
Supremo determinou a criação de uma equipe exclusiva e permanente na PF para produção de inteligência sobre facções e suas conexões com agentes públicos. Julgamento sobre ações da polícia em favelas do Rio
Antonio Augusto/STF
Delegados e agentes da Polícia Federal afirmaram, em nota, que a Superintendência no Rio de Janeiro não tem estrutura para ampliar o combate ao crime organizado como decidido pelo Supremo Tribunal Federal. Em off ao blog, policiais que trabalham no Rio reclamaram da falta de pessoal e de estrutura que, segundo eles, já existe há anos.
➡️ Na semana passada, o STF aprovou uma série de medidas estruturais voltadas ao combate à letalidade policial e ao crime organizado no Rio de Janeiro. Entre elas, determinou à Polícia Federal a instauração de um inquérito específico para apurar crimes de organizações criminosas no Rio com repercussão interestadual e internacional, incluindo violações de direitos humanos.
➡️A decisão ordena ainda a criação de uma equipe exclusiva e permanente na PF para produção de inteligência sobre facções e suas conexões com agentes públicos.
No entanto, os sindicatos dos delegados da Polícia Federal e dos agentes dizem que não é possível com a atual estrutura.
Em nota, os sindicatos dizem que vêm “manifestar seu apoio à decisão e observar a imperiosa necessidade de incremento da capacidade operacional da Polícia Federal no Rio de Janeiro”.
Ao blog, Antônio Ordacgy, presidente do Sindicato dos delegados da Polícia Federal, disse que a PF do Rio tem dificuldade até de trazer outros policiais para o estado, por causa do alto custo de vida e da falta de condições estruturais.
“Os policiais aqui lotados estão sobrecarregados e os casos de falta de saúde mental tem se agravado. Infelizmente, a PF hoje ostenta um crescimento nos casos de suicídio, incluindo o RJ. Os policiais acabam preferindo trabalhar em outras unidades da federação, como nos estados do Sul e do Nordeste”, disse Ordacgy.
Veja a nota na íntegra:
Nota pública – participação da Polícia Federal na “ADPF das favelas”e a situação dos policiais federais no Rio de Janeiro
“Os Sindicatos representantes dos Policiais Federais do Estado do Rio de Janeiro vêm a público, em atenção à recente decisão do Supremo Tribunal Federal no contexto da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n.º 635 (ADPF das Favelas) – a qual determina a participação da Polícia Federal nas operações de segurança pública realizadas no Estado do Rio de Janeiro, especialmente na repressão à atividade criminosa estruturada e às milícias – manifestar seu apoio à decisão e observar a imperiosa necessidade de incremento da capacidade operacional da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
A medida exige ações estruturais e administrativas do Governo Federal, incluindo o estado do Rio de Janeiro como Unidade de Lotação Estratégica da Polícia Federal, concedendo o tratamento idêntico ao das unidades em regiões de fronteira, de modo a permitir a alocação de recursos humanos, logísticos e tecnológicos compatíveis com o nível de complexidade e periculosidade das missões executadas neste estado.
Destacamos que, recentemente, a Administração da Polícia Federal já realizou recrutamento de policiais federais para atuação no Rio de Janeiro e houve casos de não preenchimento de todas as vagas disponíveis, reflexo das adversas condições de trabalho no Estado.
Diante desse cenário, os Sindicatos subscritores reafirmam seu compromisso com a legalidade e com o enfrentamento da criminalidade, mas alertam que não haverá efetividade nem continuidade nas ações de segurança pública sem que haja a devida valorização, proteção e capacitação dos profissionais que as executam.
É imperioso e urgente que o Ministério da Justiça e a Direção Geral da Polícia Federal trate os policiais do Rio de Janeiro com a prioridade estratégica que ele representa para a segurança nacional.”