Raquel, protagonista da novela vivida por Regina Duarte, influenciou cubanos na década de 90. Nova versão estreou na Globo nesta segunda-feira com Taís Araújo no papel. Restaurante Paladar da novela ‘Vale Tudo’
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A exibição no Brasil da versão original de “Vale Tudo” terminou no dia 07 de janeiro de 1989. Mas o sucesso da produção atravessou as fronteiras e foi exibida em mais de 30 países. Em Cuba, “Vale Todo”, como foi chamada, marcou a vida dos moradores. A novela teve um impacto tão grande que influenciou até na economia do país.
A TV cubana transmitiu a novela no começo da década de 1990. Na época, o país vivia uma crise econômica devido ao colapso da União Soviética, seu principal aliado e fonte de subsídio. Para tentar minimizar, o governo cubano deu autorização para que alguns estabelecimentos comerciais privados funcionassem – o que até então era proibido.
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E qual a relação da Raquel com Cuba?
Raquel (Regina Duarte) vendendo sanduíche na praia
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Na história da novela, a personagem vivida por Regina Duarte consegue vencer na vida como empreendedora. Ela começa vendendo sanduíches na praia até se tornar uma grande empresária do ramo gastronômico e ter uma cadeia de restaurantes, chamada Paladar.
De acordo com Félix A. Correa Álvarez e Jordanis Guzmán Rodríguez, no artigo “Novelas brasileiras: setenta anos contando histórias”, a personagem serviu como a inspiração para os cubanos. “Em tempos de alta pressão econômica produzida pelo período especial, a novela deu um rumo ao empresário cubano e legitimou para sempre uma forma de fazer negócios”.
E assim os pequenos estabelecimentos receberam o nome de Paladar. Entretanto, algumas limitações eram impostas: não podiam ter mais de 12 cadeiras, deveriam pagar uma taxa ao governo, os empregados deveriam ser membros da família e a venda de carne vermelha e de lagosta era proibida.
Regina Duarte e o diretor Daniel Filho ao lado de Fidel Castro em Cuba. Eles foram convidados por conta do sucesso da série Malu Mulher
Acervo pessoal
História do tipo Cinderela
Anya Von Bremzen, autora do livro “Paladares: Recipes from the Private Restaurants, Home Kitchens, and Streets”, explicou como a popularidade da novela influenciou os telespectadores a abrirem seus próprios negócios.
“O período especial em que a União Soviética os abandonou, e isso levou a um colapso econômico total. Durante uma época em que eles estavam literalmente tomando água com açúcar no jantar, eles estavam assistindo a uma telenovela brasileira sobre uma garota que começa a vender sanduíches na Praia de Copacabana. É uma história do tipo Cinderela, da miséria à riqueza. Tornou-se extremamente popular. E então Castro, porque a situação era tão sombria, permitiu alguma medida de iniciativa privada e isso também se estendeu a restaurantes privados — os primeiros paladares”.
De acordo com dados divulgados em 1995, mais de 1200 “Paladares” funcionavam em Havana. Em 2010, Raúl Castro decidiu abrir as portas novamente ao trabalho privado e foram emitidas mais licenças, além de derrubar várias restrições aos paladares. Os restaurantes residencias começaram a poder vender carne vermelha e lagosta, produtos considerados de luxo na ilha, foram autorizados a ter até 50 cadeiras e empregados que não fossem familiares.
Paladares hoje
Atualmente, existem dois estilos de Paladar: aqueles que preservaram as características tradicionais, permitindo que os visitantes desfrutem de suas refeições na sala de estar, no terraço ou na varanda; e aqueles que se expandiram e adquiriram um aspecto mais semelhante ao de restaurantes.
Entre os diversos Paladares de sucesso, destacam-se dois em particular. La Guarida, famoso por ter sido cenário do filme indicado ao Oscar “Fresa y Chocolate”, também recebeu visitas ilustres como a cantora Madonna e a rainha da Espanha, Sofía. Já o Doña Eutimia, que figura entre os cem melhores restaurantes da ilha.
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Vídeo: a festa de lançamento de ‘Vale tudo’
Globo faz festa no Copacabana Palace para lançar Vale Tudo
