
Pesquisadores indicam que baixo estoque de milho no Brasil e demanda aquecida pressionam valores do cereal, que alcançaram R$ 90 a saca em março. Valor médio do milho comercializado na praça paulista atingiu a casa dos R$ 90 a saca de 60 quilos
Reuters via BBC
A alta no preço do milho, um dos principais insumos usados na produção de carne de porco, têm preocupado o setor suinícola nacional em relação à rentabilidade e custos da atividade, apontam levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) do campus da Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba (SP). Neste cenário de valorização do cereal, as cotações do suíno vivo apresentam queda.
📉Segundo a equipe de Grãos do Cepea, o impulso nos preços do cereal vem dos baixos estoques de milho e da demanda aquecida. Nesta semana, o valor médio do cereal comercializado no estado de São Paulo atingiu a casa dos R$ 90 a saca de 60 quilos de milho.
“O patamar nominal não era verificado desde abril de 2022”, aponta o Indicador Esalq/BM&FBovespa.
As cotações parciais deste ano, até o último dia 18 de março, demonstram que o cereal negociado na região de Campinas (SP) subiu cerca de 24% no interior de São Paulo, especialmente na praça de Campinas (SP).
Preço do suíno em queda
Já os preços do suíno vivo estão em queda, refletindo, segundo o Centro de Pesquisas, a oferta de animais superior à demanda de frigoríficos por novos lotes.
📉No posto de São Paulo, o preço recebido pelo produtor à vista é de R$ 8,46 nesta quinta-feira (19). O valor equivale a uma variação negativa de 7,64%.
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Perda de competitividade
Com alta nas cotações, a competitividade da carne de porco caiu na comparação com as cotações de boi e de frango, principais concorrentes, em fevereiro de 2025, segundo levantamento do Cepea.
“No atacado da Grande São Paulo, os preços da proteína suinícola subiram mais que os da avícola. No sentido oposto, a carcaça bovina se desvalorizou no período”, aponta a pesquisa.
‘Compra do Mês’: em um ano, preço da carne de porco tem alta de 32,84%
📉Em fevereiro, o preço da carcaça suína registrou elevação de 10,8% na comparação com janeiro, passando para R$ 13,20 o quilo. Pesquisadores do setor ressaltam o preço médio pago pela proteína seguiu avançando mesmo diante de um cenário de demanda menor.
🌽A oferta recorde de carne de boi no mercado doméstico, o aumento do preço dos insumos na avicultura, especialmente o do milho e, como consequência, a queda no poder de compra do produtor, explicam essa queda na competitividade.
Em fevereiro, o preço da carcaça suína registrou elevação de 10,8% na comparação com janeiro, passando para R$ 13,20 o quilo.
Arquivo Secom
Fevereiro
O levantamento do Cepea indica o poder de compra de produtores paulistas frente ao milho caiu em fevereiro.
Conforme o Cepea, o Indicador do milho Esalq/BM&FBovespa, em Campinas (SP), teve média de R$ 80,76 a saca de 60 quilos em fevereiro. “Uma elevação de 8,9% frente à de janeiro”, apontam os pesquisadores do setor.
“Além da maior presença de compradores no spot, dificuldades logísticas e os baixos estoques domésticos explicam os aumentos das cotações do cereal”, completam.
🐔No mercado de frango, colaboradores do Cepea relataram enfraquecimento na demanda por lotes de animais em alguns períodos do mês, o que pressionou as cotações no balanço mensal. Na média das regiões de São Paulo, o frango foi negociado a R$ 5,37 o quilo em fevereiro, queda de 2,4% em relação a janeiro.
Oferta recorde de carne bovina
A disponibilidade interna de carne bovina no início deste ano foi recorde. Segundo estimativas realizadas pelo Cepea, a soma de janeiro e fevereiro pode ter superado em 10% o volume do primeiro bimestre de 2024 e em 38% o de dois anos atrás.
Pesquisadores do Cepea destacam que, mesmo com toda a quantidade a mais, resultante do aumento da produção, o preço médio da carcaça com osso no atacado da Grande São Paulo esteve 25% maior que no começo do ano passado – valor deflacionado pelo IGP-DI.
Preços da carne suína aumentam em fevereiro
Reprodução/TV TEM
O preço do boi gordo (Indicador Cepea/Esalq, estado de São Paulo), no mesmo comparativo, avançou 23%. As exportações também evoluíram.
No comparativo de bimestres, considerando-se estimativa do Cepea para parte de fevereiro/25, o volume sobe por volta de 6% sobre o começo de 2024 e 33% sobre o início de 2023.
“Esses números mostram, simultaneamente, a força produtiva da pecuária nacional e a resiliência da carne bovina no cardápio do brasileiro, explicada em boa parte pela baixa taxa de desemprego”, aponta o Cepea.
Em janeiro, especificamente, a disponibilidade interna de carne bovina atingiu o máximo histórico, segundo cálculos do Cepea.
“Estima-se diminuição de quase 9% em fevereiro em comparação a janeiro, justificada pela redução dos abates no mês. Em relação a um ano atrás, no entanto, o Cepea projeta crescimento de cerca de 7%”, apontam informações do boletim mais atualizado.
Queimadas influenciam na produção pecuária
Juliana Sussai/Embrapa
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