
Para baixar preço dos alimentos, governo zerou alíquotas de importação de produtos como carne, azeite, açúcar e café. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, deu entrevista para o programa da Miriam Leitão
Reprodução
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que a isenção de impostos sobre importação de alimentos pode ter um “efeito moral” no mercado interno, incentivando produtores brasileiros a destinarem mais oferta para o consumo interno, em vez de priorizar exportações.
A ministra deu entrevista para o programa da Miriam Leitão, na GloboNews, que vai ao ar às 23h30 desta quarta.
“Embora se fale muito que ‘nós somos exportadores’, há um efeito meio que moral. Se está isenta a importação de carne, ao invés de exportar tanto, eu passo um pouco para o mercado nacional para evitar que o produto venha de fora.”
A declaração foi feita no contexto das medidas do governo para reduzir o preço dos alimentos, que incluem a zeragem das alíquotas de importação de produtos como carne, azeite, açúcar e café. A expectativa é que a concorrência com produtos estrangeiros ajude a segurar os preços no Brasil.
Apesar disso, especialistas alertam que o impacto dessas medidas pode ser limitado, uma vez que muitos alimentos seguem preços internacionais e a competitividade depende de diversos fatores, como logística e custos de produção.
Crítica à comunicação do governo
Tebet também criticou a forma como o governo tem comunicado suas ações e afirmou que é preciso melhorar a estratégia para dialogar melhor com a sociedade.
“O governo está errando na comunicação. Começou a dar passos positivos no sentido certo, mas está errando na forma e no conteúdo.”
Ela defendeu que o governo enfrente debates difíceis de forma mais clara e eficiente:
“Nós temos que ter a coragem de enfrentar temas espinhosos, mas que dialogam com a sociedade e precisam ser enfrentados.”
A comunicação do governo tem sido alvo de críticas internas e externas, especialmente no momento em que enfrenta desafios para conter a inflação dos alimentos e manter a popularidade do presidente Lula.
Integração sul-americana
A ministra também destacou a importância de fortalecer a integração comercial da América do Sul, em um cenário global onde grandes economias priorizam o comércio regional.
“O mundo está diferente, mudou nos últimos quatro anos. O maior parceiro comercial do Brasil é a China, mas precisamos mirar mais nos países asiáticos de modo geral.”
Ela afirmou que o Brasil precisa tirar do papel projetos de integração econômica na América do Sul, como uma alternativa para fortalecer o comércio regional.
“Enquanto a América do Norte comercializa entre si 40% do comércio antes de buscar produtos de fora, na América do Sul esse percentual é de apenas 15%. Temos 200 milhões de sul-americanos que são potenciais consumidores e precisamos aproveitar isso.”
Segundo Tebet, essa integração regional “está pronta para sair do papel”, e pode representar um novo ciclo de crescimento para a economia brasileira e seus vizinhos.