A principal atração do carnaval em Bonfim conta com 24 cavaleiros: 12 mouros, trajando vermelho, e 12 cristãos, trajando azul. Encontro de gerações marca primeiro dia do Carnaval a Cavalo de Bonfim
Douglas Magno
Bonfim, cidade com 7.434 habitantes. na Região Central de Minas Gerais, revive, há 185 anos, as batalhas entre mouros e cristãos. Este desfile, que reúne 24 cavaleiros, acontece durante o carnaval.
Em 2025, os cortejos serão realizados em três dias consecutivos: neste domingo (2), na segunda-feira (3) e na terça-feira (4), sempre a partir das 14h30.
A festa remonta as cavalhadas, celebração tradicional portuguesa, realizada no Brasil desde o século XVII. Em Bonfim, um padre, conhecido como Padre Chiquinho, introduziu o folguedo quando a cidade ainda era um vilarejo.
Os 24 cavaleiros, 12 “mouros”, trajando vermelho, e 12 “cristãos”, trajando azul, se “enfrentam” em um desfile colorido, marcado por batalhas de confete e serpentina.
Eles simulam as guerras que eram travadas na Península Ibérica, época da ocupação moura que durou oito séculos.
As amazonas
Nem sempre as mulheres puderam participar do Carnaval a Cavalo. A data com relação à participação delas é imprecisa, mas moradores e fotos são conta que a presença das amazonas se deu a partir da década de1980.
As fantasias
Confeccionadas em veludo e ricamente bordadas, as vestimentas dos cavaleiros e amazonas são preparadas meses antes do carnaval pelas bordadeiras de Bonfim, que se esmeram criando desenhos originais e muito bonitos.
O traje completo é composto por chapéu ou gorro, dominó, casaca, calça e cinto.
Carnaval a Cavalo de Bonfim simula batalha na Península Ibérica
Douglas Magno
Os animais
Os cavalos também são as estrelas da festa. Os animais utilizados durante o desfile são os mais bonitos da região.
Eles são adornados com arreios nobres e bolas coloridas de papel de crepom, além de mantas bordadas e um peitoral com guizos de bronze.
Para que não haja desgaste deles durante o desfile, os cavalos são trocados por outros descansados.
Cavaleiros e amazonas durante desfile de carnaval em Bonfim
Tiago Rafael Mendes de Lima Aguiar/Arquivo pessoal
O Bando
Realizado três domingos antes do Carnaval, O Bando é uma sátira ao Carnaval a Cavalo. Enquanto no tradicional folguedo as fantasias são luxuosas, no Bando os participantes vestem farrapos, outras roupas descoordenadas e muitas fantasias que satirizam momentos vividos no mundo.
Os cavalos do Carnaval a Cavalo são belos animais, enquanto no Bando são utilizados cavalos menos nobres, carroças ou mesmo a pé.
Mais recentemente, há a versão motorizada do Bando, utilizando motocicletas, carros, caminhões e tratores. Assim como no Carnaval a Cavalo, o desfile acontece na Praça da Matriz.
O Bando é uma brincadeira saudável que faz parte da história bonfinense e é tão aguardada quanto o Carnaval a Cavalo.
O Zé Pereira
O Zé Pereira é quem oficialmente abre o Carnaval de Bonfim. Caracterizado por um homem fantasiado com roupas muito largas, ele chega montado em um cavalo, puxado por outro homem fantasiado de mulher, a Generosa. Segundo a lenda local, havia nas últimas décadas do século XIX, um abastado fazendeiro chamado Zé Pereira.
Durante os dias de carnaval, Zé Pereira se mudava para a sede do município de Bonfim. No sábado de carnaval, ele adentrava a cidade pela Rua Nova, junto com a Generosa. O povo, quando via a chegada do Zé Pereira, seguia em seu encalço, cantando e aplaudindo, felizes, pois sabiam que quando chegava o Zé Pereira, o Carnaval começava.
A festa no século XXI
O Carnaval a Cavalo é a festa mais conhecida da cidade de Bonfim. A fama cresceu com o passar dos anos, e é o único Carnaval a Cavalodo país. Durante os três dias de festa, cavaleiros e amazonas desfilam na praça da Matriz trocando serpentinas com o público e fazendo suas evoluções.
Ao final do terceiro dia, cavaleiros e amazonas desmontam de seus animais e se unem ao público na famosa Batalha de Confetes, numa grande confraternização ao som de marchinhas.
Após a Batalha de Confetes, os cavaleiros e amazonas, retornam à praça, montados em seus cavalos, já sem as máscaras, com lenços brancos em mãos, se despedindo do público de maneira emocionada e prometendo voltar no ano seguinte para mais um belíssimo Carnaval a Cavalo.
Bonfim
A história de Bonfim tem origem na época dos bandeirantes, no século XVII. O português Manoel Teixeira Sobreira recebeu uma sesmaria correspondente a meia légua em 1735, dando origem ao povoado da Rocinha. Em1860, Bonfim é elevada à categoria de cidade.
Atualmente, a cidade tem 7.434 habitantes, de acordo com o Censo do IBGE de 2022. A principal atividade econômica é a agropecuária, sendo grande produtor de bucha vegetal e mandioca.
Depois do carnaval a cavalo, cavaleiros e amazonas ‘se enfrentam’ na batalha de confetes
Tiago Rafael Mendes de Lima Aguiar/Arquivo pessoal
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