Em entrevista exclusiva ao g1, a promoter das estrelas e sócia do Nosso Camarote, fala sobre sua ligação com o carnaval, lembra do início da carreira, comenta sobre as novidades dos desfiles e as conquistas de sua vida de empresária de sucesso e mãe do Antônio, de 1 ano. Carol Sampaio, a favorita do Rio, completa 30 carnavais na Sapucaí
Promoter de eventos, empresária e uma das mulheres mais procuradas do Rio de Janeiro nessa época do ano, Carol Sampaio completa 30 carnavais na Marques de Sapucaí em 2025, local que frequenta desde os 12 anos. Foi no Sambódromo que Carol se casou e teve o último momento marcante com a mãe, Marly Sampaio, que morreu em junho de 2023.
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Em entrevista exclusiva ao g1, a carioca relembrou seu início de carreira, contou detalhes de sua trajetória, falou sobre as novidades dos desfiles e do Nosso Camarote para esse ano, além de revelar o segredo do sucesso de suas festas.
“A gente domina as listas como ninguém”, comentou sem falsa modéstia.
“Não é porque eu sou melhor ou pior. Mas são 25 anos fazendo isso. Você aprende, sabe como lidar, sabe qual a pessoa que você tem que fazer isso ou aquilo, a pessoa que você tem que mandar um carro, quem vem com acompanhante, quem vem com amiga, quem vai sozinha (…)”, explicou Carol.
Em relação ao Nosso Camarote, espaço que ela comanda desde 2018 e recebe mais de 20 mil pessoas durante os dias de desfiles na Sapucaí, Carol lembra que o importante é proporcionar uma experiência inesquecível, com bons shows, serviços e uma boa vista para assistir aos desfiles.
“Eu acho que a lista que a gente traz e a quantidade de pessoas que vem pra se divertir, que são pessoas que querem ser vistas, ao vivo e pela internet, eu acredito que seja o grande diferencial do Nosso Camarote”, comentou a promoter.
“O carnaval é uma grande mistura. O carnaval é isso, o Rio de Janeiro é isso e o Brasil é isso. A gente não pode fugir dessa mistura que a gente é”, analisou Carol.
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V. Rebel
Além do lado empresária, Carol também vibra por tudo que viveu nesses 30 anos de Avenida Sapucaí. Foi lá que ela construiu sua vida profissional, fez amigos e se casou. Também foi na Sapucaí que Carol teve seu último momento com sua mãe, Marly Sampaio, que morreu em junho de 2023.
“Pra falar da minha história, a Sapucaí se tornou pra mim um lugar que significa o maior amor da minha vida. Foi onde eu me casei, escolhi pra casar, onde eu vivi a última emoção ao lado da minha mãe. É um momento que eu nunca vou esquecer, nada tira isso da Sapucaí de mim. Ta marcado pra sempre ela me olhando, me vendo chegar no altar. E foi a última vez que a gente esteve grudada. Ensaio de gravidez com o Antônio (filho) eu fiz questão de fazer aqui”.
“Pra mim esse é o lugar que representa amor, alegria, entrega, tudo que o Rio de Janeiro é (…) Então eu acho que bater no peito pela Sapucaí é bater no peito pelo Rio. É isso que faz valer a pena”, se emociona Carol.
Paixão pelo carnaval sem influência familiar
Aos 12 anos de idade, no início de 1994, Carol só queria saber de praia, futebol e música. A pré-adolescente de Ipanema, na Zona Sul carioca, filha de Marly Sampaio, importante relações públicas e dona de um famoso restaurante na Lagoa, não tinha nenhuma ligação com o carnaval até aquele momento.
Tudo mudou quando Marly organizou uma feijoada da Escola de Samba Grande Rio em seu restaurante. No dia do evento, um convite para sua mãe acabou fazendo seu olhar curioso despertar para aquele mundo.
“Eu era uma criança e lembro que perguntaram pra minha mãe: ‘Você quer ir na Sapucaí, Marly?’ E eu logo falei: ‘Eu quero. Eu quero’. E ai com 12 anos foi o meu primeiro desfile. Sou apaixonada e vibro com a Grande Rio desde então. E fiquei apaixonada pelo carnaval”, relembrou Carol.
Carol Sampaio
Marcos Serra Lima/G1
“Fora da curva”, como ela mesmo se define, Carol não queria nem saber dos convites das amigas ou familiares para viajar no carnaval.
