
Excesso de plantas aquáticas dificulta navegação, coloca embarcações em risco e afeta produtores de peixe em Barra Bonita e região. Pesquisadores identificaram também que os aguapés estão afetando a qualidade da água no trecho do rio. Aguapés tomam conta do Rio Tietê e prejudicam turismo e pesca no interior de SP
TV TEM/Reprodução
Um extenso tapete verde se formou sobre o Rio Tietê, em Barra Bonita, no interior de São Paulo. Em alguns trechos, são cerca de seis quilômetros de aguapés – plantas aquáticas que estão prejudicando o turismo e economia na região.
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Mais de três mil turistas fazem passeios de barco todas as semanas, mas agora enfrentam dificuldades com o excesso de vegetação na água.
“Nos outros anos teve aguapés mais baixos, mas agora está muito alto. Até agora, nessas condições, não tivemos nada parecido”, afirma José Feliciano Filho, mecânico náutico.
O ponto alto do passeio é a eclusagem, quando as comportas se fecham e a câmara se enche de água para levar a embarcação a um nível mais alto do rio. No entanto, os aguapés se tornaram um obstáculo, transformando a paisagem: onde deveria haver água, há um matagal flutuante.
Aguapés tomam conta do Rio Tietê e prejudicam turismo e pesca no interior de SP
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As dificuldades vão além do turismo. Embarcações que tentam seguir viagem correm riscos. Algumas ficaram à deriva, enquanto outras quase naufragaram.
“Se a embarcação tenta cruzar uma região com muitos aguapés, eles podem ser aspirados pelo motor, enroscar no eixo ou no hélice, causando avarias e deixando o barco sem controle”, explica Renato Luis Kodel, capitão de fragata da Marinha.
Os prejuízos também afetam produtores de peixes. Em uma fazenda de piscicultura em Arealva (SP), os ventos arrastaram os aguapés para dentro dos tanques de tilápias.
Aguapés tomam conta do Rio Tietê e prejudicam turismo e pesca no interior de SP
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As cordas de proteção não foram suficientes para conter a vegetação. Com os tanques cobertos, os peixes param de se alimentar devido à falta de oxigênio, obrigando os produtores a remover as plantas ao menos duas vezes por semana.
A pesca também foi prejudicada. José Luiz Faria, pescador, viu sua renda cair 40% nas últimas semanas. “Pega muita sujeira no anzol e, dependendo do lugar, nem dá para sair com o barco. Tem dia que fecha tudo de aguapés, parece um campo de futebol”, relata.
Um grupo de trabalho foi formado por empresários, ONGs e pesquisadores identificou que os aguapés estão afetando a qualidade da água no interior do estado e reduzindo o volume do Rio Tietê. A diretora da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, explica que as recentes ondas de calor agravaram a situação.
“A ausência de sombras causa um aumento drástico da temperatura da água. O rio já está cheio de nutrientes, vindos de esgoto tratado e não tratado, além de fertilizantes agrícolas. Com o aquecimento, esses fatores aceleram a proliferação das plantas aquáticas”, alerta.
Calor provoca aumento de plantas aquáticas no rio Tietê, em SP
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