Qual a velocidade do seu intestino? Veja como descobrir e o que fazer


Diversos fatores podem influenciar o tempo de trânsito, como genética, alimentação e composição do microbioma. Entenda mais.
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Muita gente se preocupa com a qualidade dos alimentos que consome, analisando se são nutritivos e saudáveis. Mas você já parou para pensar na velocidade com que esses alimentos percorrem seu intestino? Esse fator é muito importante, pois a rapidez com que os alimentos passam pelo trato digestivo pode afetar sua saúde de várias maneiras.
Assim que engolimos a comida, ela inicia sua jornada pelo trato gastrointestinal, um longo caminho que começa na boca e termina no ânus. Durante esse percurso, o alimento passa por órgãos especializados: o estômago, que tritura e digere; o intestino delgado, que absorve os nutrientes; e o intestino grosso, responsável por absorver água e sais minerais.
O movimento dos alimentos pelo sistema digestivo é chamado de motilidade intestinal. Esse processo é parcialmente controlado pelas trilhões de bactérias presentes no intestino. O microbioma intestinal desempenha um papel fundamental, ajudando a desenvolver o sistema imunológico e a processar os alimentos.
Quando comemos, não estamos apenas nos alimentando – também estamos nutrindo esses microrganismos que vivem no intestino. Em troca, eles produzem pequenas moléculas chamadas metabólitos, que fortalecem a imunidade e ajudam o intestino a funcionar melhor, estimulando os nervos intestinais a contraírem e empurrarem o alimento adiante.
➡️Sem essas bactérias e seus metabólitos, o intestino teria mais dificuldade para empurrar os alimentos ao longo do seu trajeto. Isso poderia levar ao acúmulo de material ingerido, resultando em prisão de ventre e desconforto.
Tempo de trânsito intestinal
O tempo que os alimentos levam para percorrer todo o trato gastrointestinal é chamado de tempo de trânsito intestinal. Esse tempo varia de pessoa para pessoa. Estimativas recentes indicam que pode levar entre 12 e 73 horas para que um alimento seja completamente eliminado do corpo, com uma média em torno de 23 a 24 horas. Essas diferenças explicam, em parte, a variação no microbioma intestinal entre indivíduos e, consequentemente, sua saúde intestinal.
Diversos fatores podem influenciar o tempo de trânsito, como genética, alimentação e composição do microbioma.
Mas se o tempo de trânsito for muito longo (ou seja, se a motilidade intestinal for lenta), as bactérias no intestino grosso acabam produzindo diferentes metabólitos. Isso ocorre porque, assim como nós, esses microrganismos precisam de alimento – e sua principal fonte de energia é a fibra. Se a fibra demora muito para chegar ao intestino grosso, as bactérias precisam recorrer a outra fonte de alimento: a proteína.
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Esse processo pode levar à produção de gases tóxicos, aumentando o risco de inchaço e inflamação.
Além disso, a digestão lenta pode fazer com que restos de alimentos parcialmente digeridos fiquem presos no intestino delgado, favorecendo o crescimento excessivo de bactérias e causando sintomas como dor abdominal, náusea e distensão.
Por outro lado, um trânsito intestinal rápido também pode ser prejudicial.
E ansiedade, doenças inflamatórias intestinais (DII) e a síndrome do intestino irritável (SII) são algumas condições que podem acelerar o trânsito intestinal, resultando em fezes mais líquidas e com alto teor de água. Isso significa que o bolo fecal passou rápido demais pelo intestino, impedindo a absorção adequada de água e nutrientes. Em casos de doenças como a DII, isso pode levar à desidratação.
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Como testar a velocidade do seu intestino?
Existe um teste simples que pode ser feito em casa para avaliar sua motilidade intestinal: o teste do milho. Sim, é exatamente o que você está pensando.
O processo é fácil: evite consumir milho por 7 a 10 dias (a chamada fase de “limpeza”). Depois, anote o horário e coma uma porção de milho – pode ser uma espiga ou um punhado de grãos. Como a casca do milho não é digerível, ela atravessa o sistema digestivo intacta e aparecerá nas fezes.
O próximo passo é observar suas evacuações nos dias seguintes e anotar quando os primeiros grãos aparecem. Esse método caseiro não é definitivo, mas costuma fornecer um resultado semelhante a testes mais sofisticados.

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Se o milho reaparecer em menos de 12 horas, seu trânsito intestinal é rápido. Se demorar mais de 48 horas, é sinal de um trânsito intestinal lento.
Se o seu intestino for rápido demais, vale a pena procurar um médico para investigar possíveis causas. Já se for um pouco lento, mas sem outros sintomas incômodos como inchaço, dor abdominal, perda de apetite ou náusea, algumas mudanças na rotina podem ajudar: aumentar o consumo de frutas e vegetais para fornecer mais fibras às bactérias intestinais, beber mais água e praticar atividades físicas.
Assim, manter uma alimentação equilibrada é essencial para garantir um intestino saudável e funcionando bem.
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*Nick Ilott é pesquisador sênior e coordenador de bioinformática do Centro de Estudos do Microbioma de Oxford, na Universidade de Oxford.
**Este texto foi publicado originalmente no site do The Conversation.
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