcação é ligada a Israel. A ação iraniana aumentou as especulações sobre a iminência de um ataque contra Israel.
▶️️ Tarde de sábado: Na expectativa de um ataque, as Forças de Defesa de Israel ordenaram a suspensão de aulas em todo o país e a restrição de aglomerações. Poucas horas depois, os militares afirmaram que o Irã havia lançado o ataque, enviando dezenas de drones para Israel.
Os drones não são tão rápidos quanto mísseis. Àquela altura, as autoridades sabiam que as aeronaves não tripuladas demorariam horas para chegar até Israel.
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▶️️ Preparação: Enquanto o ataque não chegava em solo israelense efetivamente, diversas ações foram tomadas. Entre elas:
O espaço aéreo foi fechado no Iraque, Líbano e Israel;
Israel posicionou caças e efetivo militar para conseguir derrubar os drones antes que eles atingissem os alvos;
sirenes foram acionadas em algumas regiões de Israel, alertando a população sobre o ataque.
▶️️ Aproximação: No caminho até o território israelense, parte dos drones foi derrubada por aeronaves de Israel, dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Jordânia.
Por volta das 19h (horário de Brasília), ainda antes de os artefatos chegarem a Israel, a missão do Irã na ONU afirmou que o ataque estava encerrado, referindo-se a ele com uma “ação legítima”.
“O assunto pode ser considerado encerrado. Contudo, se o regime israelense cometer outro erro, a resposta do Irã será consideravelmente mais severa”, escreveu o perfil da missão do Irã na ONU em uma rede social.
Além disso, o Irã confirmou que também havia lançado mísseis contra Israel. Ao todo, foram mais de 300 artefatos, entre drones e mísseis de cruzeiro e balísticos.
Irã dispara drones contra Israel
Arte/g1
▶️️ Explosões: Começaram a ser ouvidas em Jerusalém às 20h, pelo horário de Brasília. Imagens registraram drones sendo interceptados e destruídos pelas forças israelenses ainda no ar.
▶️️ Defesa: De acordo com o jornal “The Jerusalem Post”, o porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, afirmou que quase todos os drones foram derrubados por caças.
Israel também acionou o chamado “Domo de Ferro”, que consegue interceptar artefatos ainda no ar e explodi-los.
No entanto, uma agência estatal de notícias iraniana afirmou que mísseis lançados pelo país ultrapassaram a proteção.
Pouco depois das 20h, no horário de Brasília, as Forças de Defesa de Israel informaram que os moradores de Israel não precisavam mais se abrigar.
Em Teerã, capital do Irã houve comemoração durante o ataque.
Como funciona o Domo de Ferro
Arte/g1
▶️️ Vítima: O serviço nacional de emergência médica de Israel informou que uma menina de 10 anos ficou gravemente ferida, no deserto de Negev, por estilhaços de um artefato para interceptar drones.
Até a última atualização desta reportagem não havia informações sobre a existência de outros feridos.
A agência de notícias Associated Press informou que essa foi primeira vez que em o Irã lançou um ataque militar direto a Israel, apesar de mais de quatro décadas de uma inimizade que remonta à Revolução Islâmica de 1979.
Motivo
O ataque é uma retaliação do Irã contra Israel. Em 1º de abril, a embaixada iraniana na cidade de Damasco, na Síria, foi atingida. Treze pessoas foram mortas, incluindo o brigadeiro-general Mohammad Reza Zahedi, uma figura importante da força Quds, o ramo estrangeiro da elite da Guarda Republicana do Irã. Israel não reivindicou o ataque.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian, disse que “os avisos necessários foram dados aos Estados Unidos” sobre o ataque de retaliação. Após o Irã colocar os drones no ar, a Casa Branca chegou a afirmar que o ataque se desenrolaria por horas, o que não aconteceu.
Conheça o drone Shahed-136, utilizado pelo Irã para atacar Israel.
Arte/g1
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