“Todas as minhas amigas queriam viajar no carnaval. Elas me chamavam pra viajar, pra esquiar, viajar com a família, e eu só contando os dias pra chegar na Sapucaí”, contou.
1° emprego na folia
Dos 12 aos 17 anos, Carol não faltou a nenhum carnaval. Nessa época, ela ainda cultivava o sonho de ser jogadora de futebol profissional e por pouco ela não teve um início de carreira nos Estados Unidos. Um problema no joelho e uma cirurgia impediram aquele sonho, mas impulsionaram a jovem ainda mais para o carnaval.
Representante da “juventude dourada”, grupo de jovens da Zona Sul que viviam nas melhores festas do Rio, Carol foi chamada para trabalhar na festa de lançamento de uma cerveja. E ela nem podia imaginar que aquela marca seria a porta de entrada para sua carreira como promoter.
“Durante a recuperação da cirurgia, minha mãe deu uma entrevista. Nessa época, ia lançar a cerveja Nova Schin. Eles queriam fazer um camarote na Sapucaí e viram a matéria com a minha mãe. Eles acharam que eu era o perfil para o que eles queriam. E me chamaram pra fazer o lançamento da cerveja em São Paulo”
“Achei o máximo. Minha mãe não gostou nada. E ainda tinha a inocência da adolescência, né. Eu achava que poderia chamar quem eu quisesse pra festa, todas as minhas amigas. Mas quando você vai trabalhar você descobre que não é isso. Eu descobri que eu tinha que chamar quem era interessante para a marca. Fiz a festa em São Paulo em setembro ou outubro e logo depois eles me ligaram avisando que eles seriam a cerveja oficial do carnaval do Rio e queriam que eu fizesse o camarote da Nova Schin na Sapucaí”, contou ao g1.
Após vencer a resistência da mãe, Carol se jogou de cabeça na nova função. E foi na marra que ela descobriu que a vida de promoter de grandes eventos não era só glamour.
“Eu aprendi que não era fácil. Quando eu vi, eu tava sem poder chamar minha melhor amiga, que não tinha o perfil. Eu não podia chamar minha tia, meu primo que a gente era inseparável. Então era muito louco, mas mesmo assim eu gostei do desafio. Fiz o primeiro ano, fiz o segundo e foi se tornando um grande amor. Até que eu decidi abrir minha empresa de eventos e focar só nisso”, disse Carol.
Status e sucesso nos camarotes
Com o sucesso das festas comandadas por Carol e o retorno de visibilidade para a empresa que apostou na jovem dourada carioca, o nome da promoter passou a ganhar muita força nesse mercado.
Maradona e Edmundo no camarote de uma cervejaria na Sapucaí em 1998
Reprodução TV Globo
Foi nesse cenário que a Ambev resolveu contratar Carol Sampaio para seu maior produto do carnaval, o badaladíssimo Camarote da Brahma. Nos anos 2000, o espaço era muito cobiçado por celebridades, artistas e atletas.
Nomes como Sabrina Sato, Ronaldo Fenômeno, Maradona, Zeca Pagodinho, Luiza Brunet, Rodrigo Santoro, Gisele Bündchen, Arnold Schwarzenegger, Paul Allen, Kevin Spacey e Madona foram alguns dos nomes que passaram pelo local, em muitos casos por vários anos. A lista de famosos é interminável. E quem no Rio é a rainha das listas? Carol Sampaio.
“Eu fui chamada pra atravessar a avenida e fazer o tão sonhado Camarote da Brahma. Estar nessa lista do Camarote da Brahma era o máximo. As pessoas te ofereciam o mundo”, revela Sampaio.
Apesar da pouca idade, ocupar esse espaço entre os famosos não era novidade para a promoter. Desde pequena, Carol convivia com nomes que depois viraram sucesso do esporte, da música e da dramaturgia.
“Eu já tava nesse meio, indiretamente. Eu tinha um lado naquela época que era muito forte que era ser da ‘juventude dourada’ do Rio de Janeiro. Então eu tinha uma mistura que era muito interessante para as marcas”, explicou.
Sonho do Nosso Camarote
A experiência com o camarote mais desejado do Rio de Janeiro durou até 2014, quando a empresa encerrou o camarote na Sapucaí e passou a realizar outras atividades relacionadas ao carnaval. Por alguns anos, Carol firmou parcerias pontuais, foi sócia em outros projetos na Sapucaí, mas faltava algo com a cara e o espírito da empresária.
