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Laize Pereira de Araújo, de 51 anos, afirma que funcionário do INSS em Rorainópolis preencheu formulário. Em nota, Instituto disse ter orientado que agência ‘faça novo protocolo de requerimento em nome da segurada’. Servidora denuncia INSS após ter o pedido de renovação do auxílio-saúde negado
Uma mulher, de 51 anos, denunciou que teve o benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) cortado por estar presa em regime fechado, em Roraima. Ela, no entanto, nunca foi presa. O pedido foi negado no dia 17 de fevereiro de 2025. O requerimento para ter acesso ao benefício, segundo ela, foi feito por um funcionário da instituição.
Laize Pereira de Araújo trabalhava como auxiliar de serviços gerais em uma escola no município de São João da Baliza, no interior de Roraima. Mas, foi afastada da função pela prefeitura da cidade em junho de 2024, devido a uma apendicite.
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Ela solicitou o afastamento pelo INSS três meses depois, em outubro de 2024, depois de uma série de problemas de saúde, como pneumonia e hérnia abdominal. Laize passou por cirurgias para resolver os problemas, mas continuou a sentir dores e precisou de acompanhamento médico constante.
Com um novo atestado médico, que indicava que possuía múltiplas cirurgias e não poderia fazer esforço físico, ela tentou dar continuidade ao benefício por incapacidade temporária no dia 30 de janeiro de 2025, mas ele foi cessado.
Com isso, ela conta que foi até uma agência do INSS em Rorainópolis, município vizinho de São João da Baliza, e lá um servidor do Instituto preencheu o requerimento para continuar com o benefício. No dia, Luiza disse que não assinou nenhum papel porque o servidor disse que não precisava.
“Isso aí foi o próprio INSS que fez, não foi eu não. Nem foi eu que preenchi nada e nem foi a prefeitura. Os requerimentos da prefeitura estão tudo certinho. Quem fez esse papel, os preenchimentos dos papéis, tudo, que enviou tudo lá de Rorainópolis, foi o rapaz que atende de lá que mandou. Inclusive, eu até perguntei dele assim: ‘precisa assinar algum papel?’ e ele disse: ‘não, não há necessidade não, porque como é continuação do auxílio-doença, não há necessidade’. Aí ele só enviou. É erro do próprio INSS”, disse ao g1.
O benefício por incapacidade temporária, também conhecido como auxílio-doença, é voltado aos trabalhadores que contribuem mensalmente com a Previdência Social e que, devido a problemas de saúde, se encontram temporariamente incapacitados de retornar às suas atividades.
Laize Pereira de Araújo, de 51 anos, teve o benefício negado pelo INSS em Roraima.
Alessandro Leitão/Rede Amaqzônica
Em nota enviada para a Rede Amazônica, o INSS informou que “realmente aconteceu o equívoco”, pois no questionamento sobre se a segurada estava reclusa em sistema prisional, provavelmente deva ter marcado a opção “Sim”, e o sistema indeferiu a solicitação automaticamente.
“O que ocasionou o indeferimento automático via sistema. Já orientamos para que a Agência Rorainópolis faça novo protocolo de requerimento em nome da segurada”, explicou o Instituto.
O g1 também procurou o Instituto, mas não obteve resposta.
‘Nunca fui presa’
Na decisão, o INSS informou que o auxílio foi negado porque “o requerente estava preso em regime fechado na data da incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual”. Ou seja, Laize estaria presa quando fez a solicitação.
No entanto, de acordo com uma Certidão de Antecedentes Criminais, emitida pela Polícia Federal no dia 18 de fevereiro, Laize nunca foi presa.
“Isso num nunca procedeu na minha vida, nunca fui presa. Então, isso me deixou muito constrangida, eu me entristeci muito, fiquei muito constrangida, passei mal. Eu tomei remédio porque fiquei nervosa”, disse em entrevista à Rede Amazônica.
A suspensão foi informada por meio de notificação no aplicativo Meu INSS. Com isso, Laize procurou atendimento na unidade da capital Boa Vista, onde confirmou que o benefício havia sido suspenso.
De acordo com ela, a atendente afirmou que o motivo não aparecia no sistema e orientou que procurasse atendimento na unidade de Rorainópolis para fazer uma nova solicitação. Laize, no entanto, decidiu buscar os direitos na Justiça.
Um boletim de ocorrência pelo crime de difamação foi registrado no 1º Distrito Policial em Boa Vista, no dia 17 de fevereiro. O g1 procurou a Polícia Civil para saber se o caso é investigado e aguarda o retorno.
“Eu só quero que eles paguem por esse tipo de coisa que eles fizeram comigo, porque eu fiquei arrasada com essa situação, mexeu com o meu psicológico. Quando eu começo a conversar, eu fico nervosinha, as vezes até tropeço nas palavras. Isso é constrangedor para qualquer tipo de pessoa”, afirmou ela.
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