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Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou nesta terça-feira (18) o ex-presidente e mais 33 pessoas pela tentativa de golpe de Estado em 2022. Se a denúncia for aceita pelo STF, Bolsonaro, Braga Netto, Mauro Cid e os outros acusados se tornarão réus e responderão processo penal no tribunal. 10 pessoas para entender a denúncia sobre a tentativa de golpe de Estado.
Arte/g1
A seguir, as datas e os fatos mais importantes na tentativa de golpe:
Em uma live, Bolsonaro e o então ministro da Justiça, Anderson Torres, apresentaram supostos indícios de fraudes nas eleições. Segundo o relatório da PF, que tem 884 páginas, a live fez parte da estratégia golpista para disseminar a narrativa falsa de existência de vulnerabilidade das urnas eletrônicas.
Meses antes da eleição de 2022, Bolsonaro usou o Palácio da Alvorada e a estrutura do governo para fazer uma apresentação a embaixadores de diversos países. Na reunião, repetiu suspeitas, que foram desmentidas por órgãos oficiais, sobre as eleições de 2018 e a segurança das urnas eletrônicas. O encontro foi foco de uma ação julgada pelo TSE em 2023 que tornou o ex-presidente inelegível até 2030.
Lula venceu o 2º turno das eleições com 50,9%. Bolsonaro teve 49,1% dos votos. O candidato derrotado ficou em silêncio e não discursou reconhecendo o resultado, como normalmente ocorre em processos democráticos.
Logo após o fim do 2º turno, o núcleo responsável em promover ações para desacreditar o processo eleitoral começou a atuar de forma mais incisiva, e bolsonaristas começaram a acampar em frente a quartéis. Segundo a PF, o núcleo operacional de apoio às ações golpistas estimulava os apoiadores de Bolsonaro a resistirem em frente às instalações das Forças Armadas.
Militares se reúnem na casa de Braga Netto para discutir plano de assassinato de autoridades. Uma semana depois, Bolsonaro recebe minuta de decreto que previa novas eleições, prisão de ministros do STF e de Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso. Bolsonaro pediu ajustes no documento.
A minuta de decreto que previa a ruptura democrática com novas eleições, prisão de ministros do STF e de Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso, é apresentada a Bolsonaro no Palácio do Alvorada.
O plano para matar ou sequestrar Moraes, Lula e Alckmin é impresso no Palácio do Planalto, em horário compatível com a presença de Jair Bolsonaro, Mauro Cid e Rafael Martins de Oliveira no imóvel.
Bolsonaro apresentou no Palácio da Alvorada a minuta do golpe ao ministro da Defesa e aos comandantes das Forças Armadas Freire Gomes (Exército), Carlos Almeida Baptista Junior (Aeronáutica) e Almir Garnier (Marinha). Segundo a PF, o apoio dos comandantes era fundamental para garantir o suporte armado para manter Bolsonaro no poder. Garnier colocou as tropas ‘à disposição’, mas os comandantes do Exército e da Aeronáutica (foto) foram contra, e a trama golpista não foi adiante por falta desse apoio.
Operação contra Moraes é iniciada, mas abortada às 20h59. Dois dias antes, celulares do grupo que assassinaria o ministro do STF foram identificados próximo à casa dele.
Às vésperas do fim do mandato, Bolsonaro deixou o Brasil e viajou para a Flórida, nos EUA. Com a viagem, Bolsonaro deixou claro que não passaria a faixa presidencial para Lula no evento de posse.
Sem a presença de Bolsonaro no evento em Brasília, Lula toma posse como novo presidente da República e assume seu terceiro mandato. Em um de seus discursos, o presidente criticou a postura de Bolsonaro durante o processo eleitoral e disse que o ex-presidente tinha uma visão de mundo centrada “no individualismo, na negação da política e na destruição do Estado”.
Apesar do fracasso do golpe em dezembro de 2022 e mesmo com o novo governo empossado, grupos bolsonaristas mantiveram os acampamentos em alguns quartéis e continuaram incitando atos de violência contra as instituições, o que culminou nos ataques às sedes do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal. Em 2 anos de investigação, 371 pessoas condenadas pelo STF por incitar ou executar os atos golpistas. As penas variam de três a 17 anos de prisão.