![](https://s2-g1.glbimg.com/GQ2qDw-yl9RCX3M5p1JBV-NyeH0=/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/6/5/SA1lkBRheILcUHkvXAig/venda-mounja.jpg)
Comercialização do remédio dentro do mercado brasileiro é proibida e sua importação só pode ser feita por pessoa física, mediante receita médica. O medicamento é um tratamento específico para o diabetes tipo 2, mas muitas pessoas estão usando como método de perda de peso. Influenciadoras negociam ilegalmente venda de Mounjaro pela internet
Duas influenciadoras digitais de Fortaleza estão comercializando ilegalmente na internet o medicamento Mounjaro por R$ 6.900 na caneta completa e R$ 1.600 na dose fracionada. O remédio é divulgado nas redes sociais. (veja acima o áudio da negociação do remédio)
✅ Siga o canal do g1 Ceará no WhatsApp
Como ainda não há nenhuma investigação da polícia sobre a venda ilegal feita pelas influenciadoras, o g1 optou por não divulgar a identidade delas.
O medicamento injetável, que tem como princípio ativo a Tirzepatida, foi aprovado pela Anvisa como um tratamento específico para o diabetes tipo 2. Contudo, como ele também atua em hormônios relacionados à digestão e à saciedade, muitas pessoas estão buscando para a perda de peso.
A comercialização de Mounjaro dentro do mercado brasileiro é proibida e sua importação só pode ser feita por pessoa física, mediante receita médica.
LEIA TAMBÉM:
Mounjaro: como funciona o remédio com efeito superior ao Ozempic aprovado pela Anvisa
Passageiro é flagrado no aeroporto de Fortaleza com dezenas de canetas emagrecedoras nas meias e na cueca
Mesmo com essas determinações, pessoas que buscam o emagrecimento rápido ignoram as recomendações e buscam o mercado clandestino, colocando em risco a própria saúde.
O g1 questionou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) sobre os trâmites da polícia caso seja comprovada a venda ilícita do remédio, porém o órgão informou que nesse caso a fiscalização é desenvolvida pela Receita Federal, que controla o fluxo da entrada do remédio no país.
Influenciadoras se aproveitam da visibilidade
Influenciadora de Fortaleza anuncia venda de Mounjaro em seu perfil com mais de 50 mil seguidores.
Instagram/ Reprodução
É com essa promessa de investimento com garantia de emagrecimento rápido que as influenciadoras divulgam a venda de Moujaro em suas redes sociais. Uma delas, que tem mais de 50 mil seguidores, diz na biografia do Instagram que perdeu 16 quilos em 40 dias com o uso do remédio.
Ela também costuma mostrar diariamente a evolução de seu corpo e posta foto de supostas clientes que também tiveram sucesso com a medicação.
A mulher, que também é empresária, vende o Mounjaro por R$ 5 mil cada caneta completa com quatro doses. Já as doses fracionadas, variam conforme cada miligrama, ficando entre R$ 1 mil (7,5 mm) a R$ 1,6 mil (15 mg).
Para facilitar a compra, a influenciadora afirma que o preço do remédio pode ser dividido em até cinco vezes no cartão de crédito, porém o preço da caneta passa para R$ 5,5 mil.
Preços promocionais
Influenciadora fez mais promoção para clientes durante a venda ilegal de Mounjaro.
Instagram/ Reprodução
Outra influenciadora, que tem mais de 30 mil seguidores nas redes sociais e se apresenta como CEO de uma empresa de produtos naturais, é mais discreta em relação às publicações da venda de Mounjaro, repostando apenas vídeos de clientes que já usaram o medicamento que compraram dela.
Contudo, ela disponibiliza contatos de funcionárias com quem é possível conseguir informações sobre a compra do remédio e também disponibiliza promoções com o valor da caneta completa, com quatro doses, além de uma dose extra, saindo de R$ 6.900 para R$ 4.900 no pagamento à vista.
As doses fracionadas, que podem ser aplicada pela equipe dela, ficam entre R$ 900 (7,5 mg) a R$ 1.600 (15 mg).