Carol Sampaio no Nosso Camarote, na Sapucaí
Agnews
Em 2018, surgiu o Nosso Camarote. Um espaço que pretendia misturar o glamour e a visibilidade do Camarote da Brahma com a possibilidade de vender ingressos para quem estivesse disposto a pagar pela experiência A receita do sucesso contava com: serviços de alto padrão, shows concorridos e exclusividade.
“Eu acho que ter criado um camarote meu, depois de ter trabalhado tanto tempo, eu acho que foi um sonho realizado. Pra mim foi um grande marco, quando a Carol Sampaio promoter virou a Carol Sampaio empresária”, comemorou.
Às vésperas do primeiro carnaval com o Nosso Camarote, Carol lembrou que teve medo e precisou ser corajosa para não desistir. O investimento seria alto e não havia certeza de retorno imediato.
“É lógico que quando a gente cria isso a gente já desenha na nossa cabeça todas as marcas para colocar isso de pé. Mas eu acho que é sonho realizado. É bater no peito e falar: ‘eu consegui’, ‘olha o que eu fiz’. Quando eu olho a planilha a primeira vez: ‘Meu Pai do Céu’. ‘Compro um apartamento ou eu faço um carnaval?’ Eu escolhi fazer um carnaval”, relembrou Carol.
“Tem que ter muita coragem. Eu acho de verdade, principalmente mulher, coragem de falar: ‘não. não vou comprar um apartamento e vou fazer um carnaval. Olhar pra traz e ta aqui hoje me faz acreditar que eu consegui”, completou.
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Oito anos depois, após a passagem de centenas de artistas nacionais e internacionais, Carol celebra mais uma conquista. Esse ano, o Nosso Camarote vai trazer Ivete Sangalo para fechar o sábado das campeãs.
“Pra mim é uma grande conquista. Foram muitos meses de negociação, de conversa, de namoro, de insistência, delas acreditarem que esse camarote era o lugar que ela tinha que estar nas campeãs e deu certo. Agora é só contar os dias pra chegar”, celebrou.
Veja as atrações do Nosso Camarote em 2025:
28/02: Péricles; Belo
01/03: MC Kevin O Chris; Bonde Do Tigrão; Luísa Sonza
02/03: Nattan; Thiago Martins; Thiaguinho
03/03: Ludmilla, L7NNON
04/03: Ja Rule; Gloria Groove; Jorge Aragão; Os Garotin
08/03: Anitta, Ivete Sangalo
A grandeza do Nosso Camarote esse ano fica comprovada pelos números da festa. São 3,5 mil pessoas que compraram ingressos para cada um dos dias de festa. Ao todo, mais de 21 mil pessoas vão curtir o camarote de Carol Sampaio na Sapucaí, além de 550 trabalhadores de forma direta e indiretamente e 26 marcas ligadas ao evento.
Revolução do carnaval
Nos últimos anos o carnaval do Grupo Especial do Rio de Janeiro vem passando por uma série de mudanças de organização e de conceito.
Sapucaí vista do alto, durante desfile da Portela nesta segunda-feira
Fernando Maia/Riotur
Entre as novidades estão a utilização da luz cênica na avenida, o maior número de ensaios técnicos, maior valorização da competição, mais espaço para o esquenta das escolas e etc.
Contudo, a principal mudança chocou a “bolha do samba”, grupo formado por quem vive do carnaval o ano inteiro. A partir de 2025, o Grupo Especial terá um dia a mais de desfiles. Além das tradicionais apresentações no domingo e na segunda-feira, o público poderá acompanhar as principais escolas de samba também na terça-feira de folia.
Carol avalia as mudanças no carnaval como desafiadoras. Apesar das dificuldades, como a perda de patrocinadores devido a novas regras, ela acredita que as mudanças podem trazer mais conforto para as escolas de samba e tornar o Rio um destino cada vez mais procurado durante o carnaval.
“Sobre o dia a mais, no primeiro momento foi um frio na barriga porque você pensar que é mais um dia, mais um custo, mais atração: Socorro! Mas acho que as pessoas abraçaram”.
“Eu acho que o carnaval do Rio de Janeiro ta se tornando cada vez mais destino. Se a gente pensar uns anos atras, as pessoas viajavam mais, Salvador, fora do Brasil e voltavam para as campeãs. Era muito isso e hoje em dia não. A galera procura o Rio de Janeiro no carnaval como destino. Acho que a Sapucaí tem grande responsabilidade nisso”, finalizou Carol Sampaio.
