Especialista explica fortes chuvas registradas em Santarém e região


A população deve ficar atenta, pois a rápida variação climática pode trazer novas surpresas nos próximos meses. Ônibus tentando vencer a enxurrada no Santarenzinho; na segunda imagem, avenida Dom Frederico Costa coberta por água da chuva
Reprodução / Redes sociais
As intensas chuvas que atingem Santarém e toda a região oeste do Pará nos últimos dias, causando alagamentos e transtornos à população, já eram previstas, mas surpreenderam em intensidade e abrangência. Segundo o meteorologista e professor da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Alex Santos, o fenômeno está diretamente relacionado às variações climáticas globais, especialmente à influência dos oceanos Atlântico e Pacífico.
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Atualmente, Santarém e cidades próximas enfrentam um período de transição climática, com eventos de chuva intensos, mas dentro da média esperada para essa época do ano. Ainda assim, a população deve ficar atenta, pois a rápida variação climática pode trazer novas surpresas nos próximos meses.
De acordo com o especialista, os oceanos funcionam como grandes reguladores térmicos do planeta. Mudanças na temperatura da superfície do mar afetam diretamente o regime de chuvas na região. Nos últimos anos, o fenômeno El Niño predominou, caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas do Pacífico. Isso resultou em uma redução do volume de chuvas em Santarém e municípios vizinhos.
“No período de 2023 e 2024, tivemos o El Niño, que reduziu as chuvas na região. Já este ano começamos sob influência do La Niña, que é o resfriamento das águas do Pacífico, favorecendo maior formação de nuvens de chuva. No entanto, esse fenômeno não se estabeleceu de forma intensa e perdeu força no final do mês passado”, explicou Santos.
Ainda segundo o meteorologista, o clima está entrando em um período de neutralidade, com tendência de retorno para um El Niño fraco.
“Essas chuvas estão dentro da média para o período, já que março e abril costumam ser os meses mais chuvosos. Porém, a velocidade e a intensidade com que essa chuva se formou foram atípicas”, destacou.
O professor da Ufopa aponta que a sequência de dias quentes contribuiu para a formação das tempestades.
“Foram três dias consecutivos de radiação muito intensa na região, o que favoreceu a ascensão do ar e uma maior dinâmica na atmosfera, resultando em formações de nuvens carregadas, capazes de produzir chuvas torrenciais.”
Essa condição meteorológica levou à ocorrência de temporais repentinos, acompanhados de fortes ventos e trovoadas, que causaram alagamentos em diversos pontos da cidade e impactaram o cotidiano da população.
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El Niño x La Niña: Qual a diferença?
Para entender melhor as variações climáticas, Alex Santos explicou as diferenças entre El Niño e La Niña.
El Niño
Ocorre quando há um aquecimento anômalo das águas do oceano Pacífico, aumentando a evaporação e deslocando as chuvas para outras regiões. No oeste do Pará, esse fenômeno geralmente reduz as precipitações.
La Niña
É o resfriamento das águas do Pacífico, o que favorece maior formação de nuvens carregadas e, consequentemente, chuvas mais intensas na região amazônica.
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