Mesmo com os preços promocionais, o valor do Mounjaro vendido pelas influenciadoras fica acima do teto estabelecido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), que determina que o preço seja entre R$ 1.752,58 a R$ 3.952,37, dependendo da dose e do ICMS do estado.
Comércio ilegal
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a venda de medicamentos é exclusiva de farmácias e drogarias. Portanto, o comércio por pessoas físicas e fora de estabelecimento farmacêutico é irregular.
Caso seja comprovada a prática, conforme o órgão, a pessoa que vende pode até ser autuada pela polícia por contrabando, já que até o momento o fabricante não iniciou a comercialização do Mounjaro no Brasil.
“A Anvisa mantém mecanismos de monitoramento de venda de produtos irregulares, especialmente em plataformas de comércio eletrônico. Para o comércio local a fiscalização cabe às vigilâncias sanitárias locais. É fundamental que as pessoas adquiram medicamentos somente em farmácias e drogarias. A aquisição fora destes ambientes expõe o consumidor a um risco de produtos de origem desconhecida, falsos e fora de suas condições de conservação. Quando o medicamento é apreendido, seguindo as determinações da Anvisa os mesmos são destruídos”, disse a Anvisa em nota enviada ao g1.
Riscos à saúde
Médica alerta sobre os riscos à saúde no uso de Mounjaro de procedência duvidosa
A médica Bárbara Freire, pós-graduada em nutrologia, alerta que adquirir o Mounjaro de maneira irregular e sem acompanhamento médico pode trazer vários riscos a saúde.
“Ele é um medicamento que por si só já traz efeitos colaterais como náusea, lentificação do fluxo do trato gastrointestinal, deixando a digestão mais lenta. Além disso, se não tiver a armazenação correta, desnatura a medicação, podendo causar também azia, refluxo, diarreia, perda de cabelo, reação de hipersensibilidade e até mesmo, em casos mais graves, pancreatite”, disse Bárbara Freire.
Ainda segundo a médica, não há como garantir a eficiência do Mounjaro comprado de terceiros, e mesmo que a pessoa consiga emagrecer, é necessário a orientação de um médico e uma mudança no estilo de vida para evitar o efeito rebote.
“Se você faz sem orientação, você pode até emagrecer bastante quando você tá usando. Porém, se você não faz o desmame adequado do jeito que era para ser, que só os médicos sabem como é que faz, você vai ter o resultado do rebote. Tem gente que usa e engorda o dobro depois. Então, tem que ter a orientação correta nas clínicas”, afirmou a médica.
Fiscalização da Receita Federal
Receita Federal apreende 176 canetas de Mounjaro entre material de pesca em Fortaleza
Este ano a Receita Federal realizou duas apreensões de Mounjaro no Aeroporto de Fortaleza. Na primeira, ocorrida no dia 6 de janeiro, 176 canetas do remédio foram encontradas em uma carga de material de pesca proveniente de Miami, com destino à Fortaleza.
No mesmo mês, o órgão também flagrou um passageiro com dezenas de canetas do Mounjaro escondidas nas meias e na cueca. À época, a Receita não divulgou o caso e as imagens do ocorrido só passaram a circular esta semana.
Ao ser questionada sobre essa última apreensão, o órgão informou que não iria se pronunciar sobre o caso e não deu mais detalhes das circunstâncias que o material foi localizado.
Passageiro é flagrado no Aeroporto de Fortaleza com dezenas de canetas de Mounjaro escondidas nas meias e na cueca.
Reprodução
Conforme a Receita Federal, não houve quaisquer prisões de pessoas no momento das apreensões do medicamento.
“Em relação à apreensão de quantidades de medicamentos, que não sejam para uso pessoal, ou de grandes volumes do medicamento, não há previsão de pagamento dos tributos que permitam a liberação da mercadoria e nestes casos será dada a pena de perdimento. Se não for caso de liberação com pagamento de imposto (pessoa física com Receita médica, por exemplo) aplicamos a pena de perdimento”, falou a Receita.
“Quando o medicamento é apreendido, desde que esteja no prazo de validade e em condições de uso, poderá ser doado para órgão público municipal, estadual ou federal”, esclareceu o órgão.
Assista aos vídeo mais vistos do Ceará