
Em diversos bairros e municípios, serviço de internet se tornou monopólio lucrativo para os criminosos. Moradores de Brás de Pina e de Realengo denunciam ação do tráfico em corte de sinal de internet
Moradores de Brás de Pina, Zona Norte do Rio, e de Realengo, Zona Oeste, denunciam que criminosos estão tentando tomar o controle da exploração de internet desses bairros. No domingo (23), o g1 mostrou que traficantes e milicianos tentam controlar serviços de banda larga e transporte para aumentar domínio fora das comunidades.
Testemunhas contam que bandidos estão arrebentando os cabos instalados em bairros de Brás de Pina e Realengo para depois obrigar os moradores a pagarem por serviços clandestinos.
No sub-bairro Jardim Novo, em Realengo, moradores relatam que bandidos estão destruindo as redes de internet e cobrando uma taxa das empresas para autorizar o reparo.
Famílias estão sem internet desde sexta-feira (21) e sem previsão de reparo.
Moradores de regiões do Rio de Janeiro ficam sem internet por ação de criminosos
Reprodução/ TV Globo
Já em Brás de Pina, há dias clientes estão enfrentando a mesma situação. Traficantes da região estão cortando cabos de telefonia e internet, obrigando os moradores a contratarem os serviços clandestinos que eles mesmos oferecem.
“Sou morador da rua Dolores Duran, que fica em Brás de Pina. Desde o dia 19 de março, nós estamos sem internet. Os cabos foram cortados; e a gente não tem nenhum retorno das operadoras. Nós estamos sendo obrigados a fechar com internet, possivelmente, do tráfico. É a única internet que está funcionando”, diz uma pessoa que mora em Brás de Pina, que completa:
“Nós ficamos de mãos atadas. Eles, sempre, alegam problema de segurança pública. Não é dentro de comunidade. Nós estamos sendo pressionados a ter que passar por essa situação por omissão do Estado, né?”
Moradores contam que, há cartazes e propagandas desses serviços que ficam expostos em postes do bairro.
“Prejuízo direto a milhões de consumidores”, diz sindicato
Em nota, o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel, Celular e Pessoal (Conexis) disse que “o furto, roubo, vandalismo e também a receptação de cabos e equipamentos causam prejuízo direto a milhões de consumidores todos os anos, que ficam sem acesso a serviços de utilidade pública como polícia, bombeiros e emergências médicas”.
Ainda segundo a Conexis, “além do roubo e vandalismo de cabos, geradores, baterias, entre outros equipamentos, as equipes das prestadoras são proibidas de fazer a manutenção de equipamentos. O setor de telecomunicações defende uma ação coordenada de segurança pública envolvendo o judiciário, o legislativo e o executivo, que aumentem a punição para esses crimes e ajudem a combater essas ações criminosas”.
A Polícia Militar disse que não foi acionada para as denúncias.
A Polícia Civil informou que realiza ações diárias e contínuas para combater o furto de cabos e materiais metálicos. Ainda segundo a instituição, desde setembro de 2024, somente a Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) fiscalizou mais de 100 ferros-velhos no estado do Rio de Janeiro e, em quase 90% deles, os responsáveis foram autuados em flagrante. Neste mesmo período, mais de 8 toneladas de fios de cobre e materiais metálicos foram apreendidas pela especializada.