Fed mantém juros dos EUA na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, de olho no efeito Trump


Essa é a segunda decisão seguida em que o BC norte-americano mantém as taxas inalteradas. Postura mais cautelosa reflete cenário de incertezas com o novo governo. Prédio do Federal Reserve dos EUA em Washington, EUA (maio/2020)
Kevin Lamarque / Reuters
O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, manteve as taxas de juros do país inalteradas na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. A decisão, anunciada nesta quarta-feira (19), veio em linha com as expectativas do mercado financeiro.
Essa foi a segunda reunião seguida em que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) optou por não alterar o referencial de juros. Em janeiro, o colegiado citou a perspectiva econômica “incerta” e a atenção a riscos ao justificar sua posição.
As decisões sobre as taxas de juros nos EUA geram efeitos no Brasil. Quando as taxas permanecem elevadas, há maior pressão para que a Selic, a taxa básica de juros brasileira, também permaneça alta por mais tempo. Além disso, há impactos no câmbio. (entenda mais abaixo)

O anúncio desta quarta-feira foi o segundo desde que Donald Trump tomou posse como 47º presidente dos EUA, em 20 de janeiro. O cenário, porém, ficou mais adverso de lá para cá, diante da guerra tarifária promovida pelo republicano.
Economistas e agentes do mercado têm feito uma série de alertas sobre os impactos nos EUA das taxas aplicadas a outros países — em especial, contra os principais parceiros comerciais dos norte-americanos. Algumas tarifas estão em vigor. Outras, suspensas. Leia aqui.
Apesar de o objetivo central de Trump ser priorizar a indústria nacional, a cobrança de taxas sobre a importação de produtos encarece o custo de itens produzidos dentro dos EUA, o que tem potencial para elevar a inflação.
Além disso, a incerteza diante do vaivém tarifário e das ameaças do republicano tem prejudicado a confiança dos consumidores, levantando temores de que a maior economia do mundo possa passar por um período de esfriamento econômico — ou, em cenários mais pessimistas, por uma recessão.
Reflexos no Brasil
Juros elevados nos EUA aumentam o rendimento das Treasuries, os títulos públicos americanos.
Como são considerados os produtos de investimento mais seguros do mundo, as Treasuries com rentabilidades mais altas atraem investidores estrangeiros, que encaminham seus recursos para os EUA e dão força para o dólar.
Em outra perspectiva: o movimento tende a reduzir o volume de investimentos estrangeiros no Brasil, desvalorizando o real em relação à moeda norte-americana.
Além disso, dólar em nível elevado aumenta a pressão sobre a inflação por aqui, com reflexos no ciclo de alta de juros que o Copom tem aplicado.
Choque de juros e o que esperar de 2025

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