
Estresse, clima e doenças estão entre os fatores que podem alterar as cascas dos ovos. Meia-lua, redondo: entenda por que alguns ovos de galinha fogem do formato comum
Edmar Rocha/Fabiana Parreira
Depois do ovo meia-lua botado por uma galinha em um sítio de Fama (MG), uma consumidora de Pouso Alegre (MG) se surpreendeu ao encontrar um ovo redondo como bola de pingue-pongue em meio a uma dúzia comprada no supermercado. Embora incomum, a variação de formatos pode acontecer por diferentes razões e, segundo especialistas, não altera a qualidade.
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Ainda que o formato oval seja o padrão e o mais comum entre os ovos de galinha, alterações consideradas raras podem acontecer. Essas deformidades despertam curiosidade, mas são explicadas por fatores naturais relacionados à saúde das aves, ao ambiente e ao manejo, por exemplo.
Entre as variações estão os ovos redondos, alongados e estreitos (geralmente sem gema) e os que apresentam formato de meia-lua — também chamado de “escorpião” e “croissant”.
“É muito raro o ovo ser redondo perfeito. Não há estatísticas e nem cálculo de probabilidade deste evento ocorrer”, explica João Dionísio Henn, analista da área de Transferência de Tecnologia da Embrapa Suínos e Aves.
O que causa essa mudança de formato?
Diversos fatores podem influenciar a formação atípica dos ovos: condições ambientais extremas, situações de estresse, doenças, nutrição inadequadas, manejo incorreto e idade das aves.
“Picos de calor, como estes que ocorreram em várias regiões do Brasil no início deste ano, podem ser fator de risco. Outras fontes de estresse podem desencadear alterações fisiológicas e hormonais, resultando em mudanças no formato típico do ovo de galinha. Briga entre galinhas, a entrada ou aproximação de um animal estranho no aviário, barulho alto, alterações severas nas condições do tempo local”, exemplifica o analista da Embrapa.
Além disso, a idade das aves também pode influenciar na qualidade e no formato da casca.
“Aves jovens, no início da produção, tendem a apresentar maior porcentagem de ovos com defeitos de casca, assim como as aves mais velhas, no fim da produção”, destaca Breno Henrique Destefani de Paula, avicultor de Varginha (MG) e mestrando em Reprodução, Sanidade e Bem-Estar Animal.
Destaque g1: galinha bota ovo em formato de meia-lua em sítio, em Fama, no Sul de Minas
Ovos diferentes, mas seguros para consumo
Apesar da aparência inusitada, esses ovos continuam sendo seguros para o consumo, desde que a casca esteja íntegra, sem fissuras ou trincas. Isso é essencial para que a casca desempenhe sua função de embalagem natural de forma eficiente.
“Se for de tamanho normal (algo entre 50 a 70 gramas), é esperado que este ovo contenha a gema, a clara, a câmara de ar e a casca semelhantes ao ovo de formato normal, ou seja, igual ao ovo de formato normal. Se o ovo for menor, pode ser que esteja sem a gema, o que também não inviabiliza o seu consumo”, explica Henn.
Até chegar ao consumidor, os ovos de produção comercial geralmente passam por uma triagem para filtrar apenas os que atendem aos padrões sanitários sejam comercializados.
“Na granja avícola, os ovos produzidos são classificados por peso e avaliados em relação à integridade (ovoscopia) e limpeza da casca. Somente serão comercializados os ovos limpos e com a casca íntegra, além de atender a todos os demais requisitos e da inspeção sanitária dos ovos”, completou o analista.
Ovos
Valdinei Malaguti/EPTV
Para garantir a qualidade, o especialista da Embrapa recomenda que os consumidores sempre verifiquem as informações do rótulo, a data de validade e a aparência dos ovos antes de comprá-los e consumi-los.
No caso de encontrar ovos com formatos ou características incomuns, como deformidades ou alterações no tamanho e na cor da casca, a recomendação aos produtores é buscar orientação veterinária.
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