
Lisandra Aparecida da Silva, de 38 anos, foi encontrada morta em sua casa, no dia 4 de janeiro. Suspeito do crime é o ex-marido da vítima, que ainda não foi encontrado. Lisandra Aparecida da Silva, de 38 anos, foi encontrada morta em sua casa, no dia 4 de janeiro
Reprodução/Redes sociais
Mais de dois meses depois que Lisandra Aparecida da Silva, de 38 anos, foi encontrada morta dentro da casa onde morava, no bairro Taquari, área rural de Itapeva (SP), o suspeito de cometer o feminicídio, ex-marido dela, ainda não foi encontrado.
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Daniele Cristina de Lima Campos, irmã da vítima, diz que a família vai levar o luto para sempre: “Ela não vai voltar. Temos que nos acostumar com a falta, a saudade, o tempo perdido que poderíamos ter aproveitado mais.”
“Agora, nada e nem ninguém vai trazer ela de volta, porém queremos justiça! Que o assassino pague pelo que fez.”
Lisandra era a caçula de cinco filhos. Ela foi adotada pela família de Daniele quando ainda era bebê, e as duas tinham uma diferença de dois anos. “Eu quero me lembrar sempre dela com o sorriso no rosto, como ela era. Uma pessoa que não tinha tempo ruim, sempre disposta e de bem com a vida, sempre sorrindo”, reforça.
Lisandra vivia um relacionamento de quase 20 anos quando foi morta
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Relacionamento de quase 20 anos
Segundo Daniele, a irmã teve um relacionamento de quase duas décadas com o suspeito de cometer o crime. “Eles já estavam separados, mas ele não aceitava a separação. A Lisandra foi embora para Sorocaba (SP) e ele foi atrás, buscar ela, fez promessas falsas e trouxe ela de volta, trouxe para a morte. Tinham aproximadamente 20 anos de convivência”, conta.
Lisandra e o ex-marido ficaram separados por quase quatro meses, no início de 2024, quando a vítima decidiu dar uma segunda chance a ele. “Ela voltou para Itapeva com a fala que tinha arrumado um namorado, porém ninguém sabia quem era, até que um dia ela apareceu com ele. Os dois sempre trabalhando juntos para construir as coisas deles, então, ninguém percebia nada”, conta a irmã.
Daniele reforça que, depois que Lisandra saiu de Sorocaba para morar novamente em Itapeva, a situação mudou: “Ele ficou muito possessivo, vigiava ela o tempo todo, passou a ter um ciúme doentio, de tudo e de todos”.
O filho do casal, de 19 anos, mora com a família paterna e, segundo Daniele, já vivia longe dos pais devido à proximidade com o local onde trabalha, já que a casa onde a mãe e o pai moravam ficava na zona rural, um pouco mais distante da cidade.
Mesmo assim, Daniele afirma que Lisandra e o filho eram próximos: “Eram, sim! No Natal, eles passaram na casa da minha mãe, até parecia uma despedida”. O crime aconteceu poucos dias depois, no dia 1º de janeiro, e o corpo da vítima foi encontrado no dia 4.
“No dia 31 de dezembro, minha mãe ligou para ela e conversaram, ela estava indo para a igreja. No dia 1º de janeiro, minha mãe ligou por várias vezes, porém ela não atendeu e não iria atender mais, pois já estava morta. No dia 4, ela foi encontrada em estado de decomposição”, afirma a irmã.
‘Eu quero me lembrar sempre dela com o sorriso no rosto’, diz irmã de Lisandra, que foi morta no início de janeiro de 2025
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Conforme a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo, o caso está sob investigação na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Itapeva e a equipe da unidade segue com diligências para localizar o autor do crime e esclarecer todas as circunstâncias do ocorrido.
Na época, a polícia apurou que o casal havia discutido no dia anterior. No local, foram apreendidos um celular, uma caixa de celular e uma coleira. O caso foi registrado no plantão da Delegacia Seccional da cidade.
Lei de Feminicídio
No domingo (9), a lei que considera feminicídio como crime completou 10 anos desde que entrou em vigor. Em 2024, São Paulo atingiu um recorde histórico no número de feminicídios, com mais da metade dos casos sendo registrada no interior do estado.
Doutora em direito penal e especialista em violência de gênero, Alice Bianchini destaca a importância da Lei do Feminicídio, que reconhece e tipifica esse tipo de crime, tornando-o mais visível e passível de punições mais severas.
“O que não se mede não se muda. É por conta disso que é necessário nomear o fenômeno da violência contra a mulher. Ele tem características específicas: não se trata de um crime praticado na rua por um desconhecido.”
“Ao contrário, o lar não é um lugar seguro para a mulher brasileira, e quem está matando nossas mulheres são os homens próximos a elas e com quem, na maioria das vezes, possui filhos em comum”, afirma.
Segundo a doutora, o feminicídio no Brasil deu um passo importante ao ser reconhecido como um crime autônomo com a aprovação da Lei 14.994/24, conhecida como Pacote Antifeminicídio. A nova legislação busca fortalecer a punição e a prevenção desse tipo de violência, ampliando a proteção às vítimas.
Desde então, a pena foi aumentada no artigo 121-A para 20 a 40 anos, chegando à maior punição prevista no Código Penal Brasileiro, que considera até 40 anos o máximo para cumprimento de pena.
Quantidade registrada de mulheres assassinadas no interior de SP em 2024 chega a ser, também, mais que o dobro do valor em 2018
Matheus Arruda/g1